Criado no final do século XIX por Maurice Leblanc, o
cavalheiro ladrão Arsene Lupin chamava atenção por seus roubos engenhosos e seu
talento por disfarces. Apesar de um nome conhecido na literatura e já ter
recebido sua parcela de adaptações para cinema e televisão, o personagem estava
relativamente do audiovisual mainstream
nos últimos anos. A série francesa Lupin,
produzida pela Netflix, tenta trazer o personagem para os dias atuais, ao mesmo
tempo em que celebra o legado literário da criação de Leblanc.
A trama acompanha Assane (Omar Sy), um imigrante senegalês
que chegou na França ainda garoto e que viu o pai ser preso por um crime que
não cometeu. Anos depois, já adulto, decide se vingar da rica família
responsável pela prisão do pai. Inspirado pelos livros de Arsene Lupin que seu
pai lhe deixou, Assane monta audaciosos esquemas para descobrir o que realmente
aconteceu com o pai dele, que teria se suicidado na prisão.
Omar Sy tem carisma e charme de sobra para convencer que seu
personagem seria capaz de levar qualquer um na conversa e se infiltrar em
qualquer lugar, trazendo a confiança, postura cavalheiresca e a astúcia que se
espera de um pretenso Lupin. O arco do personagem também lida com questões de
preconceito e de classe social, mostrando como o pai de Assane foi facilmente
incriminado por ser um imigrante negro e pobre, sendo facilmente devorado e
desacreditado pelo sistema de justiça. Para além da trama criminal, a série
também desenvolve a relação de Assane com o filho e a ex-esposa, com o último
episódio da temporada nos fazendo compreender como os planos de vingança de
Assane afetaram o relacionamento.