Uma pessoa sofre um atentado
violento e está à beira da morte. Ela é salva por uma grande corporação que lhe
dá um poderoso corpo cibernético, transformando-a em uma arma para combater o
crime e defender seus interesses corporativos. Essa é a trama de Robocop (1987) e seu remake. Porque a estou citando em um
texto sobre a adaptação do mangá Ghost in
the Shell de Masamune Shirow e seu longa animado de mesmo nome lançado em
1995 (sob o título de O Fantasma do
Futuro no Brasil) sob a direção de Mamoru Oshii? Bem, porque essa é
basicamente a trama deste A Vigilante do
Amanhã: Ghost in the Shell, o que deve deixar muitos fãs da obra original
decepcionados. O que não significa, no entanto, que seja um filme ruim.
Avaliar uma adaptação não é
simples. Por um lado tenho a clara ciência de que uma adaptação não precisa ser
uma reprodução ipsis litteris do
material original e precisa se sustentar com as próprias pernas. Por outro
lado, espera-se que, por mais que hajam mudanças nos eventos da narrativa, seja
de algum modo fiel às ideias e temas transmitidos pelo produto no qual se
baseia, caso contrário não faz sentido fazer uma adaptação. Ser bem sucedido
como adaptação também não vai implicar necessariamente que o filme é bom, assim
como o fracasso enquanto adaptação não é implica exatamente que o filme é ruim. A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell
tem muito pouco do material no qual se baseia e foge das discussões
existenciais mais complexas do mangá e do anime, mas ainda assim tem sua
parcela de qualidades.