sexta-feira, 28 de abril de 2023

Crítica – Horizon Forbidden West: Burning Shores

 

Análise Crítica – Horizon Forbidden West: Burning Shores

Review – Horizon Forbidden West: Burning Shores
Depois de entregar uma excelente continuação em Horizon: Forbidden West, a Guerrilla Games expande a trama do jogo com a DLC Burning Shores, que serve como uma espécie de epílogo e também como uma ponte para um possível (ou inevitável) terceiro jogo. A expansão, exclusiva para o PS5 apesar do jogo base também estar disponível no PS4, traz consigo boa parte dos méritos do jogo base enquanto adiciona novos elementos.

A trama se passa depois dos eventos da história principal. Depois de derrotar a invasão dos Zeniths, Sylens informa a heroína Aloy que encontrou uma possível fonte de dados que pode ajudar com a ameaça vindoura descoberta no fim do jogo. Os dados estão mais a oeste, onde se localizava a antiga Los Angeles, agora tomada por máquinas e erupções vulcânicas. O local também serve de covil para Londra, o último dos Zeniths que vieram ao nosso planeta. Então a viagem também serve como uma oportunidade para Aloy despachar o que sobrou da ameaça dos Zeniths.

quinta-feira, 27 de abril de 2023

Crítica – A Nova Vida de Toby

 

Análise Crítica – A Nova Vida de Toby

Review – A Nova Vida de Toby
Baseada no livro (que não li) de Taffy Brodesser-Akner a minissérie A Nova Vida de Toby parece ser mais uma dessas tramas sobre crise de meia idade e confrontar os modos como a vida nos leva para direções que não seguem os planos ou o potencial que exibíamos em nossa juventude. Ela é isso, no entanto, se eleva pelo modo como consegue dar atenção e camadas a cada um de seus personagens para ponderar como essas inquietações nos afetam em níveis individuais, mas também em um grau coletivo, impactando as relações que construímos (ou deixamos de construir) com as pessoas ao nosso redor.

A narrativa é centrada em Toby (Jesse Eisenberg) um recém divorciado de mais de 40 anos que tenta reconstruir a vida depois de terminar um longo casamento. Ele tenta focar nos filhos, no trabalho e nas possibilidades de novos encontros afetivos através de aplicativos de relacionamento. Esse novos caminhos trazem consigo desafios, em termos de compartilhar a guarda dos filhos com a ex-esposa, Rachel (Claire Danes), e descobertas, como a facilidade que ele encontra em conseguir encontros em aplicativos. Toby também se reconecta com os amigos de faculdade Libby (Lizzy Caplan) e Seth (Adam Brody), de quem estava distante há anos. Juntos eles passam a ponderar como suas vidas mudaram.

quarta-feira, 26 de abril de 2023

Crítica – O Chamado 4: Samara Ressurge

 

Análise Crítica – O Chamado 4: Samara Ressurge

Review – O Chamado 4: Samara Ressurge
Por mais que a ideia da crítica seja refletir sobre a obra em sua imanência, sobre nossa experiência do momento da apreciação, é impossível separar completamente isso de elementos contextuais à obra. Digo isso porque embora este O Chamado 4: Samara Ressurge seja muito ruim por seus próprios méritos (ou falta deles), ela se torna ainda pior por conta do contexto picareta de seu lançamento.

O título usado no Brasil e na América Latina dá a entender que se trata de uma continuação de O Chamado 3 (2017), versão hollywoodiana da franquia de terror japonesa Ringu. Não é o caso. O que está sendo lançado aqui como O Chamado 4: Samara Ressurge é, na verdade, a produção japonesa Sadako DX, um spin-off da franquia Ringu. Por mais que até as legendas chamem a assombração Sadako de Samara, tentando criar uma conexão com os filmes hollywoodianos, e as personagens até tenham suas semelhanças, elas não são a mesma criatura e tem mitologias bem diferentes. Ou seja, trata-se de uma estratégia apelativa para pegar desavisados e se eu entrasse no cinema pagando ingresso achando que assistiria um novo O Chamado apenas para ver algo sem qualquer relação, eu ficaria muito, muito irritado.

terça-feira, 25 de abril de 2023

Drops – Ghosted: Sem Resposta

 

Análise Crítica – Ghosted: Sem Resposta

Review – Ghosted: Sem Resposta
O gentil e pacato fazendeiro Cole (Chris Evans) conhece a bela Sadie (Ana de Armas) numa feira e ambos imediatamente se conectam. Depois de um dia incrível, Cole entra em contato com ela, mas passa dias sem resposta. Como ele sabe que ela está em Londres, decide viajar para a Inglaterra de modo a surpreender a amada. O que ele não sabia é que Sadie era uma agente da Cia e agora Cole está no meio de uma trama de espionagem internacional.

É basicamente Encontro Explosivo (2010) só que com o gênero dos personagens trocados e com menos intensidade. Não tem nada fundamentalmente errado aqui, mas também não há nada de muito memorável. A ação é correta e executada com competência, embora não tenha nada que chame nossa atenção ou realmente empolgue. A trama é razoavelmente básica e previsível tanto em termos das reviravoltas na trama de espionagem quanto no arco da trama romântica (eles tem personalidades opostas e vão aprender algo um do outro), embora isso incomodaria menos se a ação ou o humor fossem mais marcantes.

segunda-feira, 24 de abril de 2023

Jogamos a demo de Street Fighter 6

 

Preview - Street Fighter 6 demo

O lançamento de Street Fighter V foi conturbado, para dizer o mínimo. Poucos modos, pouca variedade do que fazer dentro do jogo, o game só fazia sentido para a comunidade que se engajava em partidas online. Ocasionalmente o jogo adicionou um modo história e um modo arcade, mas mesmo estes estavam abaixo do que se esperava. Ao longo dos anos, com a adição de outros personagens e mecânicas, o jogo eventualmente soava como um pacote completo, no entanto, é impossível ignorar a má impressão do lançamento problemático.

Street Fighter 6 vem com a promessa de corrigir os erros do antecessor, com mais modos, inclusive um amplo modo de um jogador na forma da campanha intitulada World Tour (uma referência ao melhor modo single-player da franquia, contido na versão de consoles de Street Fighter Alpha 3), um modo arcade com histