segunda-feira, 6 de maio de 2024

Crítica – Godzilla Minus One

 

Análise Crítica – Godzilla Minus One

Review Crítica – Godzilla Minus One
Quando se fala em filmes do Godzilla, muita gente lembra dos momentos mais farofa que se tornaram memes, como a imagem da criatura dando uma voadora em um monstro inimigo. A verdade, porém, é que o primeiro filme do Godzilla lançado em 1954 era uma produção séria que usava a criatura como um meio para expor o luto e o temor de um Japão arrasado pelas consequências das duas bombas atômicas disparadas contra o país. Quase 70 anos depois de sua origem, Godzilla Minus One devolve o rei dos monstros ao seu contexto original de um Japão pós Segunda Guerra para falar sobre os traumas desse período.

O filme se passa em 1947 com um Japão ainda se recuperando da guerra. Um país destruído, sem exército ou apoio internacional tendo que lidar com a ameaça atômica de Godzilla. O protagonista é Koichi Shikishima (Ryunosuke Kamiki) um piloto kamikaze que, nos momentos finais da guerra, fingiu um problema mecânico em seu avião para evitar a missão suicida que lhe foi dada. Ele volta para encontrar sua cidade em ruínas, seus vizinhos o repudiam por sua desonra de não levar a cabo sua missão e ele próprio se despreza por ter fugido da guerra.

sexta-feira, 3 de maio de 2024

Crítica – Garotos Detetives Mortos

 

Análise Crítica – Garotos Detetives Mortos

Review – Garotos Detetives Mortos
Não conhecia os quadrinhos dos Garotos Detetives Mortos do Neil Gaiman, mas sabia que se passavam no mesmo universo de Sandman e que a série de mesmo nome da Netflix também compartilharia o mesmo universo da série estrelada por Morpheus. Assim, o que me atraiu inicialmente em Garotos Detetivos Mortos foi ver mais do universo de Sandman nas telas, ainda que a série não seja tão arrojada em suas tramas ou visuais.

A narrativa é foca em Edwin (George Rextrew) e Charles (Jayden Revri), dois jovens fantasmas que seguem no mundo dos vivos evadindo a Morte (Kirby) e ajudando outros fantasmas a lidarem com problemas sobrenaturais. Depois que a dupla fica presa a uma cidade quando Edwin arruma problema com o Gato Rei (Lukas Gage), os dois acabam estabelecendo um escritório no local ao lado da médium Crystal (Kassius Nelson) enquanto tentam encontram um meio de desfazer a maldição do Gato Rei.

quinta-feira, 2 de maio de 2024

Crítica – Tales of Kenzera: Zau

 

Análise Crítica – Tales of Kenzera: Zau

Eu adoro metroidvanias, mas o que me atraiu mesmo para Tales of Kenzera: Zau foi a ambientação que misturava fantasia e afrofuturismo para contar uma história inspirada em mitologias africanas. A narrativa acompanha Zau, um xamã que parte em busca de Kalunga, o deus da morte, para pedir de volta a alma de seu falecido pai. Para cumprir o desejo de Zau, Kalunga propõe um desafio: se Zau conseguir domar três poderosos espíritos que evadiram o deus da morte, Kalunga trará o pai dele de volta. Assim, o jovem xamã parte em uma jornada pela terra de Kenzera para cumprir a missão.

É uma narrativa sobre luto, a dificuldade de se despedir de pessoas amadas e lidar com sua ausência. Ao longo de sua jornada e em no contato com os espíritos fugitivos a trama nos lembra que a morte é parte natural de nossa existência e que se perder na negação, na raiva ou em outros estágios do luto é causar desarmonia na natureza. A ideia da morte como algo natural do ciclo da vida se verifica principalmente na construção de Kalunga, que é menos um ceifador digno de medo e mais um conselheiro benevolente preocupado com Zau. São temas que a trama lida com muita sensibilidade, com o diretor Abubakar Salim construindo a narrativa a partir de sua experiência real de lidar com a morte do pai. Ao longo das cerca de oito horas de jogo (tempo que levei para completar a história e coletar todos os colecionáveis) me peguei emocionado em vários momentos.

terça-feira, 30 de abril de 2024

Crítica – Love Lies Bleeding: O Amor Sangra

 

