Cinebiografias de músicos são um
filão constantemente explorado pela indústria do cinema. Artistas famosos como
Johnny Cash, Ray Charles, Elton John ou Elvis já ganharam filmes inspirados em
suas vidas. Com uma produção tão profícua era apenas questão de tempo até que
esse tipo de filme fosse parodiado. Isso aconteceu em 2007 com o lançamento de A Vida é Dura: A História de Dewey Cox.
O filme conta a história do
fictício músico Dewey Cox (John C. Reilly) e o modo como superou adversidades
para alcançar o sucesso. A trama brinca bastante com os clichês de como esse
tipo de filme é estruturado, apresentando todos os momentos padrão dessas
histórias, como a infância pobre e traumática (ele acidentalmente corta o irmão
no meio com um facão), o abuso de drogas, os amores e as influências dele sobre
outros músicos.
É tudo construído com um exagero
extremo, ciente de como certos formatos já estão batidos em cinebiografias,
como o fato da primeira esposa de Dewey, Edith (Kristen Wiig) dizer sem
sutileza o tempo todo de como ele precisa desistir do sonho de ser músico ou
como o pai de Dewey fala constantemente que o filho errado morreu. Em um dado
momento, quando Dewey grava Walk Hard,
a música que o tornaria famoso, o filme faz piada no modo como a montagem
desses filmes dá a impressão de que o sucesso vem rápido com a cena do estúdio
cortando diretamente para um locutor de rádio anunciando a canção que terminou
de ser gravada há três minutos atrás.