terça-feira, 17 de setembro de 2024

Crítica – Feios

 

Análise Crítica – Feios

Review – Feios
Quando escrevi sobre o péssimo Mentes Sombrias nos idos de 2018 e o fraco Máquinas Mortais em 2019 mencionei como eles chegaram atrasados para a festa das adaptações de romances jovens distópicos, estreando em um momento em que todo mundo já estava cansado dos clichês desse tipo de história e com tramas que não faziam muito mais do que repetir tropos desgastados. Pois é com surpresa ver que Hollywood ainda insiste neste gênero que ninguém mais quer com este Feios. Produzido pela Netflix, é mais uma adaptação de uma série de romances sobre distopias protagonizadas por adolescentes e, como era de se esperar, é muito, muito ruim.

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Crítica – Quando Eu Me Encontrar

 

Análise Crítica – Quando Eu Me Encontrar

Review – Quando Eu Me Encontrar
A ausência de um ente querido promove mudanças no cotidiano de todo mundo afetado por esse vazio. A produção cearense Quando Eu Me Encontrar se propõe justamente a examinar as consequências dessa ausência e como as pessoas reexaminam suas vidas diante dela.

Marcas da ausência

Na trama, a jovem Dayane vai embora de casa sem dar satisfação nenhuma à família. Sua mãe, Marluce (Luciana Souza) fica em choque com a partida repentina que a faz reexaminar sua relação com a própria mãe. Antônio (David Santos), noivo de Dayane, tenta de algum modo encontrar uma explicação para o sumiço da amada, se aproximando da melhor amiga dela, Cecília (Di Ferreira). A irmã mais nova de Dayane, Mariana (Pipa), enfrenta problemas na escola de classe média que ela frequenta como bolsista depois que uma amiga é abusada durante uma festa e elas se tornam alvos de comentários maldosos.

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Crítica – Marvel vs Capcom Fighting Collection

 

Análise Crítica – Marvel vs Capcom Fighting Collection

Review – Marvel vs Capcom Fighting Collection
De uns anos para cá a Capcom parece interessada em resgatar a memória de seus clássicos games de luta. Primeiro lançaram a Capcom Fighting Collection trazendo games da década de 90 que a empresa nunca fez novas iterações como Darkstalkers ou Cyberbots. Este ano a empresa pegou todo mundo de surpresa com o anúncio desta Marvel vs Capcom Fighting Collection que compila os jogos de fliperama que a Capcom fez em parceria com a Marvel. Digo que pegou de surpresa porque desde o fracasso de Marvel vs Capcom Infinite a relação entre as duas empresas não parecia estar em um bom momento e mesmo campanhas de fãs para trazer de volta games como Marvel vs Capcom 2, como a liderada pelo youtuber Maximilian Dood, eram recebidas com frieza pela Capcom e com respostas de que era difícil algo assim acontecer.

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Crítica – O Cara da Piscina

 

Análise Crítica – O Cara da Piscina

Review – O Cara da Piscina
Se não me engano foi o crítico Roger Ebert que disse que um filme bom nunca é longo o bastante e um filme ruim nunca é curto o bastante. Isso se aplica perfeitamente a este O Cara da Piscina, cujos meros cem minutos de duração se transformam em algo tão dolorosamente excruciante que o filme parece ter mais de quatro horas de duração.

A trama é centrada em Darren (Chris Pine), um tratador de piscinas hiponga, conspiracionista, metido a filósofo e ativista político, sempre cobrando mudanças nas linhas de ônibus na câmara de vereadores. Quando ele esbarra em um escândalo envolvendo o presidente da câmara, Stephen Toronkowski (Stephen Tobolowski), que pode estar recebendo propina do magnata imobiliário Theodore Hollandaise (Clancy Brown) para aprovar um grande empreendimento, Darren decide investigar a questão. No meio do caminho encontra a femme fatale June (DeWanda Wise) e mais uma série de personagens pitorescos.

