quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Crítica – Minhas Aventuras com o Superman

 

Análise Crítica – Minhas Aventuras com o Superman

Review – Minhas Aventuras com o Superman
Depois que o Superman de Zack Snyder dividiu opiniões com uma visão mais cínica sobre o personagem, a impressão é que nos últimos anos a Warner vem tentado resgatar a imagem de um Superman mais esperançoso, benevolente e mais humano. Isso se aplica ao tratamento do personagem na série Superman & Lois e também nesta nova série animada Minhas Aventuras com o Superman.

A trama acompanha os primeiros anos de Clark Kent em Metropolis, iniciando como estagiário no Planeta Diário ao lado do colega de faculdade Jimmy Olsen e conhecendo a intensa Lois Lane. Clark, Jimmy e Lois logo se tornam amigos e se unem para investigar o aparecimento de criminosos usando uma tecnologia extremamente avançada. Diante da ameaça desses criminosos, Clark decide usar seus poderes para proteger a cidade como Superman, mas isso o torna alvo dos militares.

Para quem tem alguma familiaridade com o personagem muitos desdobramentos e reviravoltas são relativamente previsíveis. É bem óbvio, por exemplo, que o misterioso general investigando as ações do Superman é o general Sam Lane, pai de Lois. Do mesmo modo, os sinais na tecnologia kryptoniana que ataca a Terra claramente indicam a intervenção de Brainiac (ou algo similar) e não de Jor-El como Clark acredita.

terça-feira, 5 de setembro de 2023

Crítica – One Piece: A Série

 

Análise Crítica – One Piece: A Série

Considerando o péssimo histórico de produções ocidentais que fazem adaptações live action de animes e mangás, como o recente Os Cavaleiros do Zodíaco: O Começo ou o pavoroso Dragonball Evolution (2009), não esperava muita coisa deste One Piece: A Série, que adapta a interminável obra de Eiichiro Oda. Depois de assistir a produção da Netflix, confesso que achei...bom?!? Como assim? Que sensação estranha é essa? Eu assisti um live action de anime e gostei? Por essa eu não esperava.

Devo dizer que não sou um profundo conhecedor de One Piece, com meu contato com esse universo se limitando a games como One Piece Pirate Warriors ou One Piece Odyssey. Eu sei quem são os personagens e tenho alguma noção dos principais arcos, mas não seria a melhor pessoa para dizer se é fiel ou não.

A trama segue a mesma premissa do mangá e do anime. Luffy (Iñaki Godoy) deseja encontrar o mítico tesouro One Piece e se tornar o Rei dos Piratas, para tal precisa encontrar uma tripulação que tope cruzar a perigosa Grand Line ao seu lado. Ele encontra aliados em Zoro (Mackenyu, que foi o Seiya no pavoroso live action de Cavaleiros do Zodíaco) e Nami (Emile Rudd), mas o caminho até a Grand Line é cheio de perigos e eles encontrarão muitos obstáculos, seja na poderosa Marinha, que combate os piratas com mão de ferro, seja em outros piratas que veem Luffy como um problema.

Se a maioria das adaptações ocidentais de animes tenta inscrever seus universos e personagens em uma estética realista, One Piece acerta em manter tudo dentro de um regime cartunesco, mantendo as matizes saturadas, cabelos coloridos e armas exageradas, deixando claro que estamos diante de um desenho que ganhou vida ao invés de forçar esse universo em um regime estético que não dá conta da inventividade visual do material original.

O texto também acerta na construção da amizade entre o bando dos Chapéus de Palha, que aos poucos aprendem a confiar um no outro. Os episódios dão espaço não apenas para que eles se desenvolvam como um coletivo, mas também dando cenas isoladas com cada um ao lado de cada companheiro (ou da maioria deles) permitindo que vejamos como essas diferentes personalidades vão se ajustando umas as outras. Muito do mérito vem também do elenco, no modo como Iñaki Godoy dá uma energia vibrante e interminável a Luffy, Mackenyu traz uma sisudez estoica a Zoro ou como Emily Rudd faz de Nami alguém que usa sua dubiedade moral e fachada durona para não ter que se abrir aos outros.      

