segunda-feira, 11 de março de 2024

Crítica – As Five: Terceira Temporada

 

Análise Crítica – As Five: Terceira Temporada

Resenha Crítica – As Five: Terceira Temporada
Depois de uma ótima primeira temporada, As Five entregou um segundo ano que parecia mais interessado em emular a série Girls, deixando um pouco a desejar. Essa terceira e última temporada mantem esse clima de querer soar como uma série gringa, mas o principal problema é que não encontra tramas interessantes para boa parte de suas personagens.

Lica (Manoela Aliperti) repete o mesmo arco de imaturidade e dependência financeira da mãe das outras temporadas. A impressão é que a personagem caminha em círculos sem ir para lugar algum. O arco dela poderia ter sido sobre ela construindo seu próprio portal depois de viralizar com a reportagem sobre Ellen (Heslaine Vieira) na temporada anterior, no entanto a série prefere requentar os mesmos conflitos de antes. Sim, a trama dá um motivo do porquê, apesar de tudo o portal de Lica não deslanchou, mas não é lá muito convincente.

Conheçam os vencedores do Oscar 2024

 

2024 Oscar Winners

A cerimônia do Oscar aconteceu ontem, 10 de março, e sagrou Oppenheimer como seu principal vencedor levando sete das treze estatuetas para qual foi indicado, incluindo melhor filme e melhor diretor. Apresentada por Jimmy Kimmel, a premiação não teve muitas surpresas, com os vencedores sendo os mesmos que vinham vencendo nas mesmas categorias em outras premiações. Ao menos o horário mais cedo da premiação não a fez se estender madrugada adentro como em outros anos. Além de Oppenheimer, Pobres Criaturas venceu quatro Oscars e Zona de Interesse levou dois. Por outro lado, Assassinos da Lua das Flores saiu sem nada apesar de ter recebido dez indicações.

Confiram abaixo a lista completa de indicados com vencedores em destaque.

sexta-feira, 8 de março de 2024

Rapsódias Revisitadas – A Entrevista

 

Análise – A Entrevista

Resenha - A Entrevista
Lançado em 1966 e dirigido por Helena Solberg, o curta documental A Entrevista se estrutura ao redor de várias conversas de mulheres de classe média alta, com idades variando entre 19 e 27 anos. Essas mulheres falam de dilemas caros à época, como o papel da mulher na sociedade, entre o que se espera delas e o pensamento ainda em construção sobre sexo, casamento, virgindade, formação profissional, emancipação e outros temas do cotidiano feminino da época.

As vozes dessas mulheres estão fora de quadro, já que elas não quiseram mostrar seus rostos ou nomes no filme. Uma decisão compreensível considerando que em 1966 mulheres falando de sexo ou o desejo de uma carreira eram temas relativamente tabu e serem vistas conversando sobre isso poderia afetar a reputação das entrevistadas. Enquanto ouvimos essas entrevistas, o filme nos mostra fotografias de diferentes mulheres e imagens de uma mulher se preparando para seu casamento. A noiva é a cunhada da diretora, Glória Solberg, e é a única entrevista com som sincrônico, em que vemos a pessoa que está falando.

quinta-feira, 7 de março de 2024

Crítica – O Astronauta

 

Análise Crítica – O Astronauta

Review – O Astronauta
Sempre fico curioso com os trabalhos mais sérios de Adam Sandler. Em geral o ator parece render mais em produções assim, como Joias Brutas (2019) do que nas comédias pastelão que ele próprio produz. Esse O Astronauta, no entanto, é um raro caso de um trabalho mais sério protagonizado por Sandler que não funciona.

