terça-feira, 15 de agosto de 2023

Crítica – Agente Stone

 

Análise Crítica – Agente Stone

Review – Agente Stone
Assistindo Agente Stone, nova produção da Netflix, me lembrei de uma entrevista do diretor Quentin Tarantino em que ele comentava como boa parte dos longas produzidos por streamings inexistem no zeitgeist cultural contemporâneo. Não é que não assistimos esses filmes, mas que são produções que não nos mobilizam em qualquer direção, não falamos sobre eles e eles não tem qualquer impacto ou repercussão quando falamos ou fazemos cinema. Assistimos porque está ali, num serviço que já pagamos, filmes estrelados por astros que já conhecemos e que podemos ver sem pagar um ingresso caro de cinema ou sentir a culpa da pirataria.

Pensei muito nisso assistindo Agente Stone porque apesar de ser uma produção feita com competência técnica não conseguiu despertar em mim nenhuma reação, nem mesmo para detestar, o que para mim é pior do que o filme ser ruim. Sair com raiva de um filme ruim significa ao menos que aquele produto artístico te afetou, te tocou em algum nível, mesmo que para te fazer odiar. Um filme que não move você de nenhum modo é o pior tipo de arte e é talvez por não conseguir nos mover em qualquer direção que, como disse Tarantino, esse tipo de produção não tem impacto na nossa vivência cultural. Assistimos, esquecemos e seguimos adiante como se esses filmes não tivessem existido, tivessem desaparecido no éter ou fossem frutos de nossa imaginação.

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Crítica – Fale Comigo

Análise Crítica – Fale Comigo

 

Review – Fale Comigo
Sem que ninguém esperasse o terror australiano Fale Comigo se tornou um fenômeno de bilheteria e chegou a ser alardeado como o melhor terror do ano. Não chega a ser tudo isso, mas é uma produção bem envolvente por conta do cuidado com seus personagens e da maneira singular com a qual apresenta seu mundo de espíritos.

A trama acompanha um grupo de jovens que encontra uma mão embalsamada que tem o poder de entrar em contato com os espíritos. Por diversão eles usam a mão em festas como se tudo fosse uma grande brincadeira. Mia (Sophie Wilde) fica mais tempo do que deveria com um espírito no corpo e passa a ver coisas mesmo quando não usa a mão, sendo assombrada inclusive pelo espírito da falecida mãe. Aos poucos a garota vai perdendo o senso de realidade e passa a ser manipulada por esses espíritos.

Enquanto premissa não há exatamente nada de novo em histórias de jovens que brincam com o sobrenatural e esbarram em forças muito além de seu controle, o que chama atenção aqui é a maneira com a qual o filme trabalha essas ideias. É um terror com um ritmo bem deliberado, que toma seu tempo para estabelecer seus personagens e sua mitologia. Talvez o ritmo soe lento para alguns, mas essa construção de como o trauma da perda da mãe pesa sobre Mia e o que significa para ela a amizade com Jade (Alexandra Jensen), Riley (Joe Bird), bem como o acolhimento que recebe da mãe de Jade, Sue (Miranda Otto) são importantes para que sintamos o risco de tudo que está em jogo para Mia uma vez que a crise se estabeleça.

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Rapsódias Revisitadas – Paprika

 

Crítica – Paprika

Review – Paprika
Lançado em 2006 e dirigido por Satoshi Kon, Paprika recebeu muitas comparações com A Origem (2010), dirigido por Christopher Nolan, já que ambos giravam em torno da premissa de uma máquina que permite entrar nos sonhos das pessoas para cometer crimes. Não é a primeira vez que um trabalho de Kon veria um produto similar lançado por Hollywood anos depois. O longa Cisne Negro (2010) mostrava muitas similaridades com a animação de Kon Perfect Blue (1998) e o diretor Darren Aronofsky já tinha reproduzido uma cena da mesma animação em Requiem Para um Sonho (2001).

