Lançado em 1968 e dirigido por Roberto Farias, este Roberto Carlos em Ritmo de Aventura é o
último filme que esperava que tivesse um viés modernista ou iconoclasta.
Afinal, pelo menos para alguém da minha idade, Roberto Carlos sempre foi
sinônimo de coisas quadradas e de uma música que variava entre o romântico e o
religioso. Sim, eu sabia da época da Jovem Guarda e que ele foi uma espécie de
ídolo rock em sua juventude, mas ainda assim ele estava mais para a fase
inicial dos Beatles, com seus terninhos e cabelos bem cortados, do que para
Rolling Stones e qualquer atitude mais roqueira.
Sob a superfície, Roberto
Carlos em Ritmo de Aventura parece ser aquele tipo de produção caça-níqueis
feita apenas para faturar em cima da popularidade de um músico famoso. É isso,
na verdade, mas não deixa de tentar ser criativo ao invés de fazer algo esquemático
e previsível como eram os filmes do Elvis (com exceção de O Prisioneiro do Rock) ou mesmo os outros filmes protagonizados por
Roberto Carlos: Roberto Carlos e o
Diamante Cor de Rosa e Roberto a 300
Quilômetros por Hora.
A verve irreverente e modernosa do filme é sentida já desde
as primeiras cenas. Depois de uma apresentação musical, Roberto Carlos pega um
telefone e liga para o diretor do filme, Roberto Farias. O cantor quer saber do
diretor o que fará a seguir e o diretor informa que perdeu o roteiro do filme,
avisando que a sala de onde Roberto Carlos está ligando está cheia de bandidos,
que prontamente atacam o cantor.