quinta-feira, 6 de março de 2025

Crítica – Paradise

 

Análise Crítica – Paradise

Review – Paradise
A divulgação da série Paradise, nova série do Disney+, não me atraiu muito. Produzida pelo mesmo responsável por This is Us, tudo fazia parecer que seria mais uma série investigativa com suspense e intriga ao acompanhar um agente do serviço secreto que precisa investigar o assassinato do presidente dos Estados Unidos com quem ele tinha uma desavença pessoal. A impressão é que era mais um suspense sobre os bastidores do poder, mas o final do primeiro episódio traz uma reviravolta que insere a narrativa em uma ficção científica distópica e aí tudo se torna mais interessante. Aviso que o texto contem SPOILERS da série.

Paraíso perdido

O agente Xavier Collins (Sterling K. Brown) está há anos cuidando da segurança do presidente Cal Bradford (James Marsden) quando ele é assassinado. Xavier guardava um rancor do presidente por algo do passado, mas ainda assim precisa desvendar o crime. Anos atrás, ao proteger o presidente de um atentado, Xavier ganhou a confiança do presidente e se tornou um dos poucos a saber de uma catástrofe iminente que poderia destruir o planeta.

segunda-feira, 3 de março de 2025

Conheçam os vencedores do Oscar 2025

 

Conheçam os vencedores do Oscar 2025

A cerimônia do Oscar foi realizada ontem, dois de março, e foi uma noite histórica para o Brasil, com Ainda Estou Aqui vencendo como melhor filme internacional, levando o primeiro Oscar para o cinema brasileiro. Infelizmente Fernanda Torres não levou o prêmio de melhor atriz, que ficou com Mikey Madison de Anora. O filme de Sean Baker, por sinal, foi o maior vencedor da noite, com cinco prêmios e Baker se tornou a primeira pessoa a vencer quatro Oscars numa mesma noite com o mesmo filme. Apesar de treze indicações Emilia Perez levou apenas dois prêmios, com o filme perdendo força durante a campanha por conta de declarações problemáticas de pessoas envolvidas com o filme. Confiram abaixo a lista completa dos indicados e dos vencedores.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Crítica – Mickey 17

 

Análise Crítica – Mickey 17


Review – Mickey 17
Há um senso comum de que distopias falam sobre o futuro, alertas de possibilidades trágicas ou horrendas para a humanidade. A verdade, no entanto, é que distopias são sobre o agora, sobre algo que já está acontecendo em nosso mundo. Pensei muito nisso enquanto assistia Mickey 17, novo filme de Bong Joon Ho depois de seu excelente Parasita (2019).

Mão de obra descartável

A narrativa acompanha Mickey (Robert Pattinson), um trabalhador a bordo da espaçonave destinada a colonizar o remoto planeta gelado Niflheim. Mickey, porém difere de outros trabalhadores do local por um Descartável. Sua função é realizar trabalhos com claro risco de morte porque se ele morrer pode ser clonado novamente carregando as mesmas memórias de seu antecessor. Depois de sobreviver a uma queda que o mataria, Mickey retorna ao seu quarto para descobrir que um novo Mickey foi feito por acreditarem que ele estaria morto.

Crítica – O Macaco

 

Análise Crítica – O Macaco

Review – O Macaco
Dirigido por Osgood Perkins, responsável por Longlegs: Vínculo Mortal (2024), este O Macaco adapta o conto homônimo de Stephen King. Ele usa seu brinquedo amaldiçoado para falar de nosso medo da morte e como se deixar paralisar por isso nos impede de viver. Apesar desse tema ele não é uma produção que almeja ser um terror mais “cabeça”, muito pelo contrário. A intenção parece ser um pastiche de horror B setentista ou oitentista nos moldes de Maligno (2021), de James Wan, embora não seja tão bem sucedido.

Brinquedo assassino

A trama acompanha Hal (Christian Convery, de Sweet Tooth). Na infância ele e o irmão gêmeo Bill (Christian Convery) mexem nas coisas do pai que os abandonou e encontram um misterioso macaco de brinquedo que ele trouxe de uma viagem. Depois de dar corda no brinquedo para que o macaco toque seu tambor, alguém próximo a eles sempre morre no que parece ser algum acidente bizarro. Depois de várias tragédias eles decidem se livrar do boneco. Vários anos se passam e já adulto Hal (Theo James) tenta se reconectar com o filho, Petey (Colin O’Brien) levando ele para uma viagem a um parque de diversões. Os planos mudam quando Hal recebe a notícia da morte da tia que os criou e lá acaba mais uma vez reencontrando o macaco e toda a morte que vem junto com ele.

Crítica – Um Completo Desconhecido

 

Análise Crítica – Um Completo Desconhecido

Review – Um Completo Desconhecido
Um dos melhores filmes biográficos que já assisti é Não Estou Lá (2007), de Todd Haynes. É uma biografia do cantor Bob Dylan que não o cita nominalmente e não usa sua música, mas trás vários segmentos em que atores e atrizes diferentes interpretam personagens que representam as diferentes fases da carreira e da vida de Dylan. É uma obra abrangente, que nos faz entender as multidões que Dylan continha em si e tudo o que o movia. Por isso não fiquei interessando quando soube desde Um Completo Desconhecido, já que dificilmente ele estaria no mesmo patamar que o filme de Haynes.

Registro mimético

A trama segue Bob Dylan (Timothee Chalamet) desde sua chegada a Nova Iorque em 1961 até o lançamento de Like a Rolling Stone no qual ele se distancia de boa parte de seus padrinhos artísticos da música folk. É uma biografia que mais está interessada em narrar os eventos da trajetória do cantor do que realizar qualquer tipo de estudo de personagem ou chegar a um entendimento maior de quem é Dylan e o que movia a construção de sua arte, se limitando a dizer que Dylan não gostava de ficar estagnado.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Crítica – A Ordem

 

Análise Crítica – A Ordem

Review – A Ordem
Olhar para o passado pode nos permitir analisar o presente. É isso que A Ordem faz ao contar a história real da investigação do FBI que desbaratou um grupo neonazista que estava acumulando fundos para tentar fomentar um golpe de estado na década de 80. Por mais que seja uma trama sobre eventos que aconteceram há quarenta anos, o filme não deixa também de pensar em como isso impacta na contemporaneidade.

Guerras secretas

A trama se passa em 1983 e acompanha o agente do FBI Terry Husk (Jude Law), que é enviado para reestruturar um escritório do FBI no interior de Idaho. É aparentemente um posto vazio, sem muita ação, algo que Husk deseja para poder ter a chance de se reconectar com a esposa e a filha. As coisas, no entanto, não continuarão tranquilas. Um policial local, Jamie (Tye Sheridan), avisa Husk de suas suspeitas de que a onda de assaltos a banco e roubos de carro forte que assolam a região podem estar conectadas a grupos neonazistas que estão acumulando recursos para planejar alguma grande ação.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Crítica – Better Man: A História de Robbie Williams

 

Análise Crítica – Better Man: A História de Robbie Williams

Review – Better Man: A História de Robbie Williams
Conheço muito pouco da trajetória do cantor Robbie Williams, então não estava particularmente curioso para este Better Man: A História de Robbie Williams. Como foi feito com a participação direta do cantor, que inclusive interpreta a si mesmo, temi que fosse aquele tipo de biografia chapa branca que existe só para divulgar as músicas do artista e foge de polêmicas como I Wanna Dance With Somebody: A História de Whitney Houston (2022). Felizmente não é esse o caso e o filme abraça as contradições e problemas de seu protagonista com uma autoanálise bem consciente que me remeteu a Rocketman (2019).

Trajetória selvagem

A trama segue a trajetória de Robbie desde sua infância, passando pelo início da fama com a boy band Take That, sua carreira solo e seus problemas pessoais com drogas, além da relação complicada que tem com o pai. Robbie interpreta a si mesmo, mas não está exatamente em cena, já que ao invés do corpo do cantor temos um macaco antropomórfico. A ideia de colocar Williams como macaco é uma tentativa de ilustrar a insegurança e senso de deslocamento do artista, que sempre se viu como um pária, alguém que não pertencia ao lugar onde estava, inseguro do próprio valor e se vendo como uma criatura mais primitiva.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Crítica – Nickel Boys

 

Análise Crítica – Nickel Boys

Review – Nickel Boys
De certa forma Nickel Boys se conecta bastante a outro filme indicado ao Oscar esse ano, o documentário Sugarcane: Sombras de um Colégio Interno (2024). Os dois falam de instituições de ensino cujo objetivo deveria ser reformar ou integrar seus internos, mas que serviram apenas de instrumento de opressão e genocídio contra membros de minorias, indígenas em Sugarcane e negros aqui. São dois filmes que lembram como os Estados Unidos tratam essas minorias como cidadãos de segunda classe cujas vidas não importam.