A ação mantem o espírito das lutas grandiloquentes do anime, com personagens como Luffy, Zoro ou Sanji (Taz Skylar) despachando dezenas de inimigos de vez ou golpes que põem abaixo prédios inteiros. Muito do motivo de tudo funcionar não é apenas a qualidade dos efeitos visuais ou a energia das coreografias de luta, mas o já citado regime visual cartunesco que faz tudo soar coeso. Mesmo poderes como as habilidades elásticas de Luffy soam convincentes dentro do regime estético excêntrico que a série adota para si e a linguagem corporal de Iñaki Godoy ajuda a dar um senso de peso e movimento aos golpes do pirata, com Luffy “engatilhando” os braços brevemente antes de esticá-los, como que fazendo um movimento pendular para que eles tenham energia para chegar longe com bastante força.

Como a temporada condensa todo o arco de East Blue, é visível mesmo para um neófito que alguns eventos acontecem rápido demais. Toda a batalha com Buggy (Jeff Ward) e a libertação da cidade sob seu controle parece se resolver de maneira muito repentina, como se a série precisasse resolver logo o conflito para partir para o seguinte. A velocidade também faz alguns temas ficarem na superficialidade. O vilão Arlong (McKinley Belcher) menciona como o Governo Mundial escravizou os homens-peixe e que mesmo depois do fim da escravidão eles ainda são estigmatizados. É claramente uma tentativa de fazer um paralelo com a escravidão e diáspora negra no mundo real (o fato de Arlong ser interpretado por um ator negro não parece ser coincidência), mas o texto não investe realmente nessas ideias, rapidamente levando à batalha entre Luffy e Arlong, deixando de lado a discussão dessas ideias.

Ainda assim, One Piece: A Série é uma competente adaptação live action que traz as batalhas empolgantes, senso de humor e conexão emocional entre os protagonistas que tornaram o material original tão longevo.

 

Nota: 7/10


Trailer

segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Crítica – TMNT Shredder’s Revenge: Dimension Shellshock

 

Análise Crítica – TMNT Shredder’s Revenge: Dimension Shellshock

Review Crítica – TMNT Shredder’s Revenge: Dimension Shellshock
Parte de uma renascença recente de beat’em ups TMNT: Shredder’s Revenge transitava bem entre a nostalgia pela época de fliperamas e o desenho oitentista das Tartarugas Ninjas e uma tentativa de agregar mecânicas mais contemporâneas ao gênero, com mais opções de mobilidade, defesa e oportunidades de combos. Agora em sua primeira expansão, intitulada Dimension Shellshock, o jogo tenta trazer novos elementos para enriquecer a experiência.

As principais ofertas são os novos personagens e modos. O DLC traz dois novos combatentes na forma do coelho samurai Usagi Yojimbo e a ninja Karai. Ambos são bem diferentes entre si e divertidos de usar, com Yojimbo sendo um lutador rápido e dotado de combos aéreos enquanto Karai prima pela força e ataques com alcance mais amplo. Os dois são diferentes o suficiente para valer retornar à campanha ou o modo arcade para jogar com eles.

sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Crítica – Que Horas Eu Te Pego?

 

Análise Crítica – Que Horas Eu Te Pego?

Review – Que Horas Eu Te Pego?
Boas comédias besteirol parecem ter se perdido em Hollywood. Com um foco cada vez maior em produções de grande orçamento, a impressão é que a indústria deixou de lado esse tipo de filme. Claro, aqui e ali surgem coisas como A Noite do Jogo (2018), mas são ocorrências pontuais que tem aparecido a cada punhado de anos. Este Que Horas Eu Te Pego? tenta resgatar esse espírito de absurdo e falta de noção, surpreendendo ao conseguir conciliar isso com momentos eficientes de emoção.

