segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Crítica - Um Homem Entre Gigantes



O futebol americano é um esporte de intenso contato físico no qual os atletas são submetidos constantemente a fortes impactos, inclusive na cabeça. É de se imaginar que a NFL, o órgão que gerencia a liga americana, tenha plena ciência dos riscos de saúde de se levar uma vida com golpes na cabeça em ritmo quase que diário, mas a verdade é que a liga sempre negou que o cotidiano de um atleta de futebol americano pudesse causar dano cerebral permanente e foi preciso que um médico legista sem qualquer envolvimento com o esporte questionasse isso para que a poderosa entidade finalmente fosse questionada sobre esse problema.

Um Homem Entre Gigantes é baseado na história real de Bennet Omalu (Will Smith), médico nigeriano que trabalhava como legista na cidade de Pittsburgh nos Estados Unidos. Por acaso ele é incumbido de fazer a autópsia do ex-jogador Mike Webster (David Morse) e descobre que o dano cerebral decorrente de quase duas décadas de futebol americano profissional foram os responsáveis pelos problemas físicos e mentais que levaram o jogador ao suicídio. Aos poucos o médico vai percebendo uma aparição constante de casos semelhantes entre outros atletas do mesmo esporte. Quando resolve tornar públicas as suas descobertas, Omalu é violentamente rechaçado pela NFL, que faz tudo para desacreditá-lo e os resultados de sua pesquisa.

Vencedores do Oscar 2016

 
A cerimônia de entrega dos Oscars aconteceu no domingo, 28 de fevereiro, e trouxe alguns vencedores previsíveis, algumas surpresas e também esnobadas. O apresentador da noite Chris Rock não fugiu da polêmica envolvendo a ausência de negros na premiação e falou com todas as letras que Hollywood é de fato racista. O grande vencedor da noite foi Mad Max: Estrada da Fúria que levou para casa seis estatuetas, enquanto que O Regresso finalmente rendeu a Leonardo DiCaprio o tão esperado prêmio de melhor ator e fez também o diretor Alejandro Iñarritu vencer o Oscar de diretor pelo segundo ano consecutivo (ele venceu ano passado por Birdman), o filme ainda ganhou o prêmio de melhor fotografia. O veterano compositor Ennio Morricone venceu seu primeiro Oscar dentro da competição (ele já tinha ganho uma estatueta honorária por conjunto da obra) pelo seu trabalho em Os Oito Odiados de Quentin Tarantino e Divertida Mente confirmou seu favoritismo na categoria de animação não dando espaço para a ótima animação brasileira O Menino e o Mundo.

No campo das surpresas tivemos a (merecida) vitória do excelente Ex Machina: Instinto Artificial na estatueta de melhores efeitos especiais, batendo o favoritismo de Mad Max: Estrada da Fúria e Star Wars: O Despertar da Força. Surpresa também no principal prêmio da noite, o Oscar de melhor filme, que acabou ficando com Spotlight: Segredos Revelados quando todo mundo imaginava que a disputa seria vencida por O Regresso, Mad Max: Estrada da Fúria ou A Grande Aposta. Muitos se sentiram injustiçados pela derrota de Sylvester Stallone na estatueta de melhor ator coadjuvante, mas, apesar de minha torcida por Sly, considero que o prêmio ficou nas boas mãos do veterano dos palcos Mark Rylance que roubou a cena em Ponte dos Espiões.
 
A grande esnobada mesmo aconteceu na categoria de melhor canção original, na qual Lady Gaga e a intensa Til It Happens To You, tema do documentário The Hunting Ground, foi derrotada pelo tema de 007 Contra Spectre cantado por Sam Smith. Gaga foi introduzida ao palco por ninguém menos que Joe Biden, vice-presidente dos Estados Unidos, que foi aplaudido de pé ao fim de seu discurso sobre a necessidade de combater a violência contra a mulher, tema do documentário, e a própria Gaga também foi aplaudida de pé após sua apresentação, sendo a única entre todos os concorrentes em sua categoria a receber essa honraria e, apesar de todo esse reconhecimento, inexplicavelmente não levou a estatueta para casa.
 
