sexta-feira, 26 de abril de 2024

Crítica – Último Ato

 

Análise Crítica – Último Ato

Review – Último Ato
O que fazer para unificar uma nação profundamente polarizada depois que uma parcela do país tentou violentamente abolir o Estado? É uma pergunta que se aplica aos Estados Unidos de hoje (e também ao Brasil, infelizmente), mas no caso da minissérie Último Ato se refere ao fim da Guerra de Secessão dos EUA e como o assassinato do presidente Abraham Lincoln representou um freio nas tentativas de unificar o país, trazendo justiça social e punindo os golpistas.

A trama começa no dia do assassinato de Lincoln (Hamish Linklater) e segue os doze dias da caçada empreendida contra o assassino John Wilkes Booth (Anthony Boyle) pelo ministro da guerra de Lincoln, Edwin Stanton (Tobias Menzies, de Outlander), e pelo detetive Lafayette Baker (Patton Oswalt). Ao mesmo tempo, Stanton luta para que o governo não recue nas reformas pretendidas por Lincoln, principalmente quando o presidente Andrew Jackson (Glenn Morshower), ele próprio um ex-escravagista, parece disposto a capitular às demandas dos ricos do derrotado sul.

quinta-feira, 25 de abril de 2024

Crítica – Rebel Moon Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes

 

Análise Crítica – Rebel Moon Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes

Review – Rebel Moon Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes
Depois da entediante e inane primeira parte de Rebel Moon, o diretor Zack Snyder chega a este Rebel Moon Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes com a promessa de algo que vai mais direto ao ponto ao trazer o clímax da história com os rebeldes montando suas defesas contra o ataque do Mundo-Mãe. Apesar de ser basicamente uma longa cena de ação de quase duas horas, essa segunda parte é tão sem graça, inane e esquecível quanto a primeira.

Na trama, depois de recrutar mercenários de diferentes partes do universo, Kora (Sofia Boutella) retorna para a lua de Veldt para ajudar os camponeses a enfrentarem o ataque das forças imperiais lideradas por Noble (Ed Skrein). É isso, não tem mais trama do que esse fiapo de ideia copiada de Os Sete Samurais (1954) do Akira Kurosawa. O problema nem é reproduzir a ideia (em si ela poderia render algo bacana), mas fazer isso de maneira tão desinteressante.

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Crítica – Contra o Mundo

 

Análise Crítica – Contra o Mundo

Review – Contra o Mundo
Partindo da premissa mais batida possível para um filme de ação, Contra o Mundo diverte pelo senso de caos que cria tanto na narrativa quanto nas suas cenas de ação. A trama se passa em um futuro distópico no qual tudo é controlado pela poderosa Hilda Van Der Koy (Famke Janssen) que anualmente realiza um evento para exterminar seus opositores, executando-os publicamente em um programa de televisão. O protagonista (Bill Skarsgard) é um jovem que teve a família morta pelo regime de Koy quando ele era criança. Criado na floresta pelo misterioso Xamã (Yayan Ruhian), ele treinou a vida inteira para se vingar e agora decidiu que está pronto para o ataque. Como ele é mudo, nosso acesso ao protagonista se dá pela voz em sua cabeça (H. Jon Benjamin, voz do protagonista de Archer) que nos guia pela onda homicida do personagem.

Muito do humor vem do contraste entre a voz grave e áspera da narração de Benjamin e o total absurdo que acontece ao seu redor. A narração serve para entendermos o que se passa na cabeça do protagonista, mas o modo sério com o qual ele pensa sobre si mesmo sempre esbarra na maluquice que toma sua jornada de vingança ou na sua incompreensão do que o cerca, a exemplo do momento em que tenta ler os lábios de um sujeito falando um idioma diferente e tudo que a voz consegue transmitir é uma série palavras aleatórias sem sentido.

terça-feira, 23 de abril de 2024

Crítica – Rivais

 

Análise Crítica – Rivais

Review – Rivais
Em uma de suas primeiras cenas em Rivais, a tenista interpretada por Zendaya diz que tênis é como um relacionamento, quando você joga você descobre tudo sobre a pessoa e ganhar ou perder tem a ver em como você joga essa relação com o outro na quadra. A fala dá a tônica do filme, que gira em torno da relação de Tashi (Zendaya), uma tenista promissora que tem a carreira interrompida por uma lesão no joelho, com os também tenistas Art (Mike Faist) e Patrick (Josh O’Connor).

