De início Clonaram Tyrone! parece ser uma homenagem aos filmes blaxploitation da década de 1970, mas
conforme a trama progride o filme se mostra uma reflexão sobre esse tipo de
representação e como o que soa positivo em um dado momento pode ser usado para
estagnar o progresso em outros. Claro, tudo isso em meio a uma trama bizarra de
clonagem e conspirações governamentais.
A trama é centrada no traficante
Fontaine (John Boyega) que começa a achar que tem algo estranho ocorrendo em
seu bairro depois que o cafetão Slick (Jamie Foxx) diz ter visto Fontaine ser
morto a tiros por um rival. Com a ajuda da prostituta Yo-Yo (Tayonah Parris)
eles esbarram em uma instalação governamental nos subterrâneos do bairro
desenvolvendo meios de clonar e controlar as mentes da população.
O que começa como uma aventura
amalucada logo vira uma trama reflexiva sobre questões de representação. Ao
revelar que Fontaine e Slick estão sendo clonados como um instrumento de
controle do bairro, o filme pondera sobre como certos arquétipos de personagem
acabam sendo usados para repetir certos clichês de representação acerca de um
determinado grupo social e como a reprodução desses clichês (a clonagem nesse
caso) impede o progresso dessa população.
Tendo começado a jogar na época
do NES, joguei minha parcela de Double
Dragon na infância, em especial o segundo game. Sempre gostei de beat’em ups então fico bem contente de
estarmos vivendo uma espécie de renascença do gênero com games como os dois River City Girls, Streets of Rage 4 e TMNT: Shredders Revenge. Era questão de tempo até que os irmãos Lee voltassem aos
holofotes e Double Dragon Gaiden: Rise of
Dragons faz exatamente isso, tentando reinventar o famoso game de
pancadaria para os tempos atuais. O resultado, no entanto, fica abaixo de
outras incursões recentes ao gênero como os games que citei acima.
A trama é simples. Em uma Nova
Iorque devastada por guerra nuclear a cidade é dominada por diferentes gangues.
O prefeito pede aos irmãos Lee ajuda para combater os criminosos que tomaram a
metrópole e junto com o tio Matin e a policial Marian (não mais uma donzela em
perigo como nos outros games) eles partem para deter a criminalidade na base da
porrada. É simples, mas funcional e ninguém vai para um jogo desse esperando
nada complexo.
A primeira parte da terceira
temporada de The Witchersofria ao
deixar o trio principal perdido em meio a um monte de subtramas que não
necessariamente incidiam sobre eles. Esperava que essa segunda parte pudesse
corrigir isso ao devolver o foco a Geralt (Henry Cavill), mas mais uma vez ele
se perde na quantidade enorme de núcleos de personagem. É uma pena considerando
que Cavill é o melhor da série e essa é sua última temporada como o
protagonista, já que ele será substituído por Liam Hemsworth a partir do quarto
ano.
Essa segunda parte inicia onde a
primeira parou, com Djikstra (Graham McTavish) tomando o controle de Aretusa e
todos por lá ao mesmo tempo que elfos a serviço de Nilfgaard atacam o local em
busca de Ciri (Freya Allan). Geralt percebe que não é mais possível fugir ou
ficar à margem da guerra que se desenha e decide ajudar as feiticeiras a
rechaçarem ambos invasores.
Em meio a um cenário com tantas
produções que tem desnecessariamente inchado suas durações cada vez mais, é bom
ver que Hollywood ainda sabe fazer boas comédias de noventa minutos que vão
direto ao ponto e entregam uma diversão despretensiosa sem se arrastar mais do
que necessário. Loucas em Apuros entrega
exatamente isso. Não é um filme que vai reinventar a roda, mas é divertido o
bastante para manter nosso interesse.
A trama é centrada em duas
amigas, Audrey (Ashley Park) e Lolo (Sherry Cola). Amigas desde criança, elas
se mantem próximas apesar de terem seguido caminhos diferentes. Audrey é uma
advogada que está sempre trabalhando e está em vias de virar sócia na empresa
em que trabalha. Lolo ainda tenta fazer sua carreira de artista plástica
decolar e se escora no sucesso de Audrey para se manter. Quando Audrey é
incumbida de fechar um negócio na China, Lolo vai junto na viagem acompanhada
da prima, Olho de Peixe Morto (Sabrina Wu), para tentar ajudar Audrey a
encontrar a mãe biológica dela. O trio ainda é acompanhado por Kat (Stephanie
Hsu, de Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo),
colega de faculdade de Audrey que está na China trabalhando como atriz.
