Assistindo Agente Stone, nova produção da Netflix, me lembrei de uma
entrevista do diretor Quentin Tarantino em que ele comentava como boa parte dos
longas produzidos por streamings
inexistem no zeitgeist cultural
contemporâneo. Não é que não assistimos esses filmes, mas que são produções que
não nos mobilizam em qualquer direção, não falamos sobre eles e eles não tem
qualquer impacto ou repercussão quando falamos ou fazemos cinema. Assistimos
porque está ali, num serviço que já pagamos, filmes estrelados por astros que
já conhecemos e que podemos ver sem pagar um ingresso caro de cinema ou sentir
a culpa da pirataria.
Pensei muito nisso assistindo Agente Stone porque apesar de ser uma
produção feita com competência técnica não conseguiu despertar em mim nenhuma
reação, nem mesmo para detestar, o que para mim é pior do que o filme ser ruim.
Sair com raiva de um filme ruim significa ao menos que aquele produto artístico
te afetou, te tocou em algum nível, mesmo que para te fazer odiar. Um filme que
não move você de nenhum modo é o pior tipo de arte e é talvez por não conseguir
nos mover em qualquer direção que, como disse Tarantino, esse tipo de produção
não tem impacto na nossa vivência cultural. Assistimos, esquecemos e seguimos
adiante como se esses filmes não tivessem existido, tivessem desaparecido no
éter ou fossem frutos de nossa imaginação.