Art e Patrick se envolveram com Tashi na juventude e tem estilos de jogo opostos. Art arrisca pouco e é mais técnico, Patrick é mais temperamental e confia mais no próprio talento do que em técnicas de treinamento. Ambos se envolvem com Tashi ao longo dos anos, mas ela se casa com Art e se torna treinadora dele. Anos depois Art está em uma maré de derrotas e isso atrapalha os planos do casal para que ele ganhe o US Open, o único dos Grand Slams que Art ainda não venceu. Para tentar recuperar a confiança dele, Tashi o inscreve em um pequeno torneio em um country club, mas a presença de Patrick na competição revive rancores antigos entre os três.

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Crítica – Clube Zero

 

Análise Crítica – Clube Zero

Review – Clube Zero
Começando com um aviso de gatilho sobre as representações de distúrbios alimentares presentes no longa, Clube Zero acaba sendo mais sobre controle e a construção de uma mentalidade de culto. Sim, distúrbios alimentares estão presentes e são discutidos, mas a diretora austríaca Jessica Hausner parece mais interessada em como seu grupo de personagens se radicaliza do que nos distúrbios que surgem dessa radicalização.

A trama é centrada na professora Novak (Mia Wasikowska) que chega para dar aula em uma escola de elite e forma um clube sobre bem estar e nutrição para ajudar os estudantes. A professora tem visões bem radicais sobre alimentação, defendendo comer o mínimo possível para liberar as toxinas do corpo e para desestimular o predatismo da indústria agropecuária. Os estudantes sob sua tutela acreditam na mensagem da professora e entram em uma perigosa dinâmica na qual ela passa a exercer um controle excessivo sobre suas vidas e sua saúde.

sexta-feira, 19 de abril de 2024

Crítica – O Que Jennifer Fez?

 

Análise Crítica – O Que Jennifer Fez?

Review – O Que Jennifer Fez?
O documentário “true crime” virou um filão constantemente explorado por serviços de streaming. Se alguns ajudam a compreender como a sociedade lida com certos eventos extremos e as falhas nas leis ou nos órgãos que deveriam cuidar da população, a exemplo de O Mistério de Maya (2023), outros, como este O Que Jennifer Fez? parecem não ter nada a oferecer que não uma exploração sensacionalista do crime.

O documentário narra a invasão à casa de uma família de imigrantes vietnamitas em Ontário, Canadá. Os invasores matam a mãe e o pai é baleado e severamente ferido, ficando em coma. A filha Jennifer é a única sobrevivente do massacre, mas parece não ter muitas informações úteis para a polícia. De início as autoridades desconfiam que os pais dela poderiam estar envolvidos em algo ilegal, já que é um tipo de crime incomum na região, mas conforme a investigação avança as suspeitas passam a pairar sobre Jennifer.

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Drops – Kung Fu Panda 4

 

Análise Crítica – Kung Fu Panda 4

Review – Kung Fu Panda 4
Assim como outras animações que tiveram continuações demais, Kung Fu Panda 4 dá sinais de cansaço da franquia e um senso de que tudo é feito a toque de caixa simplesmente porque é mais barato e menos arriscado financeiramente fazer mais um do que tentar algo novo. A trama coloca Po para enfrentar uma nova vilã ao mesmo tempo em que o mestre Shifu o incumbe de encontrar um novo Dragão Guerreiro para substituí-lo, já que Po deve se tornar o líder espiritual do Vale da Paz. Em sua jornada, Po encontra a raposa Zhen e se alia a ela contra a nova vilã.