Logicamente os planos do quarteto dão errado e elas se envolvem em muitas
confusões.
Situado em um universo que mescla
fantasia e tecnologia, a animação Nimona
trata de preocupações bastante contemporâneas sem abrir mão do lúdico e do
senso de encantamento, se apoiando principalmente na relação de seus dois
personagens principais. Em um mundo futurista no qual cavaleiros protegem o
reino de monstros, Ballister é o primeiro plebeu a ser considerado como
cavaleiro, a divisão de elite do reino. Na sua cerimônia de nomeação sua espada
inesperadamente dispara um raio na rainha e ele é acusado de assassinato. Sem
saber o que aconteceu Ballister foge para a floresta além das muralhas do reino
e lá conhece a garota Nimona, que se dispõe a ajudá-lo a provar a que é
inocente.
Visualmente a produção se destaca
pelo modo como mistura uma estética medieval com um visual futurista, criando
um universo em que cavaleiros de armadura pilotam motos voadoras e castelos
futuristas coexistem com arranha-céus e letreiros luminosos na paisagem urbana.
Não lembro de nenhuma produção recente que usou uma ambientação assim e isso
ajuda a dar personalidade ao universo que a trama tenta criar.
Não sou lá muito fã do arco da Invasão Secreta nos quadrinhos embora
ela tenha servido para repensar muitos personagens do universo Marvel na época
e trouxe momentos impactantes sobre quais heróis eram skrulls disfarçados.
Sabia que a minissérie Invasão Secreta
provavelmente não teria o mesmo escopo amplo da saga dos quadrinhos, mas ao
menos esperava que trouxesse repercussões que nos fizessem repensar certos
eventos do universo Marvel. Isso, porém, não aconteceu e o resultado é a mais
decepcionante série da Marvel produzida pelo Disney+. Aviso que o texto tem
SPOILERS da série.
Na trama, depois de anos no
espaço tentando encontrar um novo lar para os skrulls, Nick Fury (Samuel L.
Jackson) retorna à Terra para lidar com a ameaça de Gravik (Kingsley Ben-Adir),
um líder skrull que se cansou da política de “boa vizinhança” de Talos (Ben
Mendelsohn) e decidiu iniciar um movimento para tomar o planeta para sua raça.
Gravik infiltrou skrulls nas principais estruturas de poder do planeta e visa
iniciar um conflito entre várias nações. Sem ter em quem confiar, Fury conta
apenas com Talos para tentar deter Gravik.
Considerando a quantidade de
bombas que Gerard Butler vem estrelando nos últimos anos, é compreensível que
eu não estivesse lá muito empolgado para este Alerta Máximo. Confesso, no entanto, que é um thriller eficiente ainda que não tenha muita novidade.
A narrativa acompanha o piloto
Brodie Torrance (Gerard Butler), que está guiando um avião comercial pelo sul
da Ásia. Quando a aeronave é atingida por um raio e danificada, o piloto não
tem escolha senão fazer um pouso forçado em uma pequena ilha próxima. O
problema é que a ilha é controlada por criminosos filipinos e agora ele precisa
dar um jeito de manter todos seguros enquanto o resgate chega. Brodie encontra
ajuda em Gaspare (Mike Colter, o Luke Cage da Marvel), um prisioneiro que
estava sendo transportado no voo e que tem experiência de soldado. Mesmo sem
saber se Gaspare é confiável, Brodie não tem escolha senão confiar nele.
Dirigido por Laura McGann, o
documentário De Tirar o Fôlego me
lembrou produções de Werner Herzog nas quais ele reflete sobre a relação entre
o ser humano e a beleza implacável da natureza que pode arruinar aqueles que
tentam dominá-la (como em O Homem Urso).
A produção de McGann não chega no mesmo nível das contemplações existenciais de
Herzog, mas é hábil em tentar transmitir a dimensão sensorial das experiências
extremas que retrata.
A produção apresenta o cotidiano
das competições de mergulho em apneia, ou seja, o mergulho em profundidade sem
uso de equipamento para respirar. A trama foca especificamente nas trajetórias
de Stephen Keenan e Alessia Zecchini. Keenan era um mergulhador competitivo que
resolveu se tornar um mergulhador socorrista depois de um acidente durante uma
competição. Alessia é uma mergulhadora que desde adolescente se mostrou um
prodígio no esporte, sempre buscando ser a melhor. Ao se conhecerem, Keenan e
Alessia desenvolveram uma relação pessoal e profissional em cima do amor de
ambos pelo mergulho, mas a profissão não é livre de perigos e levar o corpo ao
limite cobra seu preço.
