segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Crítica – Ninguém Vai Te Salvar

 

Análise Crítica – Ninguém Vai Te Salvar

Review – Ninguém Vai Te Salvar
Desde que desenvolveu a projeção síncrona de som e imagem o cinema é predominantemente vococêntrico. A banda sonora em geral vai colocar a voz, em específico a voz falada, em primeiro plano, o elemento sonoro mais proeminente. Por isso soa tão pouco usual quando um filme como Ninguém Vai Te Salvar resolve construir toda sua história praticamente sem diálogos.

A trama é protagonizada por Brynn (Kaitlyn Dever), uma jovem solitária que recentemente perdeu a mãe e que guarda um trauma de infância em relação à morte de uma amiga próxima. Uma noite sua casa é invadida por uma estranha criatura alienígena que tenta atacá-la e agora Brynn precisa lutar para sobreviver.

Filmes com protagonistas isolados normalmente usam expedientes como o personagem gravando uma mensagem ou se comunicando com alguém para ter alguma desculpa desse personagem sozinho falar sobre o que acontece consigo. Ninguém Vai Te Salvar não tenta fazer esse tipo de malabarismo e Brynn não fala durante o filme todo, deixando que seu rosto e outros elementos do cenário contem a história da solidão e traumas da personagem.

sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Rapsódias Revisitadas – A Vida é Dura: A História de Dewey Cox

 

Rapsódias Revisitadas – A Vida é Dura: A História de Dewey Cox

Review – A Vida é Dura: A História de Dewey Cox
Cinebiografias de músicos são um filão constantemente explorado pela indústria do cinema. Artistas famosos como Johnny Cash, Ray Charles, Elton John ou Elvis já ganharam filmes inspirados em suas vidas. Com uma produção tão profícua era apenas questão de tempo até que esse tipo de filme fosse parodiado. Isso aconteceu em 2007 com o lançamento de A Vida é Dura: A História de Dewey Cox.

O filme conta a história do fictício músico Dewey Cox (John C. Reilly) e o modo como superou adversidades para alcançar o sucesso. A trama brinca bastante com os clichês de como esse tipo de filme é estruturado, apresentando todos os momentos padrão dessas histórias, como a infância pobre e traumática (ele acidentalmente corta o irmão no meio com um facão), o abuso de drogas, os amores e as influências dele sobre outros músicos.

É tudo construído com um exagero extremo, ciente de como certos formatos já estão batidos em cinebiografias, como o fato da primeira esposa de Dewey, Edith (Kristen Wiig) dizer sem sutileza o tempo todo de como ele precisa desistir do sonho de ser músico ou como o pai de Dewey fala constantemente que o filho errado morreu. Em um dado momento, quando Dewey grava Walk Hard, a música que o tornaria famoso, o filme faz piada no modo como a montagem desses filmes dá a impressão de que o sucesso vem rápido com a cena do estúdio cortando diretamente para um locutor de rádio anunciando a canção que terminou de ser gravada há três minutos atrás.

quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Crítica – Mortal Kombat 1

 

Análise Crítica – Mortal Kombat 1

Review – Mortal Kombat 1
O ano de 2023 tem sido bom para jogos de luta, com algumas de suas principais franquias lançando novos games. Depois do excelente Street Fighter 6, agora é a vez de Mortal Kombat 1 ganhar os holofotes, reiniciando a continuidade da história depois dos eventos de Mortal Kombat 11.

A trama se passa na nova linha do tempo criada por Liu Kang. Ele moldou os eventos para criar uma era de paz entre o nosso mundo e a Exoterra, no qual o torneio entre os reinos é mais uma celebração da cooperação entre os dois mundos e não um instrumento de conquista. Um novo torneio está prestes a começar, com Liu Kang treinando os novos campeões da Terra em Raiden e Kung Lao, mas uma misteriosa visitante de fora dessa linha do tempo instiga antigos vilões, como Shang Tsung, a recuperarem seus poderes e tramarem contra a nova paz.