Paprika conta a história de um grupo de cientistas que cria um aparelho que permite visualizar e entrar nos sonhos das pessoas. A dra. Chiba usa o dispositivo para ajudar pacientes com problemas psicológicos entrando em seus sonhos como um avatar chamado Paprika. Quando o dispositivo é roubado do centro de pesquisa e os envolvidos com a máquina começam a agir estranhamente, Chiba e seus colegas creem que o ladrão está atacando as pessoas em seus sonhos e decidem encontrar o culpado.

quinta-feira, 10 de agosto de 2023

Drops – Felicidade para Principiantes

Análise Crítica – Felicidade para Principiantes


Review – Felicidade para Principiantes
Adaptando o romance de mesmo nome escrito por Katherine Center, Felicidade para Principiantes é aquela comédia romântica feita pra confortar o espectador. Estrelada por Ellie Kemper (de Unbreakable Kimmy Schmidt), a trama acompanha a recém divorciada Helen que tenta reconstruir a vida e decide fazer viajar para fazer trilha e aprender técnicas de sobrevivência na natureza. Na excursão ela encontra o melhor amigo Jake (Luke Grimes) que parece ter ido para ficar de olho nela. A dupla entra em atrito, mas precisará cooperar para superar os desafios da natureza.

É uma história bem previsível sobre se redescobrir depois do fim de um relacionamento, com a excursão servindo para a protagonista confrontar os traumas passados tanto do casamento fracassado como os problemas que ela tem com o irmão. A dinâmica entre ela e Jake também é relativamente previsível, seguindo o clichê da dupla que troca farpas, mas acaba se apaixonando, não havendo muita tensão se eles irão ficar juntos ou não.

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Crítica – O Poder e a Lei: Segunda Temporada

 

Análise Crítica – O Poder e a Lei: Segunda Temporada


Review – O Poder e a Lei: Segunda Temporada
Depois de uma primeira temporada competente, O Poder e a Lei retorna para um segundo ano que explora os pontos fortes da série e tenta lidar melhor com os elementos que não funcionaram tão bem em seu ano de estreia. A segunda temporada inicia mais ou menos no ponto em que o segundo ano parou, com Mickey (Manuel Garcia Rulfo) reabrindo o caso de um cliente inocente erroneamente condenado, conseguindo finalmente a soltura dele, embora isso o coloque na mira do verdadeiro responsável. Ao mesmo tempo, o advogado conhece a chef Lisa (Lana Parilla) e começa a ter um caso com ela. As coisas se complicam quando Lisa é acusada de assassinar um empresário que estava gentrificando o bairro em que a chef mantinha seu restaurante e Mickey precisa defendê-la no tribunal.

De início imaginei que a temporada seria mais focada na busca pelo real assassino que incriminou o antigo cliente de Mickey e a trama de Lisa ficaria mais em segundo plano, mas a série consegue reverter nossas expectativas ao levar Mickey ao culpado da primeira trama nos primeiros episódios, enquanto foca o resto da temporada no julgamento de Lisa. Confesso que fiquei contente com a reversão, já que a trama envolvendo esse antigo cliente, Jesus Menendez (Saul Hueso), acaba ganhando contornos de conspiração grandiloquente que se afastam um pouco do realismo urbano da série.

terça-feira, 8 de agosto de 2023

Crítica – Ursinho Pooh: Sangue e Mel

 

Análise Crítica – Ursinho Pooh: Sangue e Mel

Review – Ursinho Pooh: Sangue e Mel
Pegar o universo do Ursinho Pooh e transformar em um terror slasher sangrento poderia render uma podreira divertida. O diretor e roteirista Rhys Frake-Waterfield aproveitou que a obra de A.A Milne se tornou domínio público resolveu fazer esse terror Ursinho Pooh: Sangue e Mel.  

A trama concebe Pooh e seus amigos como híbridos bizarros entre homens e animais, que foram lembrados como animais fofos por conta da imaginação infantil de Christopher Robin. Quando Robin deixa de frequentar a floresta para ir para a faculdade, Pooh e seus aliados ficam sozinhos e à míngua. Com o tempo eles passam a nutrir ódio da humanidade e a matar qualquer um que se aproxime. Já adulto, Robin (Nikolai Leon) retorna à floresta e encontra as vítimas de Pooh e Leitão, tendo sua namorada morta por eles e sendo capturado pela dupla. As criaturas também passam a mirar em um grupo de mulheres que alugou uma casa nas margens da floresta.

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Crítica – Asteroid City

 

Análise Crítica – Asteroid City

Review – Asteroid City
Mais novo filme de Wes Anderson, Asteroid City traz muito das questões existenciais e neuroses presentes em obras anteriores do cineasta. Aqui, no entanto, ele as amplia a um nível cósmico que nos faz olhar o caos da existência e nossa pequenez diante de um universo que carrega mais mistérios do que certezas.

