quarta-feira, 31 de julho de 2019

Crítica – Chernobyl


Análise Crítica – Chernobyl


Review – Chernobyl
A minissérie Chernobyl fala sobre eventos do passado, mas o olhar que ela constrói sobre esses eventos é claramente voltado para a contemporaneidade. Os problemas ao redor do desastre nuclear na antiga União Soviética penetram ainda hoje no tecido social e político de muitos países da democracia ocidental.

A trama é baseada na história real do desastre nuclear ocorrido na usina de Chernobyl na década de 80, localizada na Ucrânia, parte da União Soviética na época. A narrativa é centrada no cientista nuclear Legasov (Jared Harris), que é chamado para tentar conter o vazamento da radiação. No esforço de resolver o problema, Legasov e um dos superiores do partido, Shcherbina (Stellan Skarsgard) encontram múltiplos entraves colocados pelo próprio governo, que se nega a admitir a real dimensão do desastre, tanto para os próprios cidadãos quanto para a comunidade internacional.

É uma trama slow burn, que caminha em um ritmo relativamente lento ao tentar acompanhar o cotidiano das tentativas de conter o avanço da radiação e de pintar um panorama bastante amplo das consequências e de tudo que o governo precisou fazer. Assim, a trama nos mostra desde os esforços de Legasov e Shcherbina para conter o núcleo do reator, como a ação dos militares para evacuar as cidades ao redor ou para eliminar todos os animais selvagens, domésticos e de fazenda na área afetada para que eles não espalhassem radiação.

segunda-feira, 29 de julho de 2019

Crítica – Orange is the New Black: 7ª Temporada


Análise Crítica – Orange is the New Black: 7ª Temporada


Review – Orange is the New Black: 7ª TemporadaDepois de duas temporadas abaixo do alto padrão da série (a quarta foi a última verdadeiramente excelente), Orange is the New Black chega à sua sétima e última temporada com a missão de retomar seus melhores dias e encerrar dezenas de histórias desenvolvidas ao longo de seus sete anos. Aviso que todo o texto a seguir contem SPOILERS da temporada.

A narrativa começa com Piper (Taylor Schilling) tentando se adaptar à vida fora da cadeia e com a distância de seu relacionamento com Alex (Laura Prepon). Ao mesmo tempo, Taystee (Danielle Brooks) precisa lidar com o fato de que passará o resto da vida na prisão por um crime que não cometeu. Os primeiros episódios já deixam clara essa sensação de final, de que estamos diante do fechamento de um ciclo. Inclusive a série retoma personagens que tinham ficado de fora da temporada anterior, como Maritza (Diane Guerrero) ou Sophia (Laverne Cox), justamente para dar um encerramento à jornada dessas pessoas.

quinta-feira, 25 de julho de 2019

Crítica – Hellboy


Análise Crítica – Hellboy


Review – Hellboy
No papel, essa nova versão de Hellboy parecia promissora. Uma classificação indicativa alta permitiria ser mais fiel ao material original, o criador do personagem, Mike Mignola, estaria mais próximo da produção e, apesar de não ter mais Ron Perlman como o personagem título, foi encontrado no ator David Harbour (o Hopper de Stranger Things) um bom substituto. O novo Hellboy tinha tudo para dar certo, mas infelizmente não dá.

A trama acompanha Hellboy (David Harbour), um investigador paranornal a serviço de uma agência que monitora ocorrências sobrenaturais. Quando a antiga feiticeira Nimue (Milla Jovovich) retorna dos mortos e ameaça liberar demônios no mundo, cabe a Hellboy e seus aliados deter a ameaça.

O primeiro problema é que a narrativa constantemente perde o foco em digressões que pouco acrescentam  à trama e existem mais como fanservice e para plantar futuras continuações do que para construir o arco do protagonista. Vemos Hellboy enfrentar vampiros, gigantes e a bruxa Baba Yaga sem que essas ocorrências oferecerem muito desenvolvimento. Além da trama fragmentada, o arco de Hellboy e sua incerteza em relação a ajudar uma humanidade que o rejeita é desenvolvido de modo inconsistente.

quarta-feira, 24 de julho de 2019

Crítica – Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal


Análise Crítica – Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal


Review – Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal
Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal é um filme sobre um serial killer que praticamente não mostra o personagem cometendo assassinatos. Essa escolha poderia ser um grande problema, mas a narrativa usa isso como virtude e o resultado é uma trama que tenta entender o fascínio que um sujeito como Ted Bundy exercia sobre pessoas comuns.

A narrativa, baseada em uma história real, começa quando Ted Bundy (Zac Efron) conhece a secretária Liz Kendall (Lily Collins). Eles vivem um relacionamento aparentemente feliz até que um dia, durante uma viagem, Ted é detido por um policial na estrada, supostamente por ser reconhecido como um assassino procurado na área. Ted, no entanto, clama inocência e avisa para Liz que a polícia está armando para ele. Liz inicialmente acredita no namorado, mas acusações de outros estados começam a aparecer e Liz começa a ter dúvidas, mas o charme de Ted é eficiente em mantê-la sob seu controle durante um bom tempo.

