sexta-feira, 29 de julho de 2022

Drops – Nancy Drew e a Escada Secreta

 

Análise Crítica – Nancy Drew e a Escada Secreta

Review – Nancy Drew e a Escada Secreta
Estrelado por Sophia Lillis, Nancy Drew e a Escada Secreta marca mais uma tentativa recente de trazer de volta a jovem detetive juvenil Nancy Drew para os cinemas. Assim como aconteceu com Nancy Drew e o Mistério de Hollywood (2007), no entanto, o resultado morno impediu outras continuações da jovem detetive. Curiosamente a personagem encontrou recentemente sucesso na televisão com a série Nancy Drew que apresenta uma versão um pouco mais velha da personagem e uma abordagem mais sombria.

Nancy (Sophia Lillis) é uma jovem que não se adapta à vida pacata da pequena cidade para a qual se mudou junto com o pai. Com uma mente arguta e um afiado senso de justiça, ela constantemente se mete em problemas conforme tenta ajudar as pessoas da cidade. Uma dessas pessoas é Flora (Linda Lavin) uma idosa que crê que sua casa é assombrada por fantasmas.

É óbvio desde o início que não existem realmente fantasmas. Como o número de possíveis suspeitos é bem reduzido fica muito evidente que todo o mistério passa pela disputa por terras para a construção de uma ferrovia. Com isso o mistério nunca envolve ou intriga como deveria, já que tudo é muito simples e fácil de deduzir. Exceto pelos minutos finais a trama também não consegue imprimir um senso de urgência ou de que há algo sério em jogo durante a investigação de Nancy.

quinta-feira, 28 de julho de 2022

Drops – Contrato Perigoso

 

Análise Crítica – Contrato Perigoso

Review – Contrato Perigoso
Apesar de ser vendido como um thriller de ação, Contrato Perigoso é mais um drama sobre como os EUA tratam seus soldados como mercadoria descartável do que uma produção focada em ação explosiva. Depois de dar baixa no exército o soldado James (Chris Pine) tem dificuldade em arranjar emprego e pagar as contas da família. Um antigo colega de farda, Mike (Ben Foster), consegue para ele um emprego em uma companhia militar privada.

A dupla é mandada para Alemanha, sob pretexto de uma missão secreta para eliminar um virologista que estaria desenvolvendo uma arma biológica mortal. Eles executam a missão, mas são emboscados logo depois e James começa a desconfiar que o patrão, Rusty (Kiefer Sutherland), está tentando apagar os rastros da missão.

Mesmo nas cenas de ação, é uma produção que busca mais o realismo do combate armado, com os personagens buscando cobertura e se movendo de maneira mais lenta e deliberada, do que uma ação explosiva e grandiloquente. São, porém, os momentos de silêncio em que o filme impacta mais. Chris Pine traz no semblante a dor e o cansaço de alguém que acreditou estar cumprindo um importante dever e foi consistentemente abandonado, seja pelas forças armadas, seja pelo setor privado.

quarta-feira, 27 de julho de 2022

Crítica – Não Me Diga Adeus

 

Análise Crítica – Não Me Diga Adeus

Review – Não Me Diga Adeus
De relance Não Me Diga Adeus é um típico road movie sobre pessoas se reconectando ao longo da viagem. Não faz muito mais do que seguir o que já está estabelecido nesse tipo de história, mas conseguiria envolver por conta dos personagens. Digo conseguiria porque algumas decisões perto do final prejudicam bastante o resultado.

Max (John Cho) é um pai solteiro que descobre um tumor no cérebro cuja chance de sobrevivência é muito baixa. Com cerca de um ano de vida e sem ninguém com quem deixar a filha adolescente, Wally (Mia Isaac), ele decide cruzar o país de carro em busca da mãe de Wally que os abandonou anos atrás. Ele também usará essa viagem para se reconectar com a filha, tentando ensinar a ela tudo que crê ser necessário para a vida adulta.

