quarta-feira, 12 de julho de 2023

Crítica – Noites Alienígenas

 

Análise Crítica – Noites Alienígenas

Review – Noites Alienígenas
O Brasil é um país tão grande que nós mesmos não temos pleno conhecimento de como é a vida em certas regiões distantes de onde vivemos. O cinema brasileiro, a despeito de seus esforços em promover a diversidade de uns tempos para cá ainda tem sua produção muito focada no sudeste. Por isso é instigante quando encontramos produções de outros lugares do Brasil, principalmente daqueles sub representados no meio audiovisual como o caso do estado do Acre retratado neste Noites Alienígenas.

A trama acompanha três amigos de infância que cresceram na periferia de Rio Branco, capital do Acre, Rivelino (Gabriel Knox), Sandra (Gleici Damasceno) e Paulo (Adanilo Reis). Sandra e Paulo têm um filho pequeno juntos e enfrentam dificuldades por conta da dependência química de Paulo. Rivelino trabalha para o excêntrico traficante Alê (Chico Diaz), que tem um certo código de ética de como operar no local. A relação entre Rivelino e Alê começa a desandar quando o jovem passa a discordar de certos princípios do chefe e passa a se envolver com facções criminosas do sudeste recém chegadas no Acre e que visam tomar o território de Alê. Sandra luta para sustentar o filho e tocar a vida enquanto Paulo tenta resolver suas dívidas com diferentes facções do tráfico.

terça-feira, 11 de julho de 2023

Crítica – O Pacto

 

Análise Crítica – O Pacto

Review – O Pacto
Guy Richie é um diretor conhecido pelo seu estilo visual marcante em produções como Snatch: Porcos e Diamantes (2000) e mesmo suas realizações menos sucedidas como o fraco Rei Arthur: A Lenda da Espada (2017) exibem a energia visual do diretor. Talvez seja por isso que O Pacto seja tão surpreendente no sentido que não traz praticamente nada do cinema de Richie e poderia ter sido dirigido por qualquer operário padrão da indústria, talvez por isso o título original (Guy Richie’s The Covenant) já traga consigo o nome do diretor porque de outro modo não seria possível identificar a presença dele no filme.

A narrativa acompanha a história ficcional do soldado John Kinley (Jake Gyllenhaal). Servindo na guerra do Afeganistão, Kinley é ferido em uma emboscada, perde todo seu pelotão e é salvo pelo tradutor afegão Ahmed (Dar Salim), que o transporta por mais de 100 quilômetros em território talibã. Kinley volta aos Estados Unidos, mas Ahmed não recebe a prometida extração do país e visto estadunidense. Com um senso de dívida e descrente na burocracia das forças armadas, Kinley decide voltar ao Afeganistão e financiar do próprio bolso a retirada de Ahmed e família do país.

segunda-feira, 10 de julho de 2023

Crítica – Missão Impossível: Acerto de Contas Parte 1

 

Análise Crítica – Missão Impossível: Acerto de Contas Parte 1

Review – Missão Impossível: Acerto de Contas Parte 1
Não esperava que o ótimo Missão Impossível: Efeito Fallout (2018) pudesse ser superado tão cedo, mas o astro e produtor Tom Cruise entregou exatamente isso com o excelente Missão Impossível: Acerto de Contas Parte 1 ao levar o agente Ethan Hunt ao extremo tanto em termos de ação quanto na construção do suspense e dos conflitos para seus personagens.

A trama começa quando um exercício militar russo com um submarino furtivo dá errado e todos à bordo morrem. O incidente chama atenção das comunidades de inteligência ao redor do mundo que creem que a IA bélica que guiava os sistemas do submarino se tornou consciente e está se espalhando pelo ciberespaço, sabotando governos ao redor do mundo e se autodenominando como a Entidade. A única maneira de detê-la parece ser um conjunto de chaves que Ethan (Tom Cruise) fica incumbido de achar. Ao descobrir que o governo quer controlar a IA ao invés de destruir, Ethan e sua equipe decidem agir por conta própria, ficando na mira do governo e também do misterioso Gabriel (Esai Morales), que age como um arauto da Entidade no mundo real e tem uma ligação passada com Ethan.

sexta-feira, 7 de julho de 2023

Crítica – Final Fantasy XVI

 

Análise Crítica – Final Fantasy XVI

Review - Final Fantasy XVI
Depois do desenvolvimento conturbado de Final Fantasy XV e de seu lançamento meio que incompleto, com muitos elementos importantes da história sendo contados em DLCs posteriores, a impressão é que a Square Enix queria evitar todos esses problemas em Final Fantasy XVI. O jogo sai do ambiente mais tecnológico do anterior e retorna a uma ambientação de fantasia mais tradicional, focando em narrativa e em combate. Comandado por Yoshi P, o responsável por reerguer Final Fantasy XIV com A Realm Reborn, Final Fantasy XVI teve um desenvolvimento menos atribulado e entrega um pacote mais completo e coeso que seu antecessor.