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Crítica – As Tartarugas Ninja: Caos Mutante

 

Análise Crítica – As Tartarugas Ninja: Caos Mutante

Review – As Tartarugas Ninja: Caos Mutante
Apesar de gostar do universo das Tartarugas Ninja, não estava lá muito interessado na animação As Tartarugas Ninja: Caos Mutante. Provavelmente porque os últimos dois filmes live-action não foram grande coisa e isso esfriou minha vontade de ver qualquer coisa com esses personagens. Felizmente essa nova animação acerta no espírito de aventura e na energia adolescente de seus protagonistas.

A trama reconta a origem de Leonardo, Michelangelo, Donatello, Raphael e o mestre Splinter. Animais comuns transformados em humanoides quando um mutagênico cai nos esgotos. Já adolescentes, as tartarugas querem se integrar no mundo dos humanos, mas Splinter teme que eles sejam tratados como monstros e caçados ou usados como arma. Os quatro irmãos acabam ficando amigos da adolescente April O’Neil e juntos vão investigar a gangue do Superfly, que vem aterrorizando a cidade. Ao longo da investigação descobrem que Superfly é também um mutante que lidera um bando de outros mutantes.

terça-feira, 26 de setembro de 2023

Crítica – Jagun Jagun: O Guerreiro

 

Análise Crítica – Jagun Jagun: O Guerreiro

Review – Jagun Jagun: O Guerreiro
Apesar de algum contato com os filmes produzidos por países africanos, confesso que ainda conheço pouco a respeito sobre os filmes iorubás feitos na Nigéria. Talvez por isso minha curiosidade em conferir este Jagun Jagun: O Guerreiro, épico iorubá produzido na Nigéria e distribuído pela Netflix.

A trama conta a história de Ogunjimi (Femi Adebayo), um líder tribal que ganhou renome e temor pela região por conta de suas habilidades de guerreiro e exércitos que comanda. Qualquer um que busque vencer uma batalha procura a ajuda do temível Ogunjimi e qualquer guerreiro que busque provar seu valor almeja treinar sob o comando dele. É então que aparece Gbotija (Lateef Adedimeji), um jovem valoroso que tem a habilidade de se comunicar com as árvores e quer se tornar um guerreiro para vingar o pai e a destruição de sua vila. O talento e o caráter de Gbotija despertam atenção do exército de Ogunjimi, mas o líder vê a ascensão do jovem como uma ameaça a seu comando e tenta eliminá-lo ao lhe incumbir de cumprir três tarefas praticamente impossíveis para ser aceito em suas fileiras.

segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Crítica – Sex Education: 4ª Temporada

 

Análise Crítica – Sex Education: 4ª Temporada

Review – Sex Education: 4ª Temporada
O fim de uma série da qual gostamos é sempre algo agridoce. Por um lado queremos ver mais, por outro temos a satisfação de vê-la encerrar antes que se alongue demais. No caso de Sex Education esses sentimentos ainda encontram a constatação de que o elenco já passou do ponto em que é capaz de nos convencer de que são adolescentes, então é melhor mesmo colocar um ponto final.

Quando escrevi sobre a terceira temporada, mencionei como um dos grandes méritos da série era sua capacidade de sempre dar complexidade a seus personagens e mesmo figuras que operam como antagonistas ou vilões nunca são reduzidos a figuras unidimensionais. A temporada começa com Otis (Asa Butterfield), Eric (Ncuti Gatwa) e os demais chegando a um novo colégio, este mais inclusivo e aberto. Enquanto isso Maeve (Emma Mackey) começa seu curso nos Estados Unidos e a mãe de Otis, Jean (Gillian Anderson), começa a demonstrar que está sofrendo de depressão pós-parto. Na nova escola Otis tenta abrir uma nova clínica de aconselhamento, mas descobre que o local já tem sua terapeuta sexual em O (Thaddea Graham), iniciando uma rivalidade com a garota.

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Crítica – Novela

 

Análise Crítica – Novela

Review – Novela
A telenovela é o principal produto de ficção seriada televisiva no Brasil, é tão assistida e seus elementos fundamentais são tão conhecidos pelo público que é possível parodiá-los em uma série como Novela, produção brasileira para a Prime Video. A série tenta funcionar simultaneamente como uma celebração desse tipo de produto e uma sátira de seus clichês.