A narrativa explora o tropo comum de personagens com personalidades opostas que tem algo a aprender um com o outro. Max precisa aprender a correr mais riscos e aproveitar mais vida depois de ter sacrificado tanto para criar a filha sozinho. Já Wally vai aprender a ser mais responsável e conhecer um lado do pai que até então lhe era desconhecido.

terça-feira, 26 de julho de 2022

Crítica – Boa Sorte, Leo Grande

 

Análise Crítica – Boa Sorte, Leo Grande

Apesar do título, Boa Sorte, Leo Grande é mais sobre a viúva interpretada por Emma Thompson do que o personagem. Não chega a ser um problema grande, que o torne um produto ruim, mas deixa a impressão de que o personagem não tem todo o seu potencial aproveitado. O que fica é uma exploração cheia de sensibilidade dos tabus sexuais sob os quais boa parte da população vive.

A trama é focada em Nancy (Emma Thompson) uma viúva de 55 anos que resolve contratar um garoto de programa, Leo Grande (Daryl McCormack), para experimentar com a própria sexualidade, já que nunca teve outro parceiro além do finado marido e nunca teve um orgasmo. De início ela se mostra arredia em se entregar completamente, mas ao longo dos encontros com Leo vai se conectando a ele e ambos vão se abrindo para o outro.

Nancy é tão tomada por culpa ou pelo sentimento de que está fazendo algo errado que enche Leo de perguntas sobre seu passado ou suas motivações na esperança de encontrar algo repreensível naquele jovem que está ali para servi-la ou na situação em si. Ela está tão convencida da natureza abjeta de suas ações que busca algo de vulgar, sujo ou imoral nas ações de Leo por ter sido convencida a vida toda de que sexo e prazer eram coisas das quais deveria ter vergonha.

segunda-feira, 25 de julho de 2022

Crítica – Agente Oculto

 

Análise Crítica – Agente Oculto

Review – Agente Oculto
Depois de sua primeira incursão em blockbusters de ação de alto orçamento com Alerta Vermelho (2021), a Netflix volta a esse filão em Agente Oculto e a impressão é de o serviço de streaming não aprendeu nada com os problemas da incursão anterior. É certamente uma produção que investe nas cenas de ação e em seus astros, mas não dá nada para sustentar nosso interesse elementos.

A trama é centrada em Seis (Ryan Gosling) um agente oculto da CIA treinado para missões secretas de assassinato. Quando ele topa com um segredo que pode incriminar um de seus superiores, Carmichael (Regé-Jean Page), ele se torna alvo da própria agência. Em seu encalço está o sádico Lloyd (Chris Evans).

É uma trama bem típica do espião com consciência contra o espião sem escrúpulos e se desenvolve sem nenhuma grande surpresa ou qualquer elemento que tente fazer algo diferente dos lugares comuns. Até mesmo as eventuais reviravoltas e mudanças de lado soam protocolares, acontecendo porque precisam acontecer e não por ser uma decorrência orgânica do desenvolvimento daqueles personagens.

sexta-feira, 22 de julho de 2022

Better Call Saul e as simetrias entre seus personagens

 

Better Call Saul Temporada 6 Episódio 9

Eu prometi a mim mesmo que só escreveria sobre a segunda metade da temporada de Better Call Saul quando acabasse, mas o nono episódio desse sexto ano foi tão bom que não tenho como não falar nada. De certa forma o tema central da série era o mesmo de Breaking Bad: o de como o crime corrompe e destrói mesmo alguém que não era maligno. Walt começa com boas intenções e se dedica tanto ao seu império de metanfetamina que relega a família, o exato motivo para ter feito tudo aquilo, a algo menos importante e põe tudo a perder.

quinta-feira, 21 de julho de 2022

Crítica - Killing Eve: 4ª Temporada

 

Análise Crítica - Killing Eve: 4ª Temporada

Review - Killing Eve: 4ª Temporada
Depois de uma terceira temporada que era um pouco inferior às duas primeiras, mas ainda mantinha o que tornava a série interessante, Killing Eve entrega sua pior temporada neste último ano. Quando eu digo que é ruim, não quero dizer que é ruim se comparado ao alto nível do resto da série, quero dizer que é ruim em termos gerais mesmo, se igualando a desastres como as temporadas finais de Dexter ou Glee como um dos piores finais de série. Aviso que o texto inevitavelmente apresentará SPOILERS da temporada.

