segunda-feira, 31 de maio de 2021

Crítica – Cruella

 

Análise Crítica – Cruella

Review – Cruella
Não estava lá muito empolgado para este Cruella, tentativa da Disney de contar a origem da vilã de 101 Dálmatas (1961), que chegou a ser interpretada nos cinemas por Glenn Close. Meu principal temor é que fizessem com a vilã o mesmo que fizeram como Malévola nos filmes estrelados por Angelina Jolie, removendo a maldade da personagem e tratando-a mais como uma vítima incompreendida do que alguém que se regozija na própria maldade. Felizmente isso não acontece tanto aqui, com o filme conseguindo manter a natureza implacável de Cruella ao mesmo tempo em que nos dá razões para torcer por ela.

A trama se passa na década de 60 e segue a jovem Cruella (Emma Stone) vivendo de pequenos golpes ao lado dos amigos Gaspar (Joel Fry) e Horácio (Paul Walter Hauser) até conseguir uma oportunidade de trabalhar na butique mais luxuosa de Londres, a que vende as roupas da Baronesa (Emma Thompson), a mais importante estilista do país. Querendo se tornar uma designer de moda, Cruella começa a trabalhar para a Baronesa, mas logo descobre informações surpreendentes sobre seu passado.

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Rapsódias Revisitadas – Tony Manero

 

Análise Crítica – Tony Manero

Review – Tony Manero
Misturar ditadura militar chilena com o icônico personagem de John Travolta em Os Embalos de Sábado à Noite (1977) parece algo que não faz sentido. Afinal, que relações podem ser estabelecidas entre esse personagem dançarino e um período brutal da história latino-americana? Para o diretor Pablo Larraín, responsável por este Tony Manero, a resposta é que se pode usar o personagem de Travolta para fazer uma poderosa metáfora sobre a ditadura chilena.

A trama se passa durante a ditadura militar chilena e é centrada em Raúl (Alfredo Castro), um pequeno criminoso de meia-idade que vive na periferia de Santiago e é completamente obcecado pelo filme Os Embalos de Sábado à Noite. Raúl deseja participar de um concurso de sósias de Tony Manero em um programa de televisão local e para isso quer construir uma performance e uma caracterização mais parecida possível com o personagem de Travolta.

A obsessão de Raúl com o filme o torna extremamente violento contra qualquer um que se coloque em seu caminho. Isso fica evidente, por exemplo, quando o cinema em que ele vai repetidas vezes assistir o filme de John Travolta tira a película de cartaz e a substitui por Grease: Nos Tempos da Brilhantina (1978). Quando isso acontece, Raúl vai até a sala de projeção e brutalmente espanca o projecionista. Em outro momento, o protagonista segue uma idosa até a casa dela para matá-la e roubar sua televisão a cores.

quinta-feira, 27 de maio de 2021

Crítica – Army of the Dead: Invasão à Las Vegas

Análise Crítica – Army of the Dead: Invasão à Las Vegas


Review Crítica – Army of the Dead: Invasão à Las Vegas

A ideia de um filme de roubo em meio a um apocalipse zumbi parece sob medida para um divertido blockbuster de ação que deixe o espectador entretido por algum tempo. Em tese Army of the Dead: Invasão à Las Vegas deveria ser isso, mas se alonga mais do que deveria considerando seu fiapo de trama ao ponto de ficar maçante.

Na trama, a cidade de Las Vegas e parte do estado de Nevada foram isoladas depois de um surto zumbi infestou a cidade. O governo planeja lançar em poucos dias uma bomba nuclear na região para resolver o problema. Em meio a isso está Scott (Dave Bautista) um dos poucos a ter enfrentado o início da infestação e ter saído com vida da cidade. Scott é procurado pelo bilionário Tanaka (Hiroyuki Sanada) como uma proposta lucrativa: recuperar 200 milhões guardados em um cofre subterrâneo no hotel-cassino de sua propriedade em Las Vegas aproveitando a desocupação das fronteiras da área de quarentena para penetrar na região, recuperar o dinheiro e sair antes do bombardeio.

quarta-feira, 26 de maio de 2021

Crítica – Judas e o Messias Negro

 

Análise Crítica – Judas e o Messias Negro

Review – Judas e o Messias Negro
De início imaginei que o título deste Judas e o Messias Negro operava em uma grande hipérbole, mas, de fato, a trama do informante que entregou um dos principais líderes dos Panteras Negras em troca de dinheiro lembra a jornada de Judas entregando seu messias por um punhado de moedas.

