sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Crítica – Cinemagia: A História das Videolocadoras de São Paulo

 

Análise Crítica – Cinemagia: A História das Videolocadoras de São Paulo

Review – Cinemagia: A História das Videolocadoras de São Paulo
Devo muito da minha cinefilia às videolocadoras. Seja na época do VHS ou do DVD, alugar e assistir filmes era parte central da minha vivência no audiovisual e talvez tenha sido um dos fatores que me levou a trabalhar com isso eventualmente. O documentário Cinemagia: A História das Videolocadoras de São Paulo visa reconstruir as memórias desse tempo e também ponderar sobre aquilo que deixamos pelo caminho quando abraçamos os streamings e deixamos de lado a estrutura de locadoras.

O longa conta a história das videolocadoras a partir dos casos da cidade de São Paulo, mostrando como o negócio começou de maneira informal, com pessoas trazendo filmes de fora e copiando uns dos outros para montarem suas locadoras até a eventual derrocada para os streamings nos últimos anos. Em meio a isso tudo o ramo viveu a profissionalização e combate à pirataria, a revolução do DVD, a concorrência de franquias estrangeiras como a Blockbuster Video e uma série de outras coisas.

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Crítica – A Queda da Casa de Usher

 

Análise Crítica – A Queda da Casa de Usher

Review – A Queda da Casa de Usher
Não vi as séries anteriores que o diretor Mike Flanagan fez para a Netflix, como Missa da Meia Noite e A Maldição da Residência Hill, mas o que me atraiu para este A Queda da Casa de Usher ser inspirada na obra de Edgar Allan Poe. Apesar do título evocar um conto específico do escritor e poeta, a minissérie pega elementos de várias histórias e poemas escritos por ele, com cada episódio evocando uma obra específica além de personagens inspirados em diferentes outras obras.

A narrativa se passa nos dias atuais, sendo centrada no magnata da indústria farmacêutica Roderick Usher (Bruce Greenwood). Sua empresa está no auge do poder e riqueza depois de lançar um analgésico altamente viciante que agrava a epidemia de opioides nos EUA. Aos poucos eventos estranhos começam a acontecer ao redor dele e de sua família, com seus filhos sendo mortos um a um. É então que a irmã de Roderick, Madeline (Mary McDonnell), se recorda de um acordo que fizeram com uma misteriosa mulher (Carla Gugino) anos atrás em troca de poder e riqueza.

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Crítica – Ângela

 

Análise Crítica – Ângela

Review – Ângela
O assassinato de Ângela Diniz pelo companheiro Raul “Doca” Street foi um ponto de virada na discussão sobre feminicídio no Brasil. Inicialmente o assassino saiu praticamente incólume ao usar o argumento machista de “defesa da honra”, o Ministério Público recorreu e conseguiu uma sentença mais coerente com a severidade do crime. Toda essa discussão está ausente de Ângela, produção que foca na relação entre a socialite e Street, discorrendo sobre o impacto do crime apenas em cartelas de texto ao final.

A trama segue Ângela (Isis Valverde) do momento em que ela primeiro conhece Raul (Gabriel Braga Nunes) em uma festa até seu assassinato nas mãos do companheiro. É uma escolha estranha de parar a história no momento do crime, já que é nos desdobramentos posteriores e em toda a discussão sobre feminicídio o motivo do caso ter sido tão emblemático e permanecer até hoje em nossa memória coletiva originando produções como esta ou o excelente podcast Praia dos Ossos.

terça-feira, 24 de outubro de 2023

Drops – Hypnotic: Ameaça Invisível

 

Análise Crítica – Hypnotic: Ameaça Invisível

Review – Hypnotic: Ameaça Invisível
Dirigido por Robert Rodriguez Hypnotic: Ameaça Invisível soa como uma mistura de A Origem (2010) com Em Transe (2013) e O Vidente (2007), mas não consegue fazer nada de interessante com essa junção de elementos. A trama gira em torno do detetive Rourke (Ben Affleck), um policial traumatizado pelo sequestro da filha que busca incansavelmente seu paradeiro. As coisas se complicam quando Rourke encontra o misterioso Dellrayne (William Fichtner), um sujeito que parece ter o poder de controlar a mente das pessoas ao seu redor. Com a ajuda da misteriosa Diana (Alice Braga), o policial descobre que Dellrayne é um “hipnótico”, alguém com o poder de influenciar as mentes dos outros e alterar as percepções de realidade de seus alvos.

