O brutal processo de travessia do Mar Mediterrâneo por
imigrantes africanos já foi narrado por inúmeras produções europeias e
africanas. O italiano Eu, Capitão é
mais um fazer uma crônica a respeito disso, mas a despeito deu seu realismo
implacável não tem muito a acrescentar a esses discursos.
A trama é focada em Seydou (Seydou Sarr) um jovem senegalês
que está juntando dinheiro com um primo para que ambos consigam atravessar de
barco para a Itália. A mãe de Seydou e outras pessoas ao seu redor tentam
dissuadi-lo dessa atitude, alertando para os perigos dessa travessia, bem como
do fato de que a Europa não é a utopia que os retratos midiáticos fazem
parecer. Ainda assim Seydou decide empreender a viagem e é defrontado com uma
realidade tacanha de violência e exploração.
O filme enquadra a viagem migratória de Seydou e do primo
como um verdadeiro calvário no qual ele não encontra nada além de sofrimento.
Autoridades dos países que ele atravessa os extorquem cobrando subornos para
deixá-los passar por pontos de checagem, atravessadores criminosos os tornam
reféns e tentam cobrar dinheiro de suas famílias e o status ilegal deles em
países como Líbia, que Seydou passa um tempo durante a travessia, os impede até
mesmo de procurar um hospital em caso de necessidade.