Baseada em fatos reais, a narrativa acompanha Bill O’Neal (Lakeith Stanfield), um pequeno criminoso que é pego pelo FBI e é transformado em informante, sendo mandado para se infiltrar nos Panteras Negras e vigiar Fred Hampton (Daniel Kaluuya), líder da filial de Illinois do partido. A história é contada pela estrutura típica do infiltrado que se aproxima demais daquele que devia investigar, perde um pouco de sua perspectiva e fica em dúvida sobre a missão, mas o desenvolvimento dos personagens tem nuance o suficiente para envolver.

A narrativa capta bem o momento de instabilidade social da década de 1960 conforme diferentes movimentos sociais, como os movimentos negros, passaram a lutar por igualdade e direitos civis. Muitos desses movimentos, como os Panteras Negras, eram tratados como grandes ameaças à ordem pública pelas autoridades federais, temendo um levante da população menos favorecida.

terça-feira, 25 de maio de 2021

Crítica – Resident Evil: Village

 

Análise Crítica – Resident Evil: Village

Review – Resident Evil: Village
Me surpreendi positivamente com a maneira com a qual Resident Evil 7: Biohazard reinventava a famosa franquia de survival horror da Capcom investindo ainda mais no terror e no gerenciamento de recursos. Depois de dar nova vida à série, a Capcom decidiu continuar a história de Ethan Winters misturando elementos do jogo anterior com muitas mecânicas de Resident Evil 4, que considero o melhor da série, neste Resident Evil: Village.

A trama se passa alguns anos depois dos eventos na propriedade dos Baker. Ethan e Mia agora vivem na Europa com a filha recém-nascida Rose, protegidos por Chris Redfield e BSAA. Isso até que Chris invade a casa deles, mata Mia, leva Rose embora e captura Ethan. O comboio que levava Ethan preso é atacado e ele se vê em uma estranha vila no interior europeu que é povoada por estranhas criaturas. Quem lidera essas criaturas é a misteriosa Mãe Miranda, que aparentemente pegou Rose. Assim, Ethan precisa derrotar os quatro lordes monstros que governam a vila para chegar até Mãe Miranda.

segunda-feira, 24 de maio de 2021

Drops – Oxigênio

 

Análise Crítica– Oxigênio

Review Crítica– Oxigênio
Uma mulher (Melanie Laurent) acorda sem memória dentro de uma cápsula criogênica. A cápsula está defeituosa, perdendo aos poucos seu suprimento de oxigênio e ela só pode ser aberta com um código específico que a protagonista não se lembra. Assim, a mulher precisa se lembrar quem é e qual seu código para conseguir abrir a cápsula antes que o oxigênio se esgote. A premissa deste Oxigênio já é por si só carregada de tensão por seu espaço diminuto e corrida contra o tempo, o problema é como essa trama é conduzida.

Melanie Laurent traz um sentimento palpável de confusão e desespero da personagem, algo essencial para embarcarmos na história já que o rosto dela está presente durante 95% do filme. A principal interação da protagonista é com a inteligência artificial (voz de Mathieu Amalric) que controla o funcionamento da cápsula e a única maneira que ela tem de entrar em contato com o mundo exterior e entender o que está acontecendo.

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Crítica – Monstro

 Análise Crítica – Monstro


Review – Monstro
O cinema hollywoodiano tem produzido diversas representações (ficcionais e documentais) do tratamento injusto que o sistema judiciário e policial dos Estados Unidos dá a populações não brancas, especialmente às comunidades negras. Este Monstro, adaptação de um romance de Walter Dean Myers, se encaixa nessa tendência, ainda que tenha pouco a acrescentar ao debate dessas questões.

A trama é centrada em Steve (Kelvin Harrison Jr), um jovem de 17 anos aspirante a cineasta e morador do Harlem que é acusado de um crime que não cometeu simplesmente por ser um adolescente negro de periferia que estava próximo do local quando tudo aconteceu. A trama acompanha o julgamento de Steve, as dificuldades dele em se adaptar à vida da prisão, bem como a vida pregressa do protagonista com todos os sonhos e planos que ele tinha.

A narrativa aponta o problema, a conduta preconceituosa de policiais e promotores que julgam Steve por sua cor e sua origem e não pelos fatos em si. Mostra como a sociedade tende a tratar automaticamente um negro periférico como bandido mesmo quando não há praticamente nenhuma evidência objetiva para tal, com o promotor inclusive tentando transformar qualquer elemento da vida de Steve, como sua paixão por cinema, em uma prova de que ele seria um criminoso dissimulado e estaria mentindo para os jurados do tribunal.

quinta-feira, 20 de maio de 2021

Crítica – Castlevania: 4ª Temporada

 Análise Crítica – Castlevania: 4ª Temporada


Review – Castlevania: 4ª Temporada
Chegando em sua quarta e última temporada, Castlevania se sedimenta como a melhor adaptação audiovisual de um jogo de videogame. Mesmo que a trama fique um pouco à deriva às vezes, o texto nunca esquece o desenvolvimento de seus personagens e constantemente adiciona camadas a eles, tornando-os indivíduos complexos e interessantes de acompanhar.