A ideia de poder mexer com a mente das pessoas poderia ser um veículo para pensar o funcionamento da psique humana e como projetamos nossa subjetividade no mundo a nossa volta. Poderia ser usado também como uma metáfora para os tempos de desinformação em que vivemos, onde pessoas vivem presas em bolhas de fake news e não conseguem mais se conectar com a realidade. Ao invés disso, os poderes dos personagens são usados apenas para gerar cenas de ação e reviravoltas.

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Crítica – Assassinos da Lua das Flores

 

Análise Crítica – Assassinos da Lua das Flores

Review – Assassinos da Lua das Flores
Sabemos que a prosperidade econômica dos Estados Unidos em parte se deveu ao genocídio indígena e o fato do país ter tomado as terras de vários povos originários na expansão rumo ao oeste. Mesmo com essa informação, a verdade é que ainda sabemos muito pouco sobre os massacres cometidos contra minorias no país que visavam não apenas tomar as riquezas desses povos como também impedir a formação de uma elite não branca. Assassinos da Lua das Flores, novo filme de Martin Scorsese, traz um mergulho profundo em um capítulo da história dos EUA que mostra como a riqueza dos brancos foi construída sobre o sangue e cadáveres de indígenas.

A trama é baseada na história real contada no livro homônimo escrito por David Grann e se passa no início do século XX no estado do Missouri, nas terras do povo Osaje, nação indígena deslocada para o centro do país durante a expansão para o oeste em terras que aparentemente não valiam nada. Quando petróleo é encontrado nas terras Osaje, o povo começa a prosperar, mas logo chegam uma série de empresários e trabalhadores brancos de olho na riqueza que os indígenas adquiriram. Um desses trabalhadores é Ernest (Leonardo DiCaprio), veterano da Primeira Guerra que chega para trabalhar com o tio, Bill Hale (Robert DeNiro), um empresário que posa de benfeitor, mas almeja obter controle sobre as concessões de petróleo indígenas.

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Crítica – Megatubarão 2

 

Análise Crítica – Megatubarão 2

Review – Megatubarão 2
Continuações normalmente permitem ampliar o original e aprender com os erros de realizar a primeira experiência, muitas vezes entregando um produto mais maduro e melhor resolvido. Nada disso acontece em Megatubarão 2, que não só não aprendeu nada com os erros do original como ainda abre espaço para novos equívocos.

A trama é mais uma vez protagonizada por Jonas Taylor (Jason Statham) que agora trabalha para a fundação que pesquisa e preserva o ecossistema abissal do primeiro filme. Logicamente existem pessoas em busca de ganho financeiro com os recursos do abismo e visão tomar o controle da fundação. Quando um ato de sabotagem na instalação submarina causa explosões que criam aberturas grandes na fenda para que os seres ancestrais passem por elas, o mundo inteiro fica em risco.

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Crítica – BlackBerry

 

Análise Crítica – BlackBerry

Review – BlackBerry
Hollywood se interessou em contar várias histórias de produtos em 2023. Tivemos Air, TetrisFlaming Hot e The Beanie Bubble, todos de alguma maneira usando histórias de produtos ou pessoas de sucesso para confirmar todos os mitos sobre o capitalismo e empreendedorismo. Pensei que BlackBerry poderia ser mais uma dessas produções, mas a produção acertadamente vai na contramão de outras histórias de produtos para refletir que não existe garantia de sucesso, que você pode “trabalhar enquanto eles dormem”, ser o melhor no faz, dar tudo de si e ainda assim fracassar.