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Crítica – Lisa Frankenstein

 

Análise Crítica – Lisa Frankenstein

Review – Lisa Frankenstein
Escrito por Diablo Cody (de Garota Infernal e Tully) e dirigido por Zelda Williams (filha do comediante Robin Williams) este Lisa Frankenstein tem cara de algo feito para virar cult entre certos setores da cinefilia com sua trama insólita e personagens excêntricos. A trama se passa em 1989 sendo protagonizada por Lisa (Kathryn Newton) uma garota introspectiva que vive à sombra da meio-irmã popular Taffy (Liza Soberano) e da madrasta opressora Janet (Carla Gugino). Sem sorte com garotos por ser considerada esquisita, as coisas mudam para ela quando acidentalmente reanima um cadáver vitoriano (Cole Sprouse, de Riverdale) durante uma tempestade e decide fazer dele seu homem ideal com partes que pega de outros garotos.

terça-feira, 10 de setembro de 2024

Rapsódias Revisitadas – Campo dos Sonhos

 

Análise – Campo dos Sonhos

Review – Campo dos Sonhos
Lançado em 1989, Campo dos Sonhos foi tão referenciado e parodiado que mesmo que não assistiu conhecia a frase “se você construir, ele virá”. É um drama que se vale do realismo fantástico para falar sobre beisebol, sonhos, relações entre pais e filhos e como o esporte pode unir gerações.

Sonhos e desilusões

A trama adapta um romance escrito por W.P Kinsella, sendo protagonizada por Ray (Kevin Costner), um fazendeiro que está se aproximando da idade que o pai tinha quando ele morreu e teme que, assim como o pai, vai envelhecer sem nunca ter concretizado seus sonhos. Um dia ele ouve uma voz dizendo “se você construir, ele virá” e tem uma visão de um campo de beisebol sendo construído em seu milharal. Com o apoio da esposa, Annie (Amy Madigan), Ray ceifa parte de sua plantação para construir um campo de beisebol. Com o campo pronto, o jogador Shoeless Joe Jackson (Ray Liotta), ídolo do pai de Ray, surge misteriosamente do meio do milharal para jogar apesar de ter morrido há décadas. Ray então começa a ter visões envolvendo o recluso escritor Terrance Mann (James Earl Jones) e decide ir atrás dele, acreditando ser possível resolver o mistério do campo de beisebol.

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Crítica – O Bastardo

 

Análise Crítica – O Bastardo

Review – O Bastardo
Histórias sobre a colonização de algum espaço costumam ser narradas como feitos heroicos de pessoas enfrentando ermos cheios de intempéries ou subjugando populações nativas, sem, no entanto, ponderar sobre as consequências ou a inerente violência desse processo colonial. A produção dinamarquesa O Bastardo, uma das escolhas do país para o Oscar, traz um pouco de ponderação sobre o egoísmo humano que está no cerne desse impulso desbravador.

A narrativa é baseada na história real de Ludvig Kahlen (Mads Mikkelsen) militar dinamarquês responsável por colonizar a península da Jutlândia no século XVIII, que hoje compreende a maior parte do território dinamarquês. Estabelecer o primeiro assentamento da região, no entanto, não era uma tarefa fácil e o reinado dinamarquês já tinha perdido o interesse no espaço. É apenas quando Kahlen propõe custear a empreitada do próprio bolso que a Coroa lhe dá permissão para construir seu assentamento. Lá, Kahlen enfrenta as intempéries do ermo, a dificuldade de cultivar um solo tomado por urzes, os saqueadores e principalmente as sabotagens perpetradas pelo magistrado local Frederik De Schinkel (Simon Bennebjerg) que quer as terras para si.

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Drops – Os Provocadores

 

Análise – Os Provocadores

Review – Os Provocadores
Reunindo Casey Affleck e Matt Damon depois de ambos dividirem a cena na trilogia Onze Homens e Um Segredo, Os Provocadores tenta ser um filme de roubo que mistura comédia e algum comentário político. A trama segue Rory (Matt Damon) e Cobby (Casey Affleck), dois sujeitos que estão em um péssimo momento de suas vidas que aceitam a proposta do pequeno criminoso Scalvo (Jack Harlow, do fraco remake de Homens Brancos Não Sabem Enterrar) para roubarem o dinheiro de propina que o prefeito Miccelli (Ron Perlman) tem escondido em um cofre. O assalto dá errado e agora Rory e Cobby são homens procurados precisando encontrar um meio de fugirem da cidade, indo pedir ajuda à terapeuta de Rory, a dra. Rivera (Hong Chau).

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Crítica – Twisters

 

Análise Crítica – Twisters

Review – Twisters
Filmes-catástrofe não fazem muito meu estilo e não morro de amores pelo primeiro Twister (1996), então não fiquei exatamente empolgado com o anúncio desse Twisters. Parecia só mais uma dessas continuações tardias que existe para capitalizar em cima da nostalgia do espectador. Talvez por isso eu tenha ficado surpreso com o fato de que o filme se concentra mais em seus novos personagens sem se preocupar muito com referências ao original.