Nessa última temporada Eve (Sandra Oh) está obcecada em encontrar e destruir os Doze, uma cabala sombria de operativos que manipulam nas sombras eventos globais. Ao mesmo tempo, Villanelle (Jodie Comer) tenta se tornar uma pessoa melhor, se juntando a uma comunidade religiosa. Konstantin (Kim Bodnia), por sua vez, treina uma nova assassina para substituir Villanelle no trabalho para os Doze em Pam (Anjana Vassan).

quarta-feira, 20 de julho de 2022

Crítica – Medida Provisória

 

Análise Crítica – Medida Provisória

Review – Medida Provisória
É muito significativo dos tempos em que estamos vivendo que o texto da peça Namíbia, Não!, escrita por Aldri Anunciação seja hoje talvez mais atual do que na época em que foi escrito. A peça é adaptada neste Medida Provisória por Lázaro Ramos, em sua estreia como diretor, sendo que Lázaro também atuou na peça de teatro.

A trama se passa em um futuro próximo no qual o governo decide deportar de volta para a África todos os cidadãos afrodescendentes. A medida é tratada como uma espécie de reparação histórica para a diáspora da escravidão, mas na verdade é uma ação higienista que visa se livrar de toda a população negra do Brasil. Em meio a isso, o advogado Antônio (Alfred Enoch) e o primo André (Seu Jorge) se refugiam no apartamento de Antônio já que as autoridades não podem invadir um domicílio sem mandado. Capitu (Taís Araújo), esposa de Antônio, foge do hospital no qual trabalha depois de ser quase capturada e se refugia em um esconderijo com outras pessoas negras que tentam evitar captura.

terça-feira, 19 de julho de 2022

Crítica – Persuasão

 

Análise Crítica – Persuasão

Review – Persuasão
Mais de uma vez eu já falei aqui que não me importo que uma adaptação mude elementos do texto original. Isso faz parte do esforço necessário para transpor um material de uma mídia para outra. Algumas adaptações inclusive conseguem se tornar melhores que o original por conta dessas mudanças como é o caso de The Boys, Tubarão (1975) ou E.T: O Extraterrestre (1982). A questão não é mudar elementos ou seguir à risca a obra, mas se manter fiel ao espírito e as ideias do material fonte. É nesse aspecto que Persuasão, mais nova adaptação do romance homônimo de Jane Austen, falha retumbantemente. É algo tão divorciado de sua fonte, tão incapaz de compreender suas ideias básicas e executá-las com alguma competência que sequer faz sentido querer ser uma adaptação da obra de Austen.

A premissa básica é a mesma do livro. Na Inglaterra do século XIX Anne Elliot (Dakota Johnson) se apaixona por Wentworth (Cosmo Jarvis), mas é persuadida pela mentora e figura materna Lady Russell (Nikki Amuka-Bird) a se afastar dele por ser um homem sem posses ou prospectos. Oito anos depois Anne continua solteira e sua família a vê como um fracasso. O vaidoso pai de Anne, Sir Walter (Richard E. Grant), está atolado em dívidas e família precisa se mudar. Na cidade de Bath, Anne reencontra Wentworth, agora um condecorado oficial da marinha.

segunda-feira, 18 de julho de 2022

Crítica – O Telefone Preto

 

Análise Crítica – O Telefone Preto

Review – O Telefone Preto
Dirigido por Scott Derrickson (responsável pelo primeiro Doutor Estranho) e produzido pela Blumhouse, O Telefone Preto é um competente conto de terror sobre sobrevivência e alcançar o próprio potencial. Em geral não costumo ficar atraído por essas histórias de pessoas em cativeiro, já que costumam ser tramas que se baseiam meramente na espetacularização do sofrimento de seus protagonistas. Aqui, no entanto, o texto consegue usar a situação para dizer algo sobre seus personagens.

Na trama, Finney (Mason Thames) é um garoto tímido, mas inseguro e pouco afeito a conflitos. Ele mora com a irmã mais nova Gwen (Madeleine McGraw) e ambos tem uma relação complicada com o violento pai, Terrence (Jeremy Davies). O fato de Finney sofrer bullying na escola e também ser agredido pelo pai só colabora para que ele seja ainda mais retraído.

O garoto acaba sendo levado por um misterioso sequestrador (Ethan Hawke), que vem abduzindo e matando crianças da cidade. No cativeiro Finney encontra um misterioso telefone preto na parede. O aparelho não funciona, mas Finney começa a receber ligações de outras crianças mortas pelo sequestrador e a partir das informações que obtém começa a tentar encontrar um meio de fugir.