A trama é protagonizada por Clive Rossfield, herdeiro do pequeno reino de Rosaria e incumbido de proteger o irmão, Joshua. O mundo em que vivem conta com a presença de grandes cristais dotados de mágica que são a fonte de poder dos diferentes reinos do continente. Algumas pessoas recebem dos cristais o poder de controlarem as Eikons, seres elementais poderosíssimos (pensem nas summons dos games anteriores) e essas pessoas são chamadas de Dominantes. Joshua é o Dominante da Fênix, a Eikon do fogo, e Clive é seu principal protetor, recebendo a benção da Fênix para usar magia de fogo, se tornando um Portador, alguém que consegue usar magia sem auxílio de um cristal. Quando o reino de Rosaria é atacado, Joshua acaba usando o poder da Fênix para tentar proteger o castelo, mas uma segunda misteriosa Eikon de fogo, Ifrit, surge no combate e ataca a Fênix. Rosaria é tomada e Clive é forçado a servir no reino rival, jurando vingança contra aqueles que lhe tiraram tudo.

quinta-feira, 6 de julho de 2023

Dopesick e o problema das drogas legais

 

Review - Dopesick

Quando se fala sobre combate às drogas normalmente pensamos em drogas ilícitas como cocaína, crack ou heroína, mas recentemente as autoridades, especialmente nos Estados Unidos, tem atentado para o que eles chamam de “epidemia de opioides”, o abuso de narcóticos legais que viciam tanto ou mais que drogas ilícitas e que geram a mesma degradação social que suas contrapartes ilegais. A série Dopesick, lançada em 2021, aborda justamente a ascensão da crise de opioides nos EUA, tendo como ponto de parte o lançamento da droga Oxycontin pela empresa farmacêutica Purdue.

quarta-feira, 5 de julho de 2023

Crítica – O Mistério de Maya

 

Análise Crítica – O Mistério de Maya

Review – O Mistério de Maya
O documentário O Mistério de Maya parece ser mais um daqueles documentários de crimes que se tornaram cada vez mais comuns em streamings. Ele de fato é isso, embora seja bastante eficiente no modo como conta sua história, mesmo usando todos os recursos comuns a esse tipo de produção, e também na maneira como mobiliza a revolta do espectador em relação às injustiças narradas.

A narrativa segue a família da garota Maya, que desde pequena apresentou sintomas de uma rara doença que lhe causava dores constantes e atrofia nas pernas. Durante muito tempo os pais dela não encontravam um tratamento até conhecerem médicos que administravam cetamina como um meio de aplacar a dor, funcionando para a garota. Depois de anos bem, Maya tem uma nova crise e é levada para um hospital pediátrico e chegando lá os médicos não aceitam as informações do diagnóstico e do tratamento dados pela família da menina, suspeitando de maus tratos. O conselho tutelar é chamado e os pais perdem a guarda da garota, iniciando uma batalha jurídica contra o hospital que termina em tragédia.

terça-feira, 4 de julho de 2023

Crítica – The Witcher: Terceira Temporada (Parte 1)

 

Análise Crítica – The Witcher: Terceira Temporada (Parte 1)

Review – The Witcher: Terceira Temporada (Parte 1)
Pensei seriamente se assistiria essa terceira temporada de The Witcher. O anúncio de que Henry Cavill, o elemento mais consistente da série, sairia ao fim deste terceiro ano e seria substituído na quarta temporada por Liam Hemsworth diminuiu um pouco do meu interesse. Mesmo menos empolgado do que em temporadas anteriores, resolvi conferir esse terceiro ano, que continua a acertar no clima de mistério e no universo sombrio que apresenta, ainda que sofra dos problemas de ritmo da primeira temporada.

A trama segue mais ou menos onde o segundo ano parou, com Geralt (Henry Cavill) e Yennefer (Anya Chalotra) se unindo para cuidarem de Ciri (Freya Allan). Depois dos eventos de Kaer Morhen, o trio tenta viver escondido, mas a quantidade de pessoas que buscam Ciri para propósitos pessoais torna difícil ficar escondido muito tempo ou manter a garota plenamente segura. Assim, eles partem em busca de uma solução.