Estrelado por Jena Malone, O Covento prometia ser uma mistura de thriller e terror sobrenatural, mas o
resultado final acaba não aproveitando nenhuma das abordagens. A trama é
centrada em Grace (Jena Malone), uma médica que recebe a notícia de que o
irmão, Michael (Steffan Cennydd), que vivia como padre em uma remota abadia na
Escócia, teria matado um colega de batina e cometido suicídio. Grace viaja ao
local e ao examinar o corpo do irmão começa a desconfiar da versão oficial dos
fatos.
Daí é evidente que ela vai
esbarrar em uma grande conspiração do clero local e ações conectadas ao
sobrenatural. O problema é que apesar de todas as ideias a respeito de como a
clausura da religião produz um fanatismo tão virulento que torna difícil
distinguir deus e diabo, o texto nunca vai além do que já foi dito antes sobre
esse tema, então a exploração dessas questões soa superficial e em nada
diferente de outros produtos que já vimos antes.
O filme solo do Bumblebee (2018) mostrou que a franquia
Transformers poderia ficar melhor sem a direção epilética e narrativa inchada
dos filmes conduzidos por Michael Bay. Este Transformers:
O Despertar das Feras segue a cronologia iniciada em Bumblebee, tentando fornecer um novo começo para a trupe de Optimus
Prime depois do pavoroso Transformers: O Último Cavaleiro(2017).
A trama se passa na década de
noventa sendo protagonizada por Noah Diaz (Anthony Ramos), um ex-soldado em
busca de emprego para ajudar o irmão caçula doente e cujas despesas médicas a
mãe não tem como pagar. Noah aceita roubar carros para fazer um dinheiro extra
e é aí que ele acidentalmente conhece o transformer Mirage (Pete Davidson), sendo
jogado no meio da busca dos Autobots liderados por Optimus Prime (Peter Cullen)
pela chave Transwarp, um meio deles retornarem ao planeta Cybertron. O problema
é que a chave também é procurada pelos Terrorcons liderados por Scourge (Peter
Dinklage), que a desejam para entregá-la ao temível Unicron.
O filme se beneficia de uma
duração mais enxuta, que evita que a trama simples se alongue mais do que
necessário e também de um número reduzido de personagens humanos, focando
apenas em Noah e Elena (Dominique Fishback) evitando o excesso de núcleos de
personagem que atrapalhava tanto os filmes dirigidos por Bay. Sim, Noah é um
personagem relativamente básico cujo arco é previsível, mas Anthony Ramos ao
menos traz a ele algum carisma e evita que ele descambe para uma caricatura
irritante e sem graça como outros protagonistas da franquia.
A maior novidade do filme seria a
presença dos Maximals, facção de transformers que usam formas animais ao invés
de veículos. Esperava que não cometessem o mesmo erro de Transformers: Era da Extinção (2014) quando relegaram os Dinobots a
figurantes de luxo, no entanto, o mesmo problema acontece com os Maximals aqui.
Eles tem um pouco mais tempo de tela que os Dinobots, é verdade, porém a
presença deles acaba sendo de pouca consequência para o esquema geral da trama,
já que os principais desdobramentos da narrativa seriam os mesmos sem a
presença deles. A narrativa inclusive é bem vaga em estabelecer o lugar dos
Maximals na mitologia desse universo, com uma fala vaga da Airrazor (Michelle
Yeoh) dizendo que eles são o passado e o futuro do Autobots, algo que
provavelmente só quem assistiu Beast Wars
(como eu) vai entender.
A ação se beneficia por não ter
mais a câmera chacoalhante e montagem epilética dos filmes de Michael Bay.
Momentos como a batalha final contam com planos mais longos em que a câmera
passeia pela arena de combate em que os diferentes personagens lutam e
constroem um senso de coesão a todo o embate. A ação também usa de modo
criativo as habilidades dos personagens, como as ilusões de Mirage ou a
mobilidade de Arcee, embora mesmo durante as batalhas os Maximals acabem
aparecendo pouco. O fato do clímax ser uma batalha contra um exército genérico
enquanto um raio é disparado nos céus faz o filme parecer um blockbuster de dez anos atrás quando
raios para o céu estavam em tudo quanto é filme de grande orçamento.
Transformers: O Despertar das Feras não chega a ser tão bacana
quanto Bumblebee e não aproveita bem
os novos personagens que introduz, mas tem boas cenas de ação e um protagonista
suficientemente carismático para funcionar como uma diversão despretensiosa.