A trama é relativamente previsível, sendo óbvio desde o início que Zhen vai trair Po e depois se arrepender por conta da amizade genuína que o panda mostrou a ela. Do mesmo modo, é bem evidente quem Po escolherá como seu sucessor. A vilã Camaleoa, apesar da dublagem de Viola Davis torná-la ameaçadora, acaba se revelando uma antagonista bastante genérica, longe dos vilões marcantes dos filmes anteriores, em especial o Tai Lung do primeiro filme que reaparece aqui para nos lembrar de filmes melhores da franquia. A ideia da vilã poder se transformar em inimigos do passado de Po poderia servir de metáfora para o personagem confrontar seu passado, mas na narrativa nunca faz nada de muito interessante com esse conceito.

quarta-feira, 17 de abril de 2024

Crítica – O Túnel de Pombos

 

Análise Crítica – O Túnel de Pombos

Review – O Túnel de Pombos
Dirigido por Erroll Morris (responsável pelo seminal A Tênue Linha da Morte), o documentário O Túnel de Pombos é uma longa conversa com o elusivo escritor de romances de espionagem John Le Carré, pseudônimo de David Cornwell. Carré sempre foi uma figura reservada, não falando muito sobre sua vida pessoal, seu trabalho na inteligência britânica ou suas inspirações para seus romances, mas nesta conversa com Morris, filmada um ano antes de sua morte, ele se abre sobre vários desses aspectos.

O filme todo é estruturado ao redor das várias conversas que Morris filmou com Carré, sem outras fontes ou outros entrevistados além do próprio escritor. Interessa mais a Morris ouvir Carré e inquiri-lo a respeito de sua perspectiva pessoal acerca de sua trajetória ou das inspirações de sua obra do que ter outros falando, inclusive porque é tão raro que o autor aceite se abrir.

terça-feira, 16 de abril de 2024

Crítica – Fallout

 

Análise Crítica – Fallout

Review – Fallout
Depois do sucesso de The Last of Us, outro game passado em um cenário apocalíptico ganha uma adaptação como série televisiva. Fallout chama atenção pelo modo como se mantem fiel à estética dos games e suas mecânicas principais ao contar uma história sobre como esse mundo se tornou o deserto nuclear que conhecemos.

A trama se passa mais de duzentos anos depois que uma guerra nuclear dizimou o planeta. Parte da humanidade passou a viver em refúgios, abrigos subterrâneos protegidos da radiação da superfície. Os habitantes desses refúgios esperam a queda na radiação para voltar a habitar a superfície, que se tornou um deserto povoado por criaturas mutantes e saqueadores violentos. No centro da narrativa está Lucy (Ella Purnell), uma habitante do refúgio 33 que precisa se aventurar na superfície depois que seu pai é sequestrado por saqueadores.

A série transpõe com muita fidelidade a estética presente nos games que mescla referências dos anos 50 com elementos de futurismo, criando uma espécie de “futuro analógico”. O clima dos games, de um ermo hostil no qual diversas facções lutam por poder e dominação também está presente, com algumas dos principais grupos dos games aparecendo ao longo desta primeira temporada.

segunda-feira, 15 de abril de 2024

Crítica – Guerra Civil

 

Análise Crítica – Guerra Civil

Review – Guerra Civil
O diretor Alex Garland sempre traz elementos provocadores em seus filmes e isso ajuda a torná-los marcantes mesmo quando o resultado final não atinge plenamente seu potencial como em Aniquilação (2018) ou Men: Faces do Medo (2022), produções que, embora competentes, não tiveram o mesmo impacto que sua estreia na direção com Ex Machina: Instinto Artificial (2014). Guerra Civil tinha potencial para alcançar esse mesmo patamar com uma trama sobre os Estados Unidos divididos por um conflito interno.

A narrativa se passa em um futuro próximo no qual diferentes facções se separaram do governo dos Estados Unidos e agora lutam para derrubar o governo e tomar o controle do país. O governo federal está nas cordas, a guerra está praticamente perdida. Os jornalistas que cobrem a guerra praticamente não tem mais histórias para contar. O repórter Joe (Wagner Moura) e a fotojornalista Lee (Kirsten Dunst) decidem ir até Washington D.C para tentar uma entrevista com o presidente, talvez a única matéria que resta na guerra. Para isso terão que atravessar pelo meio do front de batalha entre regiões cheias de conflito. Na viagem eles são acompanhados pelo veterano repórter Sammy (Stephen McKinley Henderson) e a fotógrafa novata Jessie (Cailee Spaeny).