Depois de Chuva é
Cantoria na Aldeia dos Mortos (2018) os diretores João Salaviza e Renée
Nader Messora voltam a falar sobre a população indígena Krahô no interior do
Tocantins. Em A Flor do Buriti os
realizadores focam em narrar a história de luta pela terra dessa população e
como eles resistiram a múltiplos massacres.
A narrativa vai da década de 1940 aos dias atuais, mas sem
seguir uma cronologia, acompanhando a população da Aldeia Pedra Branca no
presente e se deslocando no tempo conforme eles contam as histórias do passado
ou seus espíritos entram em contato com ancestrais no passado, misturando cenas
encenadas e personagens reais para narrar como a opressão aos indígenas sempre
foi uma constante em suas vidas.
Se filmes como Martírio
(2016) mostram anos de descaso ou políticas questionáveis da parte do Estado
brasileiro, aqui essas décadas de descaso e perseguição são apresentadas do
ponto de vista dos próprios indígenas, narrado, inclusive em sua própria
língua. O fato dos Krahô falarem seu em sua língua é uma escolha estética e
política, permite que eles se coloquem em seus próprios termos, com seu
vernáculo e com toda a construção subjetiva e visão de mundo imbricada na
própria língua.