quarta-feira, 12 de março de 2025

Crítica – Amizade

 

Análise Crítica – Amizade

Review – Amizade
Dirigido por Cao Guimarães, o documentário Amizade funciona como um filme-ensaio mesclando imagens de arquivo e narrações para construir um senso de que acompanhamos o fluxo de consciência do realizador enquanto ele reflete sobre amizade e conexões afetivas.

Alma que mora em dois corpos

O ponto de partida do filme é a mudança do diretor para o Uruguai e durante a viagem ele capta imagens de um dos amigos que o ajuda na mudança. Em seu novo lar ele examina imagens antigas, registradas em diferentes mídias, para refletir sobre o papel da amizade em sua vida. A narração do diretor ajuda a dar unidade a esses fragmentos de memória plasmados em imagem nos mostrando essas cenas de interação entre ele e as pessoas próximas para refletir como essas conexões e afetos são importantes em sua vida. Sem a narração essas imagens bastante pessoais e descontextualizadas, que provavelmente não significariam nada para alguém que não está inserido nesse círculo de amizade.

terça-feira, 11 de março de 2025

Crítica – O Melhor Amigo

 

Análise Crítica – O Melhor Amigo

Review – O Melhor Amigo
Dirigido por Allan Deberton, do ótimo Pacarrete (2019), O Melhor Amigo é uma comédia romântica musical com um inesperado clima de nostalgia. É uma trama sobre encontros e desencontros amorosos que se vale dos números musicais para fins de humor e criar um clima de excentricidade.

Romance difuso

A narrativa acompanha Lucas (Vinícius Teixeira) que vai sozinho em uma viagem de férias para a praia de Canoa Quebrada depois de uma crise com o namorado, Martin (Léo Bahia). Lá ele reencontra um antigo colega de faculdade, Felipe (Gabriel Fuentes), que trabalha como guia no local. Os dois se reconectam, trazendo desejos antigos à tona.

segunda-feira, 10 de março de 2025

Crítica – Máquina do Tempo

 

Análise Crítica – Máquina do Tempo

Review – Máquina do Tempo
Misturar a estrutura de um filme found footage com uma trama de viagem no tempo não é exatamente novo, Projeto Almanaque (2015) já tinha feito isso. A produção britânica Máquina do Tempo adiciona ficção histórica à mistura para dar sabor próprio a essa bricolagem de gênero.

Futuro imperfeito

A trama se passa na Inglaterra em 1941 e é toda contada por meio de rolos de filme feitos pelas irmãs Thomasina “Thom” Hanbury (Emma Appleton) e Martha “Mars” Hanbury (Stefanie Martini). As duas criam Lola, um aparato que permite acessar transmissões de rádio e televisão de qualquer ponto no tempo. Com o experimento elas tem contato com informações do futuro, se encantando com a arte da década de 90 como a música de David Bowie ou os filmes de Stanley Kubrick. Elas também tem acesso ao que acontece durante a Segunda Guerra Mundial e como os bombardeios nazistas afetam a ilha. Assim, as duas irmãs decidem colocar seu invento à disposição do governo britânico, ajudando a coletar inteligência de ações futuras dos nazistas.

sexta-feira, 7 de março de 2025

Crítica – Autoconfiança

 

Análise Crítica – Autoconfiança

Review – Autoconfiança
Dirigido e estrelado pelo ator Jake Johnson, Autoconfiança parte de uma premissa inusitada para tentar refletir sobre solidão e conexões humanas. A trama é protagonizada por Tommy (Jake Johnson), um homem que se isolou depois do término de um longo relacionamento. Um dia ele é abordado pelo ator Andy Samberg (interpretando a si mesmo) na rua e é convidado a participar de um estranho reality show da deep web: ele precisa sobreviver por 30 dias sendo caçado por outros participantes, se conseguir receberá um milhão de dólares. Tommy decide aceitar se apoiando na regra de que ninguém pode tentar matá-lo se ele estiver próximo de outra pessoa, uma norma feita para evitar que não participantes se firam, mas isso não é tão fácil como ele pensa.

A presa menos perigosa

Todo o começo com Tommy sendo levado por Samberg em uma limusine até o galpão em que dois nórdicos excêntricos lhe explicam as regras dá a entender que tudo será uma aventura aloprada, mas a verdade é que a trama carece desse senso de maluquice que os primeiros minutos imprimem na narrativa. Eu entendo que a prioridade de Johnson é esse lado mais introspectivo, de ruminar sobre conexões interpessoais, mas para que a mudança de atitude de Tommy tenha credibilidade precisamos sentir que ele está nessa situação de vida ou morte que o obriga a repensar suas prioridades.

quinta-feira, 6 de março de 2025

Crítica – Paradise

 

Análise Crítica – Paradise

Review – Paradise
A divulgação da série Paradise, nova série do Disney+, não me atraiu muito. Produzida pelo mesmo responsável por This is Us, tudo fazia parecer que seria mais uma série investigativa com suspense e intriga ao acompanhar um agente do serviço secreto que precisa investigar o assassinato do presidente dos Estados Unidos com quem ele tinha uma desavença pessoal. A impressão é que era mais um suspense sobre os bastidores do poder, mas o final do primeiro episódio traz uma reviravolta que insere a narrativa em uma ficção científica distópica e aí tudo se torna mais interessante. Aviso que o texto contem SPOILERS da série.

Paraíso perdido

O agente Xavier Collins (Sterling K. Brown) está há anos cuidando da segurança do presidente Cal Bradford (James Marsden) quando ele é assassinado. Xavier guardava um rancor do presidente por algo do passado, mas ainda assim precisa desvendar o crime. Anos atrás, ao proteger o presidente de um atentado, Xavier ganhou a confiança do presidente e se tornou um dos poucos a saber de uma catástrofe iminente que poderia destruir o planeta.

segunda-feira, 3 de março de 2025

Conheçam os vencedores do Oscar 2025

 

Conheçam os vencedores do Oscar 2025

A cerimônia do Oscar foi realizada ontem, dois de março, e foi uma noite histórica para o Brasil, com Ainda Estou Aqui vencendo como melhor filme internacional, levando o primeiro Oscar para o cinema brasileiro. Infelizmente Fernanda Torres não levou o prêmio de melhor atriz, que ficou com Mikey Madison de Anora. O filme de Sean Baker, por sinal, foi o maior vencedor da noite, com cinco prêmios e Baker se tornou a primeira pessoa a vencer quatro Oscars numa mesma noite com o mesmo filme. Apesar de treze indicações Emilia Perez levou apenas dois prêmios, com o filme perdendo força durante a campanha por conta de declarações problemáticas de pessoas envolvidas com o filme. Confiram abaixo a lista completa dos indicados e dos vencedores.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Crítica – Mickey 17

 

Análise Crítica – Mickey 17


Review – Mickey 17
Há um senso comum de que distopias falam sobre o futuro, alertas de possibilidades trágicas ou horrendas para a humanidade. A verdade, no entanto, é que distopias são sobre o agora, sobre algo que já está acontecendo em nosso mundo. Pensei muito nisso enquanto assistia Mickey 17, novo filme de Bong Joon Ho depois de seu excelente Parasita (2019).

Mão de obra descartável

A narrativa acompanha Mickey (Robert Pattinson), um trabalhador a bordo da espaçonave destinada a colonizar o remoto planeta gelado Niflheim. Mickey, porém difere de outros trabalhadores do local por um Descartável. Sua função é realizar trabalhos com claro risco de morte porque se ele morrer pode ser clonado novamente carregando as mesmas memórias de seu antecessor. Depois de sobreviver a uma queda que o mataria, Mickey retorna ao seu quarto para descobrir que um novo Mickey foi feito por acreditarem que ele estaria morto.

Crítica – O Macaco

 

Análise Crítica – O Macaco

Review – O Macaco
Dirigido por Osgood Perkins, responsável por Longlegs: Vínculo Mortal (2024), este O Macaco adapta o conto homônimo de Stephen King. Ele usa seu brinquedo amaldiçoado para falar de nosso medo da morte e como se deixar paralisar por isso nos impede de viver. Apesar desse tema ele não é uma produção que almeja ser um terror mais “cabeça”, muito pelo contrário. A intenção parece ser um pastiche de horror B setentista ou oitentista nos moldes de Maligno (2021), de James Wan, embora não seja tão bem sucedido.

Brinquedo assassino

A trama acompanha Hal (Christian Convery, de Sweet Tooth). Na infância ele e o irmão gêmeo Bill (Christian Convery) mexem nas coisas do pai que os abandonou e encontram um misterioso macaco de brinquedo que ele trouxe de uma viagem. Depois de dar corda no brinquedo para que o macaco toque seu tambor, alguém próximo a eles sempre morre no que parece ser algum acidente bizarro. Depois de várias tragédias eles decidem se livrar do boneco. Vários anos se passam e já adulto Hal (Theo James) tenta se reconectar com o filho, Petey (Colin O’Brien) levando ele para uma viagem a um parque de diversões. Os planos mudam quando Hal recebe a notícia da morte da tia que os criou e lá acaba mais uma vez reencontrando o macaco e toda a morte que vem junto com ele.

Crítica – Um Completo Desconhecido

 

Análise Crítica – Um Completo Desconhecido

Review – Um Completo Desconhecido
Um dos melhores filmes biográficos que já assisti é Não Estou Lá (2007), de Todd Haynes. É uma biografia do cantor Bob Dylan que não o cita nominalmente e não usa sua música, mas trás vários segmentos em que atores e atrizes diferentes interpretam personagens que representam as diferentes fases da carreira e da vida de Dylan. É uma obra abrangente, que nos faz entender as multidões que Dylan continha em si e tudo o que o movia. Por isso não fiquei interessando quando soube desde Um Completo Desconhecido, já que dificilmente ele estaria no mesmo patamar que o filme de Haynes.

Registro mimético

A trama segue Bob Dylan (Timothee Chalamet) desde sua chegada a Nova Iorque em 1961 até o lançamento de Like a Rolling Stone no qual ele se distancia de boa parte de seus padrinhos artísticos da música folk. É uma biografia que mais está interessada em narrar os eventos da trajetória do cantor do que realizar qualquer tipo de estudo de personagem ou chegar a um entendimento maior de quem é Dylan e o que movia a construção de sua arte, se limitando a dizer que Dylan não gostava de ficar estagnado.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Crítica – A Ordem

 

Análise Crítica – A Ordem

Review – A Ordem
Olhar para o passado pode nos permitir analisar o presente. É isso que A Ordem faz ao contar a história real da investigação do FBI que desbaratou um grupo neonazista que estava acumulando fundos para tentar fomentar um golpe de estado na década de 80. Por mais que seja uma trama sobre eventos que aconteceram há quarenta anos, o filme não deixa também de pensar em como isso impacta na contemporaneidade.

Guerras secretas

A trama se passa em 1983 e acompanha o agente do FBI Terry Husk (Jude Law), que é enviado para reestruturar um escritório do FBI no interior de Idaho. É aparentemente um posto vazio, sem muita ação, algo que Husk deseja para poder ter a chance de se reconectar com a esposa e a filha. As coisas, no entanto, não continuarão tranquilas. Um policial local, Jamie (Tye Sheridan), avisa Husk de suas suspeitas de que a onda de assaltos a banco e roubos de carro forte que assolam a região podem estar conectadas a grupos neonazistas que estão acumulando recursos para planejar alguma grande ação.