sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Crítica – O Brutalista

 

Análise Crítica – O Brutalista

Review – O Brutalista
No documentário O Apocalipse de um Cineasta (1991), que narra a produção atribulada de Apocalypse Now (1979), há uma cena em que o cineasta Francis Ford Coppola diz que a pior coisa que um filme pode ser é pretensioso, ter altas pretensões para si e não alcançar esse patamar alto que o cineasta imaginou. Pensei muito nessa fala enquanto assistia a O Brutalista, novo filme de Brady Corbet (de A Infância de um Líder e Vox Lux: O Preço da Fama), já que é um filme que estabelece pretensões altíssimas para si, mas o resultado é bem menos complexo ou esperto do que o filme pensa ser, algo que já acontecia em seus dois trabalhos anteriores.

Grandeza nos pequenos começos

A narrativa é centrada em Laszlo Toth (Adrien Brody), arquiteto húngaro que chega aos Estados Unidos no final da década de 1940. De início Laszlo vai morar com o primo Attila (Alessandro Nivola), trabalhando em sua empresa de móveis, mas logo o trabalho do arquiteto desperta a atenção do ricaço Lee Van Buren (Guy Pearce), que decide contratar Laszlo para desenhar um prédio que ele fará em homenagem a sua falecida mãe. É uma obra nababesca que irá mudar a paisagem da cidade e Laszlo aceita o desafio. O problema é que Van Buren é um homem melindroso, que muda de opinião e vontade frequentemente, obrigando o protagonista a navegar pelos humores de seu patrono.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Crítica – Vinagre de Maçã

 

Análise Crítica – Vinagre de Maçã

Review – Vinagre de Maçã
Depois de Inventando Anna (2022) a Netflix traz outra minissérie baseada em uma influencer trambiqueira neste Vinagre de Maçã. A essa altura é bem possível que isso vire um subgênero em si considerando que histórias de influencers que ganharam notoriedade mentindo existem a rodo e que essas histórias são sintomas do nosso zeitgeist no qual aparentar ser ou fazer algo é mais importante do efetivamente ser ou fazer aquilo que se clama.

Charlatanismo tóxico

A narrativa conta a história real de Belle Gibson (Kaitlyn Dever), uma influencer que se tornou famosa ao criar uma marca de produtos naturais dizendo que essa mudança de alimentação a fez se curar de um câncer no cérebro. Só tem um problema nessa história, Belle não tem nem nunca teve câncer. Em paralelo acompanhamos a história da também influencer Milla Blake (Alycia Debnam-Carey, de Identidades em Jogo), que tinha um tumor no braço, mas diz ter se curado com base em uma dieta de sucos e enemas de café. Diferente de Belle, Milla (que provavelmente foi baseada na figura real de Jessica Ainscough) tem realmente câncer e é a história dela e de como ela se tornou famosa na internet na qual Belle se baseia para criar toda a sua ficção.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Drops – Flow

 

Análise Crítica– Flow

Review – Flow
Produção da Letônia, a animação Flow conta a história de um gato que fica preso em um pequeno barco com outros animais depois de uma enchente. A trama é toda contada sem diálogos, acompanhando o gato e seus companheiros animais enquanto eles tentam encontrar um meio de sobreviver à enchente.

Instinto de sobrevivência

Toda feita no software de código aberto Blender, a animação mostra como é possível fazer algo visualmente marcante com poucas ferramentas. Os animais se movem de maneira bastante coerente com o modo que imaginamos que gatos, cães ou lêmures reagiriam uns aos outros e diante das situações que a narrativa os coloca. A direção de arte remete a pinturas feitas em aquarela por conta do esquema de cores e o modo como a luz e os movimentos se comportam e fazem os modelos 3D dos animais parecerem desenhos feitos à mão.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Crítica – Capitão América: Admirável Mundo Novo

 

Análise Crítica – Capitão América: Admirável Mundo Novo

Review – Capitão América: Admirável Mundo Novo
O primeiro trailer de Capitão América: Admirável Mundo Novo me deixou empolgado por conta seu clima de intriga e espionagem que remetia a produções como Capitão América e o Soldado Invernal (2014) e a série Falcão e o Soldado Invernal (2021), algumas das melhores produções da Marvel. Por outro lado, o filme teve uma produção atribulada, com elementos modificados no meio do processo, várias ondas de refilmagens que removiam ou adicionavam elementos, o que implicava no risco do resultado ser uma bagunça semi incoerente.