Na trama, Jakub Prochazka (Adam Sandler) é o primeiro homem da República Checa a ir para o espaço. Ele viaja sozinho em uma missão para investigar a Nuvem Chopra, uma estranha nebulosa que surgiu próxima a Júpiter anos atrás e deixou nosso céu parcialmente roxo. Sem dormir e extremamente solitário, o astronauta começa a perceber uma estranha criatura em sua nave, um ser que parece uma aranha gigante a quem ele chama de Hanus (Paul Dano). Conversar com Hanus aplaca sua solidão e a criatura alienígena se mostra curiosa sobre a humanidade e passa a querer saber mais sobre Jakub, o impelindo a falar sobre seu passado e sua relação complicada com a esposa, Lenka (Carey Mulligan).

quarta-feira, 6 de março de 2024

Crítica - Bom Dia, Verônica: 3ª Temporada

 

Análise Crítica - Bom Dia, Verônica: 3ª Temporada

Review - Bom Dia, Verônica: 3ª Temporada
Depois de um segundo ano em que a trama se perde um pouco em uma conspiração excessivamente mirabolante, Bom Dia, Verônica chega em sua terceira e última temporada com uma duração abreviada de apenas três episódios. Imagino que deve ter sido mais uma decisão de financiamento da Netflix do que da equipe criativa da série, já que o número reduzido não dá conta de resolver tudo que foi construído até aqui com o impacto que deveria.

A trama começa no ponto onde o segundo ano parou. Depois que Verônica (Tainá Muller) prende o evangelista Matias (Reynaldo Gianecchini) ela vai atrás do misterioso Doúm, líder da máfia da qual Matias fazia parte. Investigando as origens do grupo criminoso, ela fica na mira de Jerônimo (Rodrigo Santoro), que parece saber mais do que parece. Quando a filha de Verônica é sequestrada, ela precisa correr para solucionar tudo.

terça-feira, 5 de março de 2024

Crítica – Garra de Ferro

 

Análise Crítica – Garra de Ferro

Review – Garra de Ferro
Em certo sentido Garra de Ferro me lembrou um pouco Foxcatcher (2014) por ser uma biografia sobre lutadores que tentam melhorar de vida, se envolvem em relações tóxicas com as pessoas responsáveis por seu treino e tudo acaba em tragédia. A diferença é que Foxcatcher era todo focado em mostrar esse lado sombrio do dito “sonho americano” enquanto Garra de Ferro parece incerto do que efetivamente quer, variando entre uma análise crítica da tragédia da família Von Erich e uma celebração de seu legado no universo da luta livre.

Focada em Kevin Von Erich (Zac Efron), a narrativa conta a história real de sua família. O mais velho de quatro irmãos, Kevin é conduzido pelo pai, Fritz (Holt McCallany), a se tornar um lutador. Fritz conduz a família com rigidez, criando um ambiente de competição entre os filhos no qual eles não disputam apenas títulos, mas também a afeição do pai. A exigência de Fritz que os filhos sejam os melhores os leva a excessos, como uso de anabolizantes, drogas e uma série de inseguranças. Essa combinação acaba levando a maioria dos filhos a destinos trágicos.

segunda-feira, 4 de março de 2024

Crítica – Ficção Americana

 

Análise Crítica – Ficção Americana

Em O Perigo da História Única a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie fala sobre o período em que estudou nos Estados Unidos e como um professor que teve na faculdade avaliou um trabalho seu de escrita dizendo que os personagens dela não soavam genuinamente africanos. O professor dizia que ela criava personagens de classe média que mais soavam como brancos do norte global como ele do que como pessoas africanas. Ele ignorava que a escritora vinha de uma família negra de classe média urbana da Nigéria e Chimamanda usa essa anedota para mostrar como pessoas de fora da África negra acham que escrever sobre a região consistiria em falar quase que exclusivamente sobre pobreza, miséria e doença. A escritora alerta para o perigo dessa história única dizendo que reduzir todas as experiências e vivências da população negra na África simplificaria toda a complexidade de um conjunto enorme de pessoas.