Olhar em perspectiva

A trama adapta o romance homônimo de Colson Whitehead e se passa na Flórida da década de 1960. Elwood (Ethan Herisse) é um promissor jovem negro que está a caminho de um programa de estudos avançados. Na viagem ele pega carona com um desconhecido que é parado pela polícia e descobre que o carro é roubado. Preso como cúmplice Elwood é enviado para o Reformatório Nickel onde conhece Turner (Brandon Wilson). Os dois se tornam amigos e tentam sobreviver à crueldade do local, no qual castigos físicos e torturas são elementos do cotidiano. O reformatório foi baseado na Escola Dozier que operou por mais de um século na Flórida com um amplo histórico de abuso.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Crítica – O Brutalista

 

Análise Crítica – O Brutalista

Review – O Brutalista
No documentário O Apocalipse de um Cineasta (1991), que narra a produção atribulada de Apocalypse Now (1979), há uma cena em que o cineasta Francis Ford Coppola diz que a pior coisa que um filme pode ser é pretensioso, ter altas pretensões para si e não alcançar esse patamar alto que o cineasta imaginou. Pensei muito nessa fala enquanto assistia a O Brutalista, novo filme de Brady Corbet (de A Infância de um Líder e Vox Lux: O Preço da Fama), já que é um filme que estabelece pretensões altíssimas para si, mas o resultado é bem menos complexo ou esperto do que o filme pensa ser, algo que já acontecia em seus dois trabalhos anteriores.

Grandeza nos pequenos começos

A narrativa é centrada em Laszlo Toth (Adrien Brody), arquiteto húngaro que chega aos Estados Unidos no final da década de 1940. De início Laszlo vai morar com o primo Attila (Alessandro Nivola), trabalhando em sua empresa de móveis, mas logo o trabalho do arquiteto desperta a atenção do ricaço Lee Van Buren (Guy Pearce), que decide contratar Laszlo para desenhar um prédio que ele fará em homenagem a sua falecida mãe. É uma obra nababesca que irá mudar a paisagem da cidade e Laszlo aceita o desafio. O problema é que Van Buren é um homem melindroso, que muda de opinião e vontade frequentemente, obrigando o protagonista a navegar pelos humores de seu patrono.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Crítica – Vinagre de Maçã

 

Análise Crítica – Vinagre de Maçã

Review – Vinagre de Maçã
Depois de Inventando Anna (2022) a Netflix traz outra minissérie baseada em uma influencer trambiqueira neste Vinagre de Maçã. A essa altura é bem possível que isso vire um subgênero em si considerando que histórias de influencers que ganharam notoriedade mentindo existem a rodo e que essas histórias são sintomas do nosso zeitgeist no qual aparentar ser ou fazer algo é mais importante do efetivamente ser ou fazer aquilo que se clama.

Charlatanismo tóxico

A narrativa conta a história real de Belle Gibson (Kaitlyn Dever), uma influencer que se tornou famosa ao criar uma marca de produtos naturais dizendo que essa mudança de alimentação a fez se curar de um câncer no cérebro. Só tem um problema nessa história, Belle não tem nem nunca teve câncer. Em paralelo acompanhamos a história da também influencer Milla Blake (Alycia Debnam-Carey, de Identidades em Jogo), que tinha um tumor no braço, mas diz ter se curado com base em uma dieta de sucos e enemas de café. Diferente de Belle, Milla (que provavelmente foi baseada na figura real de Jessica Ainscough) tem realmente câncer e é a história dela e de como ela se tornou famosa na internet na qual Belle se baseia para criar toda a sua ficção.