Eu adoro metroidvanias,
mas o que me atraiu mesmo para Tales of
Kenzera: Zau foi a ambientação que misturava fantasia e afrofuturismo para
contar uma história inspirada em mitologias africanas. A narrativa acompanha
Zau, um xamã que parte em busca de Kalunga, o deus da morte, para pedir de
volta a alma de seu falecido pai. Para cumprir o desejo de Zau, Kalunga propõe
um desafio: se Zau conseguir domar três poderosos espíritos que evadiram o deus
da morte, Kalunga trará o pai dele de volta. Assim, o jovem xamã parte em uma
jornada pela terra de Kenzera para cumprir a missão.
É uma narrativa sobre luto, a dificuldade de se despedir de
pessoas amadas e lidar com sua ausência. Ao longo de sua jornada e em no
contato com os espíritos fugitivos a trama nos lembra que a morte é parte
natural de nossa existência e que se perder na negação, na raiva ou em outros
estágios do luto é causar desarmonia na natureza. A ideia da morte como algo
natural do ciclo da vida se verifica principalmente na construção de Kalunga,
que é menos um ceifador digno de medo e mais um conselheiro benevolente preocupado com Zau. São
temas que a trama lida com muita sensibilidade, com o diretor Abubakar Salim
construindo a narrativa a partir de sua experiência real de lidar com a morte
do pai. Ao longo das cerca de oito horas de jogo (tempo que levei para
completar a história e coletar todos os colecionáveis) me peguei emocionado em
vários momentos.