A trama adota uma estrutura que inicialmente soa bagunçada, começando com um programa de televisão que apresenta uma peça sobre a construção de uma peça chamada Asteroid City, até nos mostrar a história propriamente dita dos personagens de Asteroid City. Nessa história, dentro de histórias dentro de histórias, conhecemos Augie (Jason Schwartzman) um enlutado fotógrafo de guerra que busca o momento ideal para contar aos filhos sobre o falecimento da mãe. Ele está com os filhos na pequena cidade de Asteroid City para uma convenção de jovens prodígios da ciência, um deles seu filho mais velho, Woodrow (Jake Ryan). Quando um evento inesperado obriga todos a ficarem de quarentena na cidade, os personagens começam a reavaliar suas vidas.

sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Drops – Assassino Sem Rastro

Análise Crítica – Assassino Sem Rastro

 

Review – Assassino Sem Rastro
Considerando a premissa e os nomes envolvidos, eu esperava que Assassino Sem Rastro fosse render um thriller minimamente eficiente. No entanto, apesar da direção de Martin Campbell, que por duas vezes reinventou James Bond nos cinemas com 007 Contra Goldeneye (1995) e 007 Cassino Royale (2006), e de um elenco com nomes como Liam Neeson, Guy Pearce e Monica Belucci, o resultado é bem insosso.

A trama gira em torno de Alex (Liam Neeson), um assassino profissional que recusa um contrato de assassinar uma criança que seria uma testemunha em potencial para um perigoso cartel. Por saber demais, Alex se torna alvo e precisa lutar para sobreviver. Alex também está com princípio de Alzheimer, então sua memória não é muito confiável, mas mesmo com os problemas de cognição ele precisa correr contra o tempo para eliminar todos em seu caminho e punir os responsáveis.

quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Crítica – Clonaram Tyrone!

 

Análise Crítica – Clonaram Tyrone!

Review – Clonaram Tyrone!
De início Clonaram Tyrone! parece ser uma homenagem aos filmes blaxploitation da década de 1970, mas conforme a trama progride o filme se mostra uma reflexão sobre esse tipo de representação e como o que soa positivo em um dado momento pode ser usado para estagnar o progresso em outros. Claro, tudo isso em meio a uma trama bizarra de clonagem e conspirações governamentais.

A trama é centrada no traficante Fontaine (John Boyega) que começa a achar que tem algo estranho ocorrendo em seu bairro depois que o cafetão Slick (Jamie Foxx) diz ter visto Fontaine ser morto a tiros por um rival. Com a ajuda da prostituta Yo-Yo (Tayonah Parris) eles esbarram em uma instalação governamental nos subterrâneos do bairro desenvolvendo meios de clonar e controlar as mentes da população.

O que começa como uma aventura amalucada logo vira uma trama reflexiva sobre questões de representação. Ao revelar que Fontaine e Slick estão sendo clonados como um instrumento de controle do bairro, o filme pondera sobre como certos arquétipos de personagem acabam sendo usados para repetir certos clichês de representação acerca de um determinado grupo social e como a reprodução desses clichês (a clonagem nesse caso) impede o progresso dessa população.

quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Crítica – Double Dragon Gaiden: Rise of the Dragons

 

Análise Crítica – Double Dragon Gaiden: Rise of the Dragons

Tendo começado a jogar na época do NES, joguei minha parcela de Double Dragon na infância, em especial o segundo game. Sempre gostei de beat’em ups então fico bem contente de estarmos vivendo uma espécie de renascença do gênero com games como os dois River City Girls, Streets of Rage 4 e TMNT: Shredders Revenge. Era questão de tempo até que os irmãos Lee voltassem aos holofotes e Double Dragon Gaiden: Rise of Dragons faz exatamente isso, tentando reinventar o famoso game de pancadaria para os tempos atuais. O resultado, no entanto, fica abaixo de outras incursões recentes ao gênero como os games que citei acima.

A trama é simples. Em uma Nova Iorque devastada por guerra nuclear a cidade é dominada por diferentes gangues. O prefeito pede aos irmãos Lee ajuda para combater os criminosos que tomaram a metrópole e junto com o tio Matin e a policial Marian (não mais uma donzela em perigo como nos outros games) eles partem para deter a criminalidade na base da porrada. É simples, mas funcional e ninguém vai para um jogo desse esperando nada complexo.