A trama é centrada em Maddie (Jennifer Lawrence), uma mulher que nunca saiu de sua pequena cidade e está prestes a perder a casa por dívidas com impostos municipais. Ela trabalha e roda como motorista de aplicativo para levantar o dinheiro, mas quando seu carro é guinchado tudo parece se complicar. É nesse momento que ela encontra um anúncio de pais que buscam uma jovem para se relacionar com seu filho tímido, oferecendo um carro como pagamento. Apesar da proposta estranha, ela vai conhecer o rico casal Laird (Matthew Broderick) e Allison (Laura Benanti), pais controladores que acham melhor que o filho, Percy (Andrew Barth Feldman), perca a virgindade antes de ir para a faculdade. Assim, Maddie aceita seduzir o rapaz.

quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Crítica – O Porteiro

Review – O Porteiro


Análise Crítica – O Porteiro
A comédia tem sido um dos gêneros mais rentáveis do cinema brasileiro nos últimos anos. Depois do sucesso de adaptações de produções teatrais como Minha Mãe é Uma Peça ou Os Homens São de Marte e é pra lá Que Eu Vou era de se imaginar que voltássemos ao teatro em busca de novos sucessos. O Porteiro é a nova tentativa de fazer uma comédia audiovisual de carona em um sucesso teatral.

A trama acompanha Waldisney (Alexandre Lino), porteiro de um prédio de classe média na zona sul do Rio de Janeiro. Quando uma confusão irrompe no condomínio todos são levados para a delegacia e o porteiro precisa explicar o que aconteceu para um impaciente delegado (Maurício Manfrini). O relato de Waldisney rememora tudo que aconteceu ao longo do dia e suas interações com os pitorescos habitantes do prédio.

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

O Urso e a família enquanto sentença

 

Análise O Urso e a família enquanto sentença

Ao assistir o sexto episódio da segunda temporada de O Urso me lembrei do pôster do filme Os Excêntricos Tenenbaums (2001) que trazia a frase “família não é uma palavra, é uma sentença”. A frase trazia uma brincadeira de duplo sentido com a palavra sentença. De um lado podia significar sentença no sentido de período ou frase, afirmando que família é algo tão complicado que é uma frase inteira em uma só palavra. Por outro lado, sentença podia ser entendido como uma sentença jurídica, uma decisão de uma instância de poder que decide o rumo de sua vida. Nesse caso seria possível entender a família como algo que carregamos conosco querendo ou não e que para o bem ou para o mal define muito de nossos rumos, transmitindo valores, visões de mundo, bens matérias, traumas, preconceitos e uma série de outras coisas.

 

terça-feira, 29 de agosto de 2023

Crítica – The Beanie Bubble: O Fenômeno das Pelúcias

 

Análise Crítica – The Beanie Bubble: O Fenômeno das Pelúcias

Review – The Beanie Bubble: O Fenômeno das Pelúcias
De início The Beanie Bubble: O Fênomeno das Pelúcias parece mais um desses filmes sobre produtos para tentar contar uma história de um produto bem sucedido para falar de superação de dificuldades e sucesso. A impressão é que filmes como esse, Air, Tetris ou Flamin Hot são feitos para reproduzir mitos capitalistas sobre como basta trabalhar duro e acreditar em si para ter sucesso, mas como a ideia de meritocracia já não convence tanto e vivemos em um desencanto com o capitalismo, Hollywood decide contar histórias de sucesso de produtos. Felizmente a produção da AppleTV+ não cai nessa mera exaltação do capitalismo, mas exibe outros problemas.

A trama conta a história de ascensão e queda dos Beanie Babies bichinhos de pelúcia colecionáveis que viraram febre no início da década de 90 e gerou todo um mercado paralelo de colecionadores já que cada pelúcia era produzida em número limitado. A narrativa foca em Ty Warner (Zach Galifianakis), criador da empresa, e nas mulheres ao redor dele que foram essenciais para o sucesso da empresa. Robbie (Elizabeth Banks) era a sócia de Ty e responsável pelo dia a dia administrativo da corporação, Maya (Geraldine Viswanathan) foi quem teve a ideia dos Beanies serem lançados em número limitado e usar a nascente internet para fomentar comunidades de colecionadores e Sheila (Sarah Snook) era a noiva de Ty e as filhas dela deram ao empresário muitos designs para as pelúcias.