A ideia parece ser explorar a natureza magnética de Bundy e como um serial killer tem facilidade em manipular e convencer as pessoas ao seu redor do que quer que seja. Nesse sentido, é acertada a escalação de Zac Efron como Bundy, já que provavelmente não há ninguém melhor para evocar a presença magnética do serial killer do que um galã hollywoodiano. Efron se vale de seu charme natural para fazer de Bundy um sujeito tão naturalmente boa praça que ninguém conseguia dizer não para ele. Desta maneira, a performance de Efron consegue nos convencer de como alguém como Bundy manteria as pessoas ao seu redor presas em sua rede de mentiras por tanto tempo.

terça-feira, 23 de julho de 2019

Crítica – As Trapaceiras


Análise Crítica – As Trapaceiras


Review Crítica – As Trapaceiras
Remake da comédia Os Safados (1988), estrelada por Michael Caine e Steve Martin, este As Trapaceiras muda o gênero de suas protagonistas, mas mantem a premissa original de uma rivalidade entre golpistas de personalidades opostas. Na trama, Penny (Rebel Wilson) e Josephine (Anne Hathaway) são duas golpistas disputando o território de uma pequena cidade turística na costa francesa. Para decidir quem poderá operar na cidade, elas fazem uma aposta: a primeira que conseguir meio milhão do rico desenvolvedor de aplicativos, Thomas (Alex Sharp).

Boa parte do humor reside em gags físicas, em especial as que envolvem a personagem de Rebel Wilson explorando o já cansando arquétipo de “gorda desajeitada” que ela vem repetindo durante boa parte de sua carreira. Na maioria das vezes ela se limita a cair e esbarrar em objetos em situações pouco inspiradas. Em outras, ele demora demais em piadas que por si já não seriam engraçadas e se tornam constrangedoras com a insistência na piada, a exemplo da cena em que ela se esfrega nas grades de uma cela para tentar seduzir uma policial.

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Crítica – As Rainhas da Torcida


Análise Crítica – As Rainhas da Torcida


Review – As Rainhas da Torcida
Estrelado por Diane Keaton, As Rainhas da Torcida é aquele tipo de “feel good movie” para assistir em uma tarde chuvosa com um pote de sorvete. Pode não ter nada que você já não tenha visto, nem te desafiar como audiência, mas certamente vai colocar um sorriso em seu rosto.

Na trama, Martha (Diane Keaton) se muda para um condomínio de idosos no interior depois de ser diagnosticada com câncer. Lá ela faz amizade com sua vizinha, Sheryl (Jacki Weaver), e em uma conversa sobre o passado, Martha revela que quase foi líder de torcida de sua escola na juventude. Sheryl acaba encorajando a amiga para realizar seu sonho de juventude e juntas decidem criar um clube de líderes de torcida para as moradoras do condomínio.

A ideia é claramente mostrar que não há idade limite para nada na vida, que nunca é tarde para experimentar a vida ou correr atrás dos nossos sonhos. O problema é que o texto nunca dedica muito tempo às personagens, ao seus passados ou motivações e com isso elas acabam soando como figuras unidimensionais. O elenco composto por nomes como Diane Keaton, Jacki Weaver e Pam Grier é eficiente em construir a amizade entre as personagens e em nos fazer nos importar com elas graças a seu puro carisma quanto intérpretes.

domingo, 21 de julho de 2019

Crítica – Cavaleiros do Zodíaco: 1ª Temporada


Análise Crítica – Cavaleiros do Zodíaco: 1ª Temporada


Review – Cavaleiros do Zodíaco: 1ª Temporada
Diferente de animes como Dragon Ball Z ou Naruto, Cavaleiros do Zodíaco nunca fez nos Estados Unidos o sucesso que fez aqui no Brasil ou em alguns países da Europa. Essa nova adaptação do mangá de Masami Kurumada claramente mira no país como seu alvo principal, algo evidente pela ocidentalização dos nomes da dublagem em inglês, que troca Saori por Sienna, por exemplo. É um expediente desnecessário, visto que outros animes não precisaram disso para serem abraçados pelo público dos EUA e, felizmente, a dublagem brasileira manteve os nomes originais.

A trama é praticamente a mesma do mangá e do anime original. Jovens órfãos são enviados para lugarea remotos do mundo para treinarem e se tornarem cavaleiros de Athena, a deusa grega da sabedoria. Athena ressuscitou nos dias de hoje como a jovem Saori Kido e os cavaleiros Seiya, Shiryu, Hyoga e Shun precisam defendê-la das forças do mal.