Alguns poderiam dizer que é um retrato pessimista, mas eu diria que é uma visão realista de como as coisas funcionam no mundo capitalista no qual nem tudo é mérito individual e que nos lembra como são ingênuas noções de que tudo vai dar certo se você simplesmente se dedicar e fazer por merecer. A trama conta a história real de ascensão e queda do BlackBerry, o primeiro smartphone, que dominou o mercado por alguns anos até ser completamente obliterado pela Apple e seu iPhone. Acompanhamos o engenheiro Mike Lazaridis (Jay Baruchel) e o executivo Jim Balsillie (Glenn Howerton) conforme eles tomam o mercado de telefonia móvel com um produto que ninguém pensava ser possível de fazer.

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Rapsódias Revisitadas – Jamaica Abaixo de Zero

 

Resenha – Jamaica Abaixo de Zero

Review  - Jamaica Abaixo de Zero
Perdi as contas de quantas vezes assisti Jamaica Abaixo de Zero na Sessão da Tarde na TV quando criança. Eu gostava tanto do filme que cheguei a gravar o filme VHS pra rever quando quisesse. Como em 2023 ele comemora 30 anos de seu lançamento em 1993, resolvi falar um pouco sobre ele.

A trama se baseia na história real da formação de uma equipe jamaicana de corrida trenó para as Olimpíadas de Inverno de 1988. Um esporte de inverno em uma ilha tropical é uma ideia tão insólita que é fácil entender porque a Disney quis transformar isso em filme. No filme a narrativa é centrada em Derice (Leon) um velocista que sonha em representar o país nas Olimpíadas. Quando um acidente na classificatória tira de Derice as chances de competir, ele busca outras alternativas ao sonho olímpico. É aí que ele conhece Irv (John Candy), estadunidense radicado em Kingston que anos atrás tentou convencer o pai de Derice a formar uma equipe de trenó com velocistas jamaicanos. Apesar de afastado do esporta há décadas, Irv relutantemente aceita treinar Derice e a equipe formada por ele.

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Crítica – Camaleões

 

Análise Crítica – Camaleões

Review – Camaleões
Estrelado por Benicio del Toro e Justin Timberlake, Camaleões é mais uma daquelas tramas investigativas que tenta seguir o tom realista e sorumbático das produções dirigidas por David Fincher, mas sem alcançar  impacto ou a precisão da condução do diretor. A trama gira em torno do detetive Nichols (Benicio del Toro), transferido para uma nova cidade depois que seu parceiro anterior é pego em um escândalo de corrupção e Nichols é inocentado, sendo marcado como delator. O detetive é incumbido de investigar o assassinato de uma jovem corretora de imóveis que namorava um dos empresários mais proeminentes da cidade, Will (Justin Timberlake).

Conforme a investigação progride, o que parecia ser um crime brutal e inexplicável vai aos poucos se conectando com negócios escusos da elite da cidade, traficantes de drogas e a própria polícia ao ponto em que Nichols não sabe em quem confiar, já que até a família de sua esposa, Judy (Alicia Silverstone), parece estar envolvida. Se no início o brutal assassinato dá a impressão de uma intenção específica, como se fosse um trabalho de serial killer, as coisas vão se tornando mais banais conforme a verdade começa a aparecer e todo o pano de fundo de corrupção policial se torna mundano demais diante de toda a atmosfera soturna que o filme tenta construir.

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Crítica – Dezesseis Facadas

 

Análise Crítica – Dezesseis Facadas

Review – Dezesseis Facadas
Misturando viagem no tempo com um serial killer saído diretamente de um terror slasher, Dezesseis Facadas parte de uma premissa insólita para produzir um misto de comédia e suspense bem divertido. A mistura poderia render algo tonalmente bagunçado, mas a produção é competente em equilibrar as várias facetas de sua narrativa de maneira equilibrada.

A trama é protagonizada por Jamie (Kiernan Shipka), uma garota que foi criada pela mãe, Pam (Julie Bowen), para sobreviver qualquer tipo de ataque depois que Pam passou pelo trauma na adolescência de ver todas as amigas mortas por um serial killer mascarado. Décadas depois o assassino reaparece para atacar Pam e Jamie, com Jamie acidentalmente ativando o protótipo de uma máquina do tempo que uma amiga fez para a feira de ciências da escola, levando a protagonista à década de 80. Lá Jamie encontra uma versão adolescente de Pam (Olivia Holt) e precisa usar seu conhecimento do futuro para que as amigas da mãe não sejam assassinadas.