Novos rostos

A trama é protagonizada por Kate (Daisy Edgar-Jones), meteorologista que desenvolve um protótipo que pode dissipar tornados. As coisas dão errado durante o teste e quase toda sua equipe morre. Anos depois, ela trabalha em Nova Iorque quando o antigo colega, Javi (Anthony Ramos), a procura para uma nova caçada a tornados. Javi está trabalhando para o empreendedor Scott (David Corenswet), que financia sua pesquisa de escaneamento de tornados. Com esse mapeamento, Kate poderia aperfeiçoar seu protótipo e, assim, ela aceita participar da empreitada. Chegando no interior do país, a equipe de Kate esbarra no grupo de youtubers liderado por Tyler (Glen Powell), cuja postura é bem menos profissional que a equipe de cientistas da qual Kate faz parte.

terça-feira, 3 de setembro de 2024

Crítica – Othelo: O Grande

 

Análise Crítica – Othelo: O Grande

Review – Othelo: O Grande
Um dos atores de carreira mais longeva e marcante na dramaturgia brasileira, Grande Otelo, nome artístico de Sebastião Bernardes de Souza Prata, demorou para ter o devido reconhecimento. Parte disso se deve ao racismo da época em que ele atuou, parte por sua trajetória ser muito marcada pela comédia, um gênero muitas vezes considerado “menos artístico” ou “menos sofisticado”. O documentário Othelo: O Grande reconta a trajetória do ator, suas dificuldades, seus triunfos e seu ativismo político.

Memória audiovisual

A narrativa é toda contada através de imagens de arquivo, usando produções das quais Otelo participou e também várias entrevistas e discursos públicos que o ator deu ao longo de sua carreira. A pesquisa de arquivo é a principal força do filme trazendo imagens raras e em ótima qualidade de trabalhos antigos, como o Moleque Tião ou suas comédias para a Atlântida, que quase sempre encontramos em qualidade ruim pela internet.

A pesquisa de arquivo também é eficiente nas falas que traz do ator, com ele trazendo desde seus posicionamentos, denunciando o racismo ao longo de sua trajetória, narrando experiências com diretores renomados, como a impagável fala em que conta como foi trabalhar com Werner Herzog em Fitzcarraldo (1982), e também refletindo sobre a natureza da dramaturgia brasileira nos palcos, no cinema e na televisão. Há uma fala interessante de Grande Otelo sobre o Cinema Novo em que ele pondera que o fato do movimento nunca ter atingido as massas como almejavam seus agitadores provavelmente se relacionava com a linguagem experimental de seus filmes, mencionando como uma produção como Macunaíma (1969) teve penetração junto ao público justamente por ter uma linguagem mais próxima das comédias populares de sua época.

Otelo e o cinema brasileiro

Nesse sentido, conhecer a história de Grande Otelo é também conhecer a história do teatro e do audiovisual brasileiro, considerando a longevidade de sua trajetória e a amplitude de diretores e movimentos com os quais colaborou. Vemos o histórico de racismo na dramaturgia onde até mesmo alguém da competência de Grande Otelo tinha dificuldade em conseguir trabalho porque papéis negros eram interpretados por brancos em blackface, algo que Joel Zito Araújo também mostrou no documentário A Negação do Brasil (2001). 

Acompanhando a trajetória de Grande Otelo vemos a ascensão das chanchadas (não confundir com pornochanchadas) da Atlântida em filmes como Carnaval Atlântida (1952). Testemunhamos o surgimento de diretores como Nelson Pereira dos Santos, com quem Grande Otelo trabalhou em Rio, Zona Norte (1957) e a eclosão de vanguardas como o Cinema Novo. Vemos o surgimento e a consolidação da televisão como meio de comunicação de massa e sua difusão pelo país no trabalho de Grande Otelo em programas como A Escolinha do Professor Raimundo. Como o filme nos mostra, conhecer Grande Otelo é conhecer o desenvolvimento do audiovisual brasileiro. 

Por outro lado, o documentário se prende demais às convenções de um filme de arquivo, soando demasiadamente expositivo e convencional para uma figura que não pode ser facilmente colocada em caixinhas. Grande Otelo é uma figura complexa, multifacetada e bastante singular. O filme transmite isso nas falas e depoimentos, mas fica a impressão de que a forma, não apenas o conteúdo, poderia também ser usada para construir a complexidade do biografado. 

Mesmo nunca saindo das convenções de um documentário de arquivo, Othelo: O Grande envolve pela trajetória longeva do ator e como ela se mescla com o desenvolvimento do cinema brasileiro.

 

Nota: 6/10


Trailer