Repercutindo os eventos da última temporada, acompanhamos Trevor (Richard Armitage) e Sypha (Alexandra Reynoso) vagando pelo país caçando aqueles que insistem em tentar ressuscitar Drácula (Graham McTavish). Ao mesmo tempo, Alucard (James Callis) sai de seu isolamento e desconfiança da humanidade para ajudar uma vila próxima que está sendo atacada por criaturas da noite, sem desconfiar que está sendo usado como parte de um complexo plano arquitetado pelo alquimista Saint Germain (Bill Nighy) para ressuscitar Drácula.

Reconstrução parece ser o tema central desta temporada. Conforme os personagens vão percebendo que, de um jeito ou de outro, seus planos e suas jornadas estão próximas ao fim, eles começam a pensar nas possibilidades de reconstruírem suas vidas ou nos próximos passos após o fim. Isso fica evidente na jornada de Isaac (Adetokumboh M'Cormack), que começa a pensar no que vai fazer após concluir sua vingança contra Hector (Theo James) e Carmilla (Jaime Murray), usando suas habilidades para reconstruir as cidades que deixou em ruínas e até ponderando sobre como as criaturas da noite são muito mais que máquinas de matar irracionais.

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Crítica – A Mulher na Janela

 

Resenha Crítica – A Mulher na Janela

Review – A Mulher na Janela
Dirigido por Joe Wright, este A Mulher na Janela mira em ser uma espécie de Janela Indiscreta (1954) contemporâneo, mas o resultado decepciona em relação à filmografia do diretor e fica mais próximo de tentativas desastrosas de suspense psicológico como A Cor da Noite (1994).

A trama acompanha Anna (Amy Adams) uma mulher agorafóbica que mora em Nova Iorque e há anos não sai de casa por conta de um trauma passado. A rotina dela muda com a chegada de novos vizinhos na casa da frente, cuja relação parece conturbada. O garoto, Ethan (Fred Hechinger), parece ter medo do pai, Alistair (Gary Oldman). Um dia Anna vê a esposa de Alistair, Jane (Julianne Moore), ser aparentemente esfaqueada por ele, mas quando denuncia à polícia, o vizinho mostra que a esposa está viva e bem, mas a mulher que aparece como Jane (Jennifer Jason Leigh) é bem diferente da que Anna conheceu. Assim, a mulher tenta descobrir o que está acontecendo.

O primeiro problema é a unidimensionalidade e histrionismo dos personagens. Apesar de Joe Wright conduzir tudo como um suspense sério e estilizado, todo mundo se comporta como se estivesse em um suspense B exagerado. Fred Hechinger pesa tanto a mão na composição de “jovem desequilibrado” que vira uma caricatura ridícula prejudicada por diálogos bizarros como aquele em que ele comenta sobre línguas de gato. Já Gary Oldman se limita a gritar o tempo todo e nem é aquela histeria divertida que o ator já apresentou em filmes como O Profissional (1994) quando interpretou um policial constantemente drogado, aqui soa despropositadamente excessivo.

terça-feira, 18 de maio de 2021

Crítica – Mortal Kombat

 Análise Crítica – Mortal Kombat


Review – Mortal Kombat
Eu estava empolgado por essa nova versão de Mortal Kombat nos cinemas. Ainda considero Mortal Kombat: O Filme (1995) uma das melhores adaptações de games para os cinemas, sendo fiel ao espírito dos jogos mesmo sem apresentar a violência extrema deles, um detalhe que só me dei conta quando reparei que a nova versão teria classificação indicativa alta por conta da violência e o filme de 1995 tinha uma classificação etária mais baixa. Mais do que trazer os brutais fatalities, o novo filme parecia entender e respeitar a construção de mitologia e universo que os games faziam em seus últimos exemplares. Tudo dava a entender que poderia ser muito bom, mas ao assistir o filme o único sentimento é o de decepção.

A trama apresenta Cole Young (Lewis Tan), um lutador decadente de MMA. Quando ele é visitado pelo major Jax Briggs (Mehcad Brooks), Cole descobre que a marca de nascença em forma de dragão que ele possui é na verdade uma marca que designa os lutadores escolhidos para defender a Terra em um torneio interdimensional chamado Mortal Kombat. Os adversários vem do lugar conhecido como Extoterra e são liderados pelo feiticeiro Shang Tsung (Chin Han) que estão a uma vitória de conseguirem invadir nosso planeta.