Confiram abaixo os indicados e vencedores (destacados em negrito) e comentem o que acharam da premiação.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Vencedores do Framboesa de Ouro 2016

 
No sábado, 26 de fevereiro, um dia antes do Oscar, aconteceu a entrega do Framboesa de Ouro, premiação que "honra" os piores filmes do ano. Nesta edição o terrível Cinquenta Tons de Cinza foi o grande vencedor levando quatro prêmios. A nova versão do Quarteto Fantástico empatou com o romance erótico na categoria de pior filme e ainda rendeu um prêmio de pior diretor para Josh Trank. Confiram abaixo os indicados e os vencedores de cada categoria destacados em negrito.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Crítica - Deuses do Egito


Análise Crítica - Deuses do Egito

Review - Deuses do Egito
Vou ser direto: Deuses do Egito não é apenas um filme ruim, ele é tão ruim que acaba inevitavelmente descambando para o humor involuntário e produzindo risos inesperados com a sua ruindade.

A trama se passa no antigo Egito quando os deuses do Nilo caminhavam entre os homens. O jovem ladrão Bek (Brenton Thwaites) rouba um dos olhos do deus Hórus (Nikolaj Coster-Waldau, o Jaime Lannister de Game of Thrones) do cofre de Set (Gerard Butler), deus que dominou o Egito e o governa como um déspota. Bek resolve devolver o olho a Hórus e o ajuda em sua jornada para se vingar de Set em troca da ressurreição de sua amada Zaya (Courtney Eaton).

A primeira coisa que salta aos olhos são os visuais datados, que parecem saídos diretamente de alguma série de televisão dos anos noventa. Não ajuda também a computação gráfica de baixa qualidade que constrói esses ambientes e personagens, denunciando a artificialidade deste universo. As "formas divinas" dos deuses egípicios mais parecem designs rejeitados para alguma série japonesa estilo metal hero de décadas atrás e sempre que aparecem em cena produzem risos ao invés de impressionar, isso sem falar na transformação de Set em uma espécie de megazord próximo ao fim, quando ele combina os poderes dos diferentes deuses.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Crítica - Boa Noite, Mamãe



Dois irmãos gêmeos (Lukas e Elias Schwartz) veem a mãe (Susanne Wuest) retornar para casa depois de um acidente. Por causa do acidente, sua mãe está com o rosto completamente enfaixado e parece falar e agir diferente do que as duas crianças esperam dela. Aos poucos, a dupla começa a achar que há algo errado com a mãe deles e decidem tomar as rédeas da situação. Aos poucos, no entanto, as soluções encontradas pelos garotos começam a soar drásticas demais.

Quando eu falei sobre o ótimo Corrente do Mal, escrevi que um dos motivos da criatura ser tão ameaçadora é o fato de sabermos muito pouco sobre o que é exatamente "a coisa". O uso do desconhecido é um dos motivos pelos quais o austríaco Boa Noite, Mamãe acaba funcionando tão bem. O filme sempre nos deixa incertos quanto à natureza real da ameaça que estamos enfrentando, há algo errado com a mãe? Há algo errado com as crianças? Quem no fim das contas está ameaçando quem?

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Crítica - Como Ser Solteira



Começando com uma narração que reclama como histórias envolvendo mulheres são sempre sobre seus relacionamentos, Como Ser Solteira irá logo em seguida contar histórias sobre algumas mulheres justamente a partir de seus relacionamentos. Ao longo do filme cada personagem irá engatar pelo menos uma relação e será através delas, não pelos seus momentos de solteirice ou com seus amigos, que as personagens irão passar por transformações e mudanças.

A trama é centrada em Alice (Dakota Johnson, de Cinquenta Tons de Cinza) uma jovem que decide "dar um tempo" em seu namoro de quatro anos para decidir o que quer fazer com sua vida após faculdade, já que sente que sempre se definiu por quem se relacionava e agora quer saber quem é sozinha. Além dela acompanhamos também sua irmã mais velha, a obstetra Meg (Leslie Mann), que decide engravidar via inseminação artificial, sua melhor amiga Robin (Rebel Wilson) e mais uma penca de personagens que raramente conseguem dizer a que vieram por causa das atenções difusas da narrativa.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Os Indicados ao Oscar 2016 e as Pessoas Reais que Eles Interpretaram


Filmes baseados em fatos reais são comuns em Hollywood e não é raro que muitos desses filmes cheguem até as premiações. Neste ano, pouco mais de uma dezena de atores e atrizes indicados ao Oscar conseguiram suas menções ao interpretarem pessoas que realmente existiram. Vamos ver aqui o quanto os indivíduos reais se parecem com aqueles que os interpretaram.


Rudolf Abel e Mark Rylance (Ponte dos Espiões)



Tanto o diretor Steven Spielberg quanto o ator Tom Hanks diziam querer trabalhar com Rylance desde que o viram nos palcos em uma versão da peça shakespeariana Noite de Reis há anos atrás. O ator britânico não foi apenas extremamente competente, como também é bastante parecido com Abel. 

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Crítica - O Quarto de Jack



Jack (Jacob Tremblay) está fazendo cinco anos. Ele pede a sua mãe (Brie Larson) que faça para ele um bolo de aniversário, um bolo de verdade igual ao que ele vê na televisão. Antes disso ele descreve seu quarto e sua rotina com sua mãe. Seria uma infância perfeitamente normal se eles não estivessem cativos naquele quartinho minúsculo há anos com Jack inclusive tendo nascido ali e não conhecendo nada do mundo além daquelas quatro paredes. Conforme o tempo passa, Jack vai se tornando mais curioso com o que pode existir além do quarto e sua mãe começa a pensar em maneiras de sair dali.

A trajetória desses personagens não é apenas uma espécie de metáfora para o mito da caverna de Platão, sobre a importância de ir além das paredes e ampliar nossos horizontes, mas também sobre a ideia de que nada é irreparável e com o tempo nos livramos de nossas amarras.

Assim como fez no agridoce Frank (2015), o diretor Lenny Abrahamson mais uma vez se volta a um protagonista que vive em seu próprio mundo e é confrontado com a realidade. Contado praticamente sob o ponto de vista de Jack, cujo olhar inocente evita tornar tudo muito sombrio, o filme começa com planos fechados, que fazem o diminuto quarto parecer maior do que realmente é, dando a impressão de que há um mundo ali dentro e para o garoto é de seu mundo inteiro.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Crítica - Digimon Story: Cyber Sleuth


Análise - Digimon Story Cyber Sleuth

Review Digimon Story Cyber Sleuth
Depois de quase um ano de seu lançamento no Japão para PS Vita, o RPG Digimon Story: Cyber Sleuth finalmente traz os monstrinhos digitais ao ocidente e agora também com uma versão para o PS4 (usado neste texto). Além do óbvio apelo da franquia Digimon, o que me atraiu ao game é fazia tempo que eu estava atrás de um RPG mais tradicional, com batalhas em turnos e encontros aleatórios, e acabei encontrando aqui exatamente o que eu estava buscando.

A história se passa no futuro quando é possível digitalizar o corpo e habitar uma realidade virtual chamada EDEN. Um dia o protagonista (ou a protagonista, dependendo de sua escolha) e seus amigos são convidados por um hacker a uma parte antiga e oculta desse mundo virtual. Lá são presenteados com o aplicativo "Digimon Capture" que os permite pegar e usar Digimons, programas comumente usado pelos hackers. Nesse momento o grupo é atacado por uma estranha criatura chamada Eater e o monstro ataca o protagonista no exato momento em que tentava fazer logoff do EDEN e é quase devorado pela criatura. O protagonista é salvo pela detetive Kyoko Kuremi, que o ajuda a recuperar seu corpo, agora parte humano e parte digital, e assim se alia à detetive para desvendar uma perigosa conspiração envolvendo a empresa que controla o EDEN.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Crítica - Brooklin

Análise Crítica - Brooklin


Review - Brooklyn
Deixar seu país e tudo que você conhece para tentar a sorte em outra nação na qual não conhecemos nada nem ninguém é uma experiência bastante assustadora. Não apenas por não sabermos o que iremos encontrar do outro lado, mas também pela incerteza se será possível transformar em lar a nova moradia. Este Brooklin trata desses temas e principalmente de como os imigrantes foram essenciais para a formação de suas principais cidades, em especial Nova Iorque.

A jovem Eilis (Saiorse Ronan) deixa a Irlanda sozinha rumo a uma vida melhor nos Estados Unidos. Lá passa a viver em uma pensão cujas outras moças constantemente a provocam e arruma um emprego do qual não gosta muito. A saudade de casa parece ser insuportável e ela parece não ser capaz de tocar sua vida para frente no novo país, mas tudo parece mudar quando conhece o descendente de italianos Tony (Emory Cohen).

Com uma cenografia e figurinos que emulam muito bem a Nova Iorque dos anos 50, este é um romance bastante tradicional, mas que funciona graças à química do casal de protagonistas que constrói de modo bastante natural a atração entre os dois. A jovem Saiorse Ronan faz de sua Eilis uma jovem bastante quieta e introspectiva, mas consegue revelar de modo cuidadoso e sutil o tormento emocional experimentado por ela, chega a ser impressionante o quanto Ronan consegue dizer com apenas um leve franzir da testa ou uma pequena hesitação em seu sorriso.