Esse debate sobre o que seria uma “arte negra” está no cerne do filme Ficção Americana. Embora a trama se passe nos Estados Unidos ele discute questões muito similares à fala Chimamanda Ngozi Adichie, criticando como a indústria cultural estadunidense reduz a experiência negra a essa história única. A trama segue Thelonious “Monk” Ellison (Jeffrey Wright), um escritor talentoso que não consegue vender seu novo livro para editoras. Sempre que submete a uma editora diferente recebe elogios por sua escrita, mas é criticado por não falar sobre “a experiência negra”, uma fala que o personagem considera duplamente problemática.

sexta-feira, 1 de março de 2024

Crítica – Eu, Capitão

 

Análise Crítica – Eu, Capitão

Review – Eu, Capitão
O brutal processo de travessia do Mar Mediterrâneo por imigrantes africanos já foi narrado por inúmeras produções europeias e africanas. O italiano Eu, Capitão é mais um fazer uma crônica a respeito disso, mas a despeito deu seu realismo implacável não tem muito a acrescentar a esses discursos.

A trama é focada em Seydou (Seydou Sarr) um jovem senegalês que está juntando dinheiro com um primo para que ambos consigam atravessar de barco para a Itália. A mãe de Seydou e outras pessoas ao seu redor tentam dissuadi-lo dessa atitude, alertando para os perigos dessa travessia, bem como do fato de que a Europa não é a utopia que os retratos midiáticos fazem parecer. Ainda assim Seydou decide empreender a viagem e é defrontado com uma realidade tacanha de violência e exploração.

O filme enquadra a viagem migratória de Seydou e do primo como um verdadeiro calvário no qual ele não encontra nada além de sofrimento. Autoridades dos países que ele atravessa os extorquem cobrando subornos para deixá-los passar por pontos de checagem, atravessadores criminosos os tornam reféns e tentam cobrar dinheiro de suas famílias e o status ilegal deles em países como Líbia, que Seydou passa um tempo durante a travessia, os impede até mesmo de procurar um hospital em caso de necessidade.

quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Crítica – A Memória Infinita

 

Análise Crítica – A Memória Infinita

Review – A Memória Infinita
A memória do passado orienta nosso presente e informa nossas decisões do futuro. Sem memória seria difícil até estabelecermos nossa personalidade. A importância da memória na identidade pessoal e nacional é o cerne do documentário chileno A Memória Infinita, que indiretamente também pondera sobre o papel do audiovisual na preservação da memória.

O filme é centrado no casal Augusto e Paulina. Eles são casados há 25 anos e há oito Augusto descobriu que está com Alzheimer. Ambos se preocupam com a degeneração mental de Augusto e com a eventualidade de que ele não reconheça mais a esposa ou a si mesmo. O documentário acompanha o cotidiano do casal e das crises causadas pela doença de Augusto e imagens de arquivo que mostram a vida pregressa tanto de Augusto quanto de Paulina.

É tocante ver o cuidado que Paulina tem com o marido e a paciência com a qual conversa com ele nos momentos em que ele está mais confuso e o faz lembrar de quem é e da relação entre eles. É igualmente tocante como Augusto volta a se apaixonar por Paulina mesmo quando não a reconhece, revelando como o amor entre dois sobrevive até mesmo ao esquecimento.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Crítica – Duna: Parte Dois

 

Análise Crítica – Duna: Parte Dois

Review – Duna: Parte Dois
Depois de um Duna: Parte Um (2021) que servia como um grande prólogo para o conflito principal do romance de Frank Herbert, o diretor Denis Villeneuve chega neste Duna: Parte Dois com a expectativa de entregar um desfecho para todos os conflitos iniciados na primeira parte. É uma responsabilidade grande considerando que o livro é bastante denso e nunca teve uma adaptação que fizesse jus a ele.

A narrativa segue no ponto em que o primeiro parou. Paul (Timothee Chalamet) e sua mãe, Lady Jessica (Rebecca Ferguson) agora vivem entre os fremen, o povo do deserto. Paul deseja aprender os modos dele para enfrentar a ocupação dos Harkonnen, mas sua mãe tem planos ainda maiores, usar uma antiga profecia para convencer os fremen de que Paul é o messias prometido e assim fazê-lo se tornar o líder dos povos de Arrakis. As coisas se complicam quando o Barão Harkonnen (Stellan Skarsgard) manda seu cruel sobrinho Feyd-Rautha (Austin Butler) para atacar os fremen e controlar a extração da especiaria no planeta.