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Crítica – Você Não Tá Convidada pro Meu Bat Mitzvá

 

Análise Crítica – Você Não Tá Convidada pro Meu Bat Mitzvá

Review  – Você Não Tá Convidada pro Meu Bat Mitzvá
Quando a vinheta da Happy Madison, produtora de Adam Sandler, passou no início deste Você Não Tá Convidada pro Meu Bat Mitzvá temi pela minha sanidade. Parecia mais um projeto para Sandler dar dinheiro para seus chapas e parentes. Não deixa de ser isso já que ele coloca praticamente toda a família e alguns comediantes que só fazem filmes com ele. No entanto a diretora Sammi Cohen, do bacana e pouco visto Crush: Amor Colorido (2022), consegue dar alguma emotividade consistente que faz o filme funcionar apesar de ser uma trama de amadurecimento bem típica.

A trama é protagonizada por Stacy (Sunny Sandler) é uma jovem prestes a fazer seu bat mitzvá e quer ter a festa dos sonhos. Ela e a melhor amiga, Lydia (Samantha Lorraine), estão planejando tudo para ser perfeito e Stacey tem esperanças de conquistar o garoto de quem gosta, Andy (Dylan Hoffman), mas as coisas se complicam quando Lydia fica com Andy e as duas amigas rompem.

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Drops – O Amor Mandou Mensagem

 

Análise – O Amor Mandou Mensagem

Review – O Amor Mandou Mensagem
Estrelado por Priyanka Chopra e Sam Heughan, O Amor Mandou Mensagem começa como uma comédia romântica bem padrão e previsível que poderia até funcionar por conta do carisma da dupla principal, mas acaba prejudicada pelo modo como lida com seus temas centrais. A trama segue a ilustradora Mira (Priyanka Chopra), cujo noivo morreu há dois anos. Ainda assim ela se sente conectada a ele e manda mensagens para seu antigo número como forma de desabafar. O repórter Rob (Sam Heughan) recebe um novo telefone de seu trabalho e, por coincidência, é o número do falecido noivo de Mira. Ele se encanta pelas mensagens que ela manda e decide encontrá-la, a questão é que Rob não revela que recebia as mensagens.

É óbvio que eles vão se apaixonar. É óbvio que o fato de Rob ocultar o motivo de ter se aproximado de Mira irá dar errado e fazê-la se afastar. É óbvio que ele irá reconquistá-la com um grande gesto romântico ao final. É possível chegar a essas conclusões já nos primeiros minutos e todas as batidas da história vão exatamente nessa direção. O casal principal até tem carisma e química, mas Heughan é prejudicado por um texto que força a barra em fazer Rob soar como um sujeito que não sabe lidar com mulher com mulheres e enche o personagem de diálogos ruins. A fala dele sobre o que ele gosta em basquete, por exemplo, poderia se aplicar a qualquer esporte.

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Lixo Extraordinário – Rollerball

 

Análise Crítica – Rollerball

Review – Rollerball
Já falei de muitos filmes ruins nessa coluna, já me alonguei contando histórias de produções problemáticas e malucas (como o caso de The Room), mas nenhum dos filmes abordados até aqui foi tão ruim ao ponto de levar à prisão do diretor como aconteceu em Rollerball. Lançado em 2002, o filme era um remake de Rollerball: Gladiadores do Futuro (1975), estrelado por James Caan. A produção de 1975 adaptava um conto de William Harrison e era uma ficção científica distópica na qual em 2018 corporações controlavam o mundo, detinham todo o conhecimento, livros não mais existiam e a televisão era usada para alienar a população através do espetáculo violento do esporte conhecido como Rolleball, uma mistura de hockey e roller derby. O remake de 2002, por sua vez, teve uma produção extremamente conturbada e disputas entre o diretor John McTiernan e os produtores acabaram levando à prisão de McTiernan. Antes de analisar o que faz o filme ser tão ruim, é inevitável falar sobre os bastidores e tudo que deu errado.