Repercussões atrasadas

Na trama, o general Ross (Harrison Ford, substituindo o falecido William Hurt) se torna presidente dos Estados Unidos e chama Sam (Anthony Mackie), que assumiu o manto de Capitão América, para reconstruir os Vingadores. Ross está em meio a uma negociação internacional pela divisão dos recursos contidos no corpo do Celestial no meio do oceano, já que dele pode ser extraído um novo elemento chamado adamantium. O tratado é ameaçado quando Samuel Sterns (Tim Blake Nelson) foge da prisão na qual foi confinado desde o incidente envolvendo o Hulk e o Abominável para se vingar de Ross.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Rapsódias Revisitadas – Bye Bye Brasil

 

Análise – Bye Bye Brasil

Resenha Crítica – Bye Bye Brasil
Dirigido por Cacá Diegues e lançado em 1979, já próximo ao final da ditadura militar brasileira, Bye Bye Brasil é uma reflexão sobre esse período da história do país e das consequências dele em nossa sociedade. É um filme sobre conhecer o Brasil, suas transformações, imposições, sonhos e distopias. Em ver como é possível construir um país em meio a tudo que aconteceu, acontece e, de certa forma, continua a acontecer mesmo nos dias de hoje.

Turnê itinerante

A narrativa acompanha uma trupe de artistas ambulantes que viaja pelo interior do Brasil, a Caravana Rolidei. Ela é liderada pelo Lorde Cigano (José Wilker) e composta pela dançarina Salomé (Betty Faria) e pelo homem forte Andorinha (Príncipe Nabor). Eventualmente o sanfoneiro Ciço (Fábio Jr.) e sua esposa grávida Dasdô (Zaira Zambelli) se juntam à trupe. Conforme viajam o grupo tem dificuldade de conseguir público para seus shows, já que mesmo os menores rincões agora tem ao menos uma televisão que serve de entretenimento para o público e os distrai do circo. Cigano, no entanto, adquire esperança de um novo lugar ao ouvir sobre Altamira no Pará, onde a rodovia transamazônica está sendo construída e que se tornou um lugar de grande oportunidade.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Crítica – Cobra Kai: 6ª Temporada Parte 3

 

Análise Crítica – Cobra Kai: 6ª Temporada Parte 3

Review – Cobra Kai: 6ª Temporada Parte 3
Depois de uma segunda parte queconseguiu ser ainda pior que a primeira leva de episódios da sexta temporada, cheguei nesta terceira e última parte da desnecessariamente longa temporada derradeira de Cobra Kai sem qualquer esperança que a série fosse ter um final minimamente digno. Comecei a assistir torcendo pelo melhor, mas me preparando para o pior.

Torneio caótico

A trama começa meses depois do fim da segunda parte, após um dos discípulos de Kreese (Martin Kove) ter sido morto durante uma briga generalizada no torneio internacional Sekai Taikai. Apesar de toda a briga e morte do adolescente ter sido transmitida ao vivo pela televisão não há muita consequência para ninguém além do cancelamento do torneio. Silver (Thomas Ian Griffith), porém, não está disposto a desistir depois de chegar tão perto de mostrar sua superioridade perante Johnny (William Zabka), Daniel (Ralph Macchio) e Kreese. Silver visita os organizadores do torneio e os convence a retomar a competição sob seu patrocínio.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Crítica – Lobisomem

 

Análise Crítica – Lobisomem

Review – Lobisomem
Depois da malfadada tentativa de criar um universo compartilhado de monstros com blockbusters bombásticos a partir do fraco A Múmia (2017), a Universal decidiu voltar às origens desses personagens e fazer filmes em menor escala e focados no horror. O primeiro desses filmes foi o ótimo O Homem Invisível (2020), de Leigh Whannell e agora a Universal traz de volta outro monstro com o mesmo diretor neste Lobisomem.