Análise Crítica – Love Lies Bleeding: O Amor Sangra

Review – Love Lies Bleeding: O Amor Sangra
A máxima de que o amor nos leva a cometer as maiores loucuras é levada aos extremos mais violentos neste Love Lies Bleeding: O Amor Sangra conforme as duas protagonistas tentam proteger uma a outra e terminam por se envolver em mais crimes a cada nova tentativa. A narrativa se passa na década de 80 e é focada em Lou (Kristen Stewart), uma jovem solitária que trabalha em uma academia e se apaixona pela fisiculturista Jackie (Katy O’Brien). Lou tem uma relação ruim com o pai, também chamado Lou (Ed Harris), que é um importante traficante de armas da região e com quem Jackie vai trabalhar como garçonete em seu bar sem saber inicialmente o quanto ele é perigoso ou o parentesco dele. Expulsa de casa e viajando a esmo pelo país enquanto tenta competir em um torneio de fisiculturismo em Las Vegas, Jackie passa boa na academia em que Lou trabalha e as duas começam a se aproximar.

É curioso que apesar de ser um romance queer passado na década de 80, a homofobia é o menor dos problemas que essas personagens enfrentam, Mesmo o pai criminoso de Lou parece não se importar com o fato dela “gostar de garotas” e como ele é um criminoso conhecido isso dá a ela certa proteção. É uma maneira de não reduzir as experiências queer a uma existência de apenas lidar com o preconceito e explorar outras histórias que podem ser contadas com esses personagens.

segunda-feira, 29 de abril de 2024

Crítica – Xógum: A Gloriosa Saga do Japão

 

Análise Crítica – Xógum: A Gloriosa Saga do Japão

Review – Xógum: A Gloriosa Saga do Japão
Adaptando o romance homônimo de James Clavell, a minissérie Xógum: A Gloriosa Saga do Japão se baseia em eventos históricos da ascensão de Ieyasu Tokugawa à posição xógum, iniciando o período do xogunato que iria até a Restauração Meiji. Os trailers davam a impressão de uma trama tensa, cheia de intrigas e o produto final faz jus a essa promessa. Aviso que o texto pode conter SPOILERS da série.

A trama é centrada na figura de Yoshii Toranaga (Hiroyuki Sanada), inspirado na figura real de Tokugawa. Toranaga é membro de uma família nobre japonesa que poderia tomar o poder se quisesse, mas preferiu abdicar da posição. Como o herdeiro atual é uma criança, caberia a ele a posição de regente, mas ele crê que isso poderia enfraquecer a liderança do país e ao invés de um único regente o Japão passa a ser governado por um conselho de regentes. Esses conselheiros estão em constante disputa por poder e temem principalmente Toranaga.

sexta-feira, 26 de abril de 2024

Crítica – Último Ato

 

Análise Crítica – Último Ato

Review – Último Ato
O que fazer para unificar uma nação profundamente polarizada depois que uma parcela do país tentou violentamente abolir o Estado? É uma pergunta que se aplica aos Estados Unidos de hoje (e também ao Brasil, infelizmente), mas no caso da minissérie Último Ato se refere ao fim da Guerra de Secessão dos EUA e como o assassinato do presidente Abraham Lincoln representou um freio nas tentativas de unificar o país, trazendo justiça social e punindo os golpistas.

A trama começa no dia do assassinato de Lincoln (Hamish Linklater) e segue os doze dias da caçada empreendida contra o assassino John Wilkes Booth (Anthony Boyle) pelo ministro da guerra de Lincoln, Edwin Stanton (Tobias Menzies, de Outlander), e pelo detetive Lafayette Baker (Patton Oswalt). Ao mesmo tempo, Stanton luta para que o governo não recue nas reformas pretendidas por Lincoln, principalmente quando o presidente Andrew Jackson (Glenn Morshower), ele próprio um ex-escravagista, parece disposto a capitular às demandas dos ricos do derrotado sul.

quinta-feira, 25 de abril de 2024

Crítica – Rebel Moon Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes

 

Análise Crítica – Rebel Moon Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes

Review – Rebel Moon Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes
Depois da entediante e inane primeira parte de Rebel Moon, o diretor Zack Snyder chega a este Rebel Moon Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes com a promessa de algo que vai mais direto ao ponto ao trazer o clímax da história com os rebeldes montando suas defesas contra o ataque do Mundo-Mãe. Apesar de ser basicamente uma longa cena de ação de quase duas horas, essa segunda parte é tão sem graça, inane e esquecível quanto a primeira.