A trama é protagonizada por Isabel (Monica Iozzi) uma roteirista que aspira se tornar autora de novelas. Seu sonho parece estar perto de virar realidade quanto ela passa a trabalhar para o renomado dramaturgo Lauro Valente (Miguel Falabella), que a encoraja a escrever sua própria novela. Acontece que Lauro rouba o trabalho de Isabel, passando como se fosse dele e produzindo a novela dela sob o nome de Rebote do Destino. Na festa de estreia da novela, Isabel se dispõe a revelar tudo para o público, mas em um acidente bizarro ela vai parar dentro do mundo da novela, tomando o lugar da mocinha Izabel, que era interpretada por Grazi (Maria Bopp), uma ex-participante de reality show. Dentro da novela, a presença de Isabel muda os rumos da trama e enquanto ela tenta encontrar um modo de sair, Lauro tenta encontrar um meio de retomar o controle da produção e justificar o que está acontecendo para os executivos da emissora.

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Crítica – Na Mira do Júri

 

Análise Crítica – Na Mira do Júri

Review – Jury Duty
Faz tempo que eu não via uma série tão singular quanto Na Mira do Júri. Misturando ficção e realidade, a série se apresenta inicialmente como um documentário sobre pessoas que servem como jurados em julgamentos nos Estados Unidos. Logo de cara, no entanto, a série nos informa que todo o julgamento é encenado e praticamente todos os sujeitos filmados são atores exceto um dos jurados, Ronald Gladden, um sujeito comum que acha que foi realmente convocado a servir em um júri e que agora precisa navegar pelos meandros do tribunal e lidar com os excêntricos colegas de júri.

Ronald é como um protagonista de filme que não sabe que é um protagonista. Tudo é feito ao redor dele e a trama precisa se adaptar ao modo como ele reage aos eventos e outros personagens. É um esforço logístico hercúleo para uma produção funcionar assim, tendo um roteiro, mas precisando de espaço para improvisar caso Ronald decida seguir por outros caminhos.

terça-feira, 19 de setembro de 2023

Crítica – O Conde

Análise Crítica – O Conde

 

Review – O Conde
Dirigido pelo chileno Pablo Larraín O Conde parte de uma premissa bem curiosa: e se o ditador Augusto Pinochet não tivesse morrido e na verdade fosse um vampiro que ainda estivesse vagando por aí? É uma ideia que por si só já despertou minha curiosidade, mas infelizmente a premissa acaba sendo mais interessante do que o filme em si.

Na trama, o Conde (Jaime Vadell), apelido pelo qual Pinochet gosta de ser chamado, é um vampiro que vive recluso em uma propriedade remota se alimentando do sangue de incautos enquanto lida com a cobiça de sua esposa e seus filhos que, ao contrário dele, não são vampiros. O Conde fica entediado com essa imortalidade e decide que em breve dará um fim a sua vida, dividindo seus bens entre os herdeiros, o que gera briga entre eles. No entanto a chegada da contadora Carmen (Paula Luchsinger) desperta novos interesses no velho vampiro.

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Rapsódias Revisitadas – Oldboy

Análise Crítica – Oldboy

 

Review – Oldboy
Tramas de vingança normalmente abordam como a busca por vingança devasta tanto o vingador quanto o alvo de sua fúria, mas poucos filmes mostram isso de maneira tão brutal e com consequências tão devastadoras como Oldboy. Lançado em 2003 e dirigido por Park Chan-Wook, o filme completa vinte anos em 2023 e volta aos cinemas em uma versão remasterizada em 4K.

A trama acompanha Oh Dae-Su (Choi Min-Sik) um homem relativamente patético que é sequestrado depois de uma noite de bebedeira. Dae-Su passa quinze anos preso em um minúsculo apartamento sem saber o que seus captores querem com ele, quando será solto ou o motivo de ter sido capturado. Quando misteriosamente acorda fora do cativeiro, ele busca se vingar daqueles que o prenderam, conseguindo ajuda da jovem Mi-do (Kang Hye-Jeong) para investigar seu passado. O problema é que os captores de Dae-Su parecem observá-lo de perto e a oportunidade de vingança soa como uma grande armadilha.