Fera interior

A trama é focada em Blake (Christopher Abbott), que desde a infância teve uma relação complicada com o pai excessivamente agressivo. Já adulto ele é notificado que seu pai foi considerado legalmente morto depois de ter desaparecido na floresta anos atrás. Agora ele, a esposa, Charlotte (Julia Garner, de Ozark), e a filha, Ginger (Matilda Firth), viajam para a cidade natal de Blake e para a cabana remota de seu pai para resolver a questão dos bens. Chegando na propriedade eles são atacados por uma feroz e estranha criatura e Blake é mordido por ela. Aos poucos Blake sente como se a mordida o tivesse transformando.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Crítica – Blade Chimera

 

Análise Crítica – Blade Chimera

Review – Blade Chimera
Depois de uma incursão em metroidvanias com Records of Lodoss War: Deedlit in Wonder Labyrinth, a desenvolvedora japonesa Ladybug volta ao gênero neste Blade Chimera. O game tem algumas mecânicas similares ao game anterior da equipe que adaptava o universo de fantasia criado por Ryo Mizuno, mas também tem elementos próprios que impedem que ele seja apenas uma repetição de ideias que os desenvolvedores já fizeram.

Futuro sombrio

A narrativa se passa no futuro, em uma Osaka que foi tomada por demônios depois que um patógeno se espalhou. A cidade agora é controlada por um grupo religioso chamado Holy Union, devotado a livrar a cidade dos demônios. O jogador é Shin, um caçador de demônios da Holy Union que durante uma missão encontra Lux, uma espada demoníaca que se alia a Shin para descobrir a verdade sobre a infestação sobrenatural que toma a cidade. Logicamente no percurso da história descobriremos que a situação não é o que imaginávamos e a Holy Union não é a entidade benevolente que se apresenta.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Crítica – A Garota da Agulha

 

Análise Crítica – A Garota da Agulha

Review – A Garota da Agulha
Levemente inspirado em uma história real, a produção polonesa A Garota da Agulha traz uma meditação sobre a ação do mal em meio à miséria e o desamparo. Não é uma trama que dá muitos respiros em relação à realidade brutal que retrata, tentando nos deixar imersos na vida perturbadora de suas personagens.

Costura social

A narrativa se passa em Copenhague no ano de 1919 sendo protagonizada por Karoline (Vic Carmen Sonne). O marido dela foi servir na guerra, mas há um ano não manda notícias, fazendo Karoline crer que ele possa ter morrido. Despejada de onde mora, ela vai parar em um quarto miserável e acaba se envolvendo com o dono da fábrica na qual trabalha. Ela engravida do patrão, mas a mãe dele o proíbe de se casar com ela e a demite. Sem perspectiva, ela tenta forçar o fim da gravidez, mas é impedida por Dagmar (Trine Dyrholm), que diz ser capaz de encontrar um lar adotivo para o bebê de Karoline. Sem trabalho, Karoline vai viver com Dagmar como ama de leite dos bebês que ela traz e se afeiçoa à filha dela, Erena (Ava Knox Martin). Aos poucos, porém, Karoline começa a suspeitar que Dagmar não está sendo sincera em relação ao que faz com os bebês que são levados a ela.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Crítica – Sing Sing

 

Análise Crítica – Sing Sing

Review – Sing Sing
Em Um Sonho de Liberdade (1994) o protagonista Andy Dufresne (Tim Robbins) fala que na prisão ou ele se ocupa para viver ou ele se ocupa para morrer. Essa frase veio na minha mente enquanto eu assistia Sing Sing, um filme que também se passa numa prisão e que gira em torno de personagens que estão buscando um meio de se manterem ocupados para buscar novos rumos em suas vidas.

O mundo é um palco

A trama é baseada na história real do programa Rehabilitation Through the Arts (Reabilitação Através das Artes) que foi implementado na prisão de Sing Sing, no estado de Nova Iorque. O programa colocava detentos para estudar teatro, escrever produzir e encenar peças na prisão com o objetivo de fazê-los lidar com suas questões emocionais e ressocializá-los. A narrativa é protagonizada pelo detento John (Colman Domingo), alguém que encontrou no teatro um meio para lidar com o cotidiano da prisão. O cotidiano do grupo de teatro muda com a chegada de um novo integrante Clarence “Divine Eye” (Clarence Maclin), cuja postura agressiva perturba a paz dos detentos que estão tentando se libertar de seus passados violentos.