Na trama, depois de recrutar mercenários de diferentes partes do universo, Kora (Sofia Boutella) retorna para a lua de Veldt para ajudar os camponeses a enfrentarem o ataque das forças imperiais lideradas por Noble (Ed Skrein). É isso, não tem mais trama do que esse fiapo de ideia copiada de Os Sete Samurais (1954) do Akira Kurosawa. O problema nem é reproduzir a ideia (em si ela poderia render algo bacana), mas fazer isso de maneira tão desinteressante.

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Crítica – Contra o Mundo

 

Análise Crítica – Contra o Mundo

Review – Contra o Mundo
Partindo da premissa mais batida possível para um filme de ação, Contra o Mundo diverte pelo senso de caos que cria tanto na narrativa quanto nas suas cenas de ação. A trama se passa em um futuro distópico no qual tudo é controlado pela poderosa Hilda Van Der Koy (Famke Janssen) que anualmente realiza um evento para exterminar seus opositores, executando-os publicamente em um programa de televisão. O protagonista (Bill Skarsgard) é um jovem que teve a família morta pelo regime de Koy quando ele era criança. Criado na floresta pelo misterioso Xamã (Yayan Ruhian), ele treinou a vida inteira para se vingar e agora decidiu que está pronto para o ataque. Como ele é mudo, nosso acesso ao protagonista se dá pela voz em sua cabeça (H. Jon Benjamin, voz do protagonista de Archer) que nos guia pela onda homicida do personagem.

Muito do humor vem do contraste entre a voz grave e áspera da narração de Benjamin e o total absurdo que acontece ao seu redor. A narração serve para entendermos o que se passa na cabeça do protagonista, mas o modo sério com o qual ele pensa sobre si mesmo sempre esbarra na maluquice que toma sua jornada de vingança ou na sua incompreensão do que o cerca, a exemplo do momento em que tenta ler os lábios de um sujeito falando um idioma diferente e tudo que a voz consegue transmitir é uma série palavras aleatórias sem sentido.

terça-feira, 23 de abril de 2024

Crítica – Rivais

 

Análise Crítica – Rivais

Review – Rivais
Em uma de suas primeiras cenas em Rivais, a tenista interpretada por Zendaya diz que tênis é como um relacionamento, quando você joga você descobre tudo sobre a pessoa e ganhar ou perder tem a ver em como você joga essa relação com o outro na quadra. A fala dá a tônica do filme, que gira em torno da relação de Tashi (Zendaya), uma tenista promissora que tem a carreira interrompida por uma lesão no joelho, com os também tenistas Art (Mike Faist) e Patrick (Josh O’Connor).

Art e Patrick se envolveram com Tashi na juventude e tem estilos de jogo opostos. Art arrisca pouco e é mais técnico, Patrick é mais temperamental e confia mais no próprio talento do que em técnicas de treinamento. Ambos se envolvem com Tashi ao longo dos anos, mas ela se casa com Art e se torna treinadora dele. Anos depois Art está em uma maré de derrotas e isso atrapalha os planos do casal para que ele ganhe o US Open, o único dos Grand Slams que Art ainda não venceu. Para tentar recuperar a confiança dele, Tashi o inscreve em um pequeno torneio em um country club, mas a presença de Patrick na competição revive rancores antigos entre os três.

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Crítica – Clube Zero

 

Análise Crítica – Clube Zero

Review – Clube Zero
Começando com um aviso de gatilho sobre as representações de distúrbios alimentares presentes no longa, Clube Zero acaba sendo mais sobre controle e a construção de uma mentalidade de culto. Sim, distúrbios alimentares estão presentes e são discutidos, mas a diretora austríaca Jessica Hausner parece mais interessada em como seu grupo de personagens se radicaliza do que nos distúrbios que surgem dessa radicalização.

A trama é centrada na professora Novak (Mia Wasikowska) que chega para dar aula em uma escola de elite e forma um clube sobre bem estar e nutrição para ajudar os estudantes. A professora tem visões bem radicais sobre alimentação, defendendo comer o mínimo possível para liberar as toxinas do corpo e para desestimular o predatismo da indústria agropecuária. Os estudantes sob sua tutela acreditam na mensagem da professora e entram em uma perigosa dinâmica na qual ela passa a exercer um controle excessivo sobre suas vidas e sua saúde.