Os temas principais de sacrifício, altruísmo e amizade continuam sendo centrais na trama. A jornada dos quatro protagonistas é a de justamente deixarem de lado a rivalidade e diferenças filosóficas para conseguirem lutar como uma unidade, com a trama apresentando aos poucos as razões desses personagens irem confiando uns nos outros. A narrativa também já vai plantando elementos que irão justificar os combates que veremos na batalha das 12 casas, a exemplo do breve encontro entre Ikki e Shaka de Virgem. Alguns elementos chave da narrativa, no entanto, acabam carecendo de impacto, como a revelação de que Saori é Athena.

sexta-feira, 19 de julho de 2019

Crítica – Meu Eterno Talvez



Análise Crítica – Meu Eterno Talvez

Review – Meu Eterno Talvez
Não esperava muita coisa deste Meu Eterno Talvez, visto que a maioria dos filmes originais da Netflix tende a ser decepcionante, vide os recentes Megarromântico e Entre Vinhoe Vinagre, mas ele acaba sendo uma fofa comédia romântica que tenta ponderar sobre relacionamentos e os papéis sociais aferidos a homens e mulheres dentro de uma relação.

Sasha (Ali Wong) e Marcus (Randall Park) são amigos desde a infância e acabam se envolvendo romanticamente no final do ensino médio. Eles se afastam depois da morte da mãe de Marcus e da ida de Sasha para a faculdade. Anos mais tarde, Sasha retorna a sua cidade natal para abrir um restaurante e reencontra Marcus. A reunião desperta neles sentimentos que estiveram dormentes em ambos durante o período que passaram afastados.

É uma premissa bem típica de comédia romântica que deixa óbvio desde o início que Sasha e Marcus vão inevitavelmente descobrir que foram feitos um para outro, assim como trocarão aprendizados entre si, com Sasha aprendendo a se reconectar às suas raízes e Marcus aprendendo a ser menos acomodado. Apesar da trama não oferecer nenhuma grande surpresa, o carisma e a química de Ali Wong e Randall Park conseguem nos fazer torcer pelo casal, com ambos construindo personagens adoráveis e com motivações compreensíveis.

quinta-feira, 18 de julho de 2019

Crítica – Citizens of Space


Análise Crítica – Citizens of Space


Review – Citizens of SpaceLançado em 2015 para múltiplas plataformas, o RPG Citizens of Earth surpreendia por sua homenagem aos RPGs da era 16-bit, em especial pelo modo como homenageava jogo cult Earthbound, tanto em sua estética colorida quanto em seu senso de humor excêntrico. Pois agora a desenvolvedora Eden Industries e a publisher Sega literalmente levam a franquia ao espaço neste Citizens of Space, que tem muito do que tornou o primeiro tão bacana, mas também repete muitos de seus erros.

Na trama, a Terra tenta integrar a federação galáctica de planetas, mandando seu embaixador para discursar na assembleia da federação. O problema é que durante o discurso a Terra desaparece por completo e a federação nega a inclusão do planeta na organização visto que o planeta sumiu. Assim, o embaixador precisa reunir cidadãos de toda a galáxia para ajudá-lo a solucionar o sumiço da Terra. A trama tem o mesmo senso de humor excêntrico e absurdo do game anterior e continua a parodiar o universo da política, inclusive com um presidente que é claramente inspirado em Donald Trump.

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Crítica – Gotti


Análise Crítica – Gotti


Review – Gotti
Baseado na vida do mafioso John Gotti, este Gotti deveria ser um grande retorno do ator John Travolta ao prestígio que ele um dia teve. Claro, ele esteve na excelente primeira temporada de American Crime Story: O Povo Contra O.J Simpson, mas ali era mais um esforço conjunto do que um produto apoiado em uma única estrela. Além disso, a série foi um ponto fora da curva na filmografia recente de Travolta que tem estrelado um punhado de filmes ruins lançados direto para home video. Eu digo que Gotti deveria ser porque o resultado final claramente deixa Travolta ainda mais longe de recuperar sua reputação.

A trama conta a trajetória de John Gotti (John Travolta) no mundo do crime desde os anos 70 até sua eventual morte em 2002. Ao invés de contar essa história de uma maneira linear, o filme opta por construir sua trama em uma série de flashbacks a partir de uma conversa de Gotti com o filho, Gotti Jr (Spencer Lofranco), na prisão.

Essa escolha de desarrumar a temporalidade é o primeiro grande problema do filme. Ao fazer esse tipo de opção por desarranjo temporal, normalmente se escolhe algum eixo de alguma natureza para costurar tudo, mas aqui não parece haver uma espinha dorsal clara apoiando as escolhas do texto de ir e voltar no tempo. Não há um fio condutor, um conflito central e, dessa maneira, parece que estamos vendo uma colagem de “melhores momentos” do personagem sem qualquer causalidade entre eles.