Se a temporada anterior se beneficiava por manter muito da trama focada em poucos lugares e dava bastante tempo para a relação entre Geralt e Ciri florescer, aqui ela se divide entre vários lugares e um elenco cada vez maior de personagens ao ponto em que fica difícil lembrar quem está aonde, fazendo o quê e por qual motivo. Essas mudanças constantes de ambiente dão a impressão de que a trama principal não caminha e que Geralt está virando quase um coadjuvante na própria história. Tudo bem que isso serve para mostrar a situação política complicada do reino e a quantidade de ameaças que pairam sobre Ciri, mas talvez nem todas as maquinações precisariam efetivamente aparecer a menos que fossem impactar diretamente nos protagonistas.

segunda-feira, 3 de julho de 2023

Crítica – Os Cavaleiros do Zodíaco Saint Seiya: O Começo

 

Análise Crítica – Os Cavaleiros do Zodíaco Saint Seiya: O Começo

Review – Os Cavaleiros do Zodíaco Saint Seiya: O Começo
A ideia de fazer um live action de Cavaleiros do Zodíaco já é algo a se temer. Assim como Dragon Ball é um material que não se presta bem ao realismo, mas ainda assim decidiram fazê-lo, ignorando o fracasso da maioria dos live actions baseados em anime, como o infame Dragonball Evolution. Assim chegamos neste Os Cavaleiros do Zodíaco Saint Seiya: O Começo, uma adaptação que falha em compreender o que torna esse universo e narrativa tão interessantes.

A trama é focada em Seiya (Mackenyu), um jovem que vaga o mundo em busca da irmã que foi separada dele na infância. Ele começa a ser caçado pela misteriosa Vander Guraad (Famke Janssen) e acaba sendo resgatado por Alman Kido (Sean Bean). Kido diz a Seiya que ele está destinado a ser o cavaleiro de Pégaso, principal protetor da deusa Athena que teria reencarnado na filha adotiva de Kido, a jovem Saori (Madison Iseman). As legendas e dublagens em português deixam nomes como Saori e Ikki iguais ao anime e mangá, mas no aúdio original esses nomes são inexplicavelmente ocidentalizados como Sienna (Saori) ou Nero (Ikki), sabe-se lá por que. Eu poderia escrever algumas linhas falando sobre a questão de whitewashing que isso representa, mas, sinceramente, não estou disposto a gastar energia com um filme tão ruim.

sexta-feira, 30 de junho de 2023

Drops – O Pior Vizinho do Mundo

 

Análise Crítica – O Pior Vizinho do Mundo

Review – O Pior Vizinho do Mundo
Estrelado por Tom Hanks, O Pior Vizinho do Mundo é a segunda adaptação do romance sueco Um Homem Chamado Ove, que foi adaptado para os cinemas na Suécia em 2015 com um filme de mesmo nome que foi bem sucedido o bastante para conseguir uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2017. Essa versão hollywoodiana parece mais um daqueles esforços feitos para o público doméstico dos EUA que não gosta de ler legendas.

A trama gira em torno de Otto (Tom Hanks), um homem de meia idade mal-humorado que passa os dias visitando o túmulo da falecida esposa e lutando para mudar as regras da associação de moradores de seu bairro. Quando uma família latina liderada por Marisol (Mariana Treviño) se muda para sua vizinhança, Otto acaba, meio que contra a própria vontade, ajudando a mulher a se ajustar ao bairro.

quinta-feira, 29 de junho de 2023

Crítica – Lingui: The Sacred Bonds

 

Análise Crítica – Lingui: The Sacred Bonds

Review – Lingui: The Sacred Bonds
Confesso que fui assistir a este Lingui: The Sacred Bonds conhecendo muito pouco sobre o cinema produzido em Chade, pequena nação da África Central. Originalmente parte do bloco de colônias francesas na região central da África, Chade só se tornaria uma nação própria no século XX e ainda assim teria uma história conturbada com golpes de Estado, contragolpes e regimes autoritários que só foram parar na década de 1990. Isso explica porque a produção audiovisual no país é ainda incipiente e pouco conhecida no resto mundo, assim como aconteceu com outros países da África Central e também de parte das Américas.

A trama se passa na periferia da capital N’Djamena e é centrada em Amina (Achouackh Abakar Souleymane) que vive sozinha com a filha Maria (Rihane Khalil Alio). Quando Maria descobre que está grávida e não deseja manter a gravidez, já que uma mãe solteira é uma desonra enorme naquela sociedade muçulmana, elas buscam a alternativa do aborto. O problema é que o aborto também é proibido sob os olhos da religião e também por lei, envolvendo as duas personagens em uma batalha que soa impossível de vencer.