Quando
soube que a história do prodígio do xadrez Bobby Fischer seria contada a partir
de seu longo duelo com o campeão russo Boris Spassky, imaginei que o filme
seria uma mistura de Rocky IV (1985),
por usar uma disputa esportiva com valor simbólico para a Guerra Fria, com Uma Mente Brilhante (2001), por causa do
protagonista paranoico e com claros problemas mentais, e, bem, O Dono do Jogo é exatamente isso sem
tirar nem por.
No
filme, Fischer (Tobey Maguire) começa a bilhar no xadrez desde adolescente e ao
chegar na idade adulta tem sua carreira financiada pelo governo e entidades
privadas para poder competir ao redor do mundo e assim finalmente derrotar os
imbatíveis enxadristas russos, em especial o campeão Spassky (Liev Schrieber).
Ao longo da jornada ele tem a companhia de seu advogado/empresário Paul
Marshall (Michael Stuhlbarg, que esse ano trabalhou nos indicados ao Oscar Steve Jobs e Trumbo: Lista Negra) e do padre e enxadrista Bill Lombardy (Peter
Saarsgard).
O
principal empecilho para o triunfo de Fischer, no entanto, não são seus
adversários, mas sua própria mente e ego, já que ele constantemente se perde em
delírios paranoicos sobre estar sendo perseguido pelos comunistas e judeus,
ações que o afastam do mundo competitivo e das pessoas ao seu redor. A questão
é que o filme mostra muito da paranoia e instabilidade do personagem, mas
parece fazer pouco esforço para estudá-lo ou analisá-lo, vemos uma sucessão de
episódios de desequilíbrio mental ou emocional, mas o filme pouco tenta
compreender o que está por trás disso.