A adolescência é um período marcado por uma constante sensação de inadequação, é um momento de passagem entre a infância e a vida adulta, cheio de incertezas, de momentos em que precisamos decidir quem somos, quem queremos ser e nosso lugar no mundo. Assim, não é estranho perceber que a ficção voltada para o público jovem e adolescente normalmente recorre a personagens que de repente se veem diante de mundos fantásticos, de uma realidade que outros desconhecem, normalmente com uma missão a cumprir, afinal, se eu me sinto constantemente inadequado à vida que levo, devo vir de outro universo e se constrói facilmente a identificação deste público com os heróis destas histórias.
Isto não é diferente neste Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos(baseado no livro homônimo). A história é centrada na jovem Clary Fray (Lily Collins) que começa a desenhar símbolos estranhos e ver coisas que outros não veem. Quando seres estranhos invadem sua casa e levam sua mãe, a garota se vê em um universo de anjos, demônios e outros seres fantásticos e descobre ser parte da linhagem dos “caçadores de sombra”, humanos com sangue angelical que se devotam a caçar demônios usando o poder de runas mágicas. Para reencontrar sua mãe, contará com a ajuda do caçador de sombras Jace (Jamie Campbell Bower) e Simon (Robert Sheehan), com quem desenvolve um inevitável triângulo amoroso.
A história se desenvolve de uma maneira quase que completamente igual aos filmes recentes do gênero. Clary descobre a relação de sua mãe com um antigo vilão que aparentemente está morto, mas nem tanto assim (qualquer semelhança entre Harry Potter e Voldemort é mera coincidência, ou não) e que sua mãe lhe roubara um poderoso artefato que pode mudar o equilíbrio da guerra entre caçadores e demônios. As poucas reviravoltas são bastante previsíveis, principalmente para qualquer um que tenha visto a primeira trilogia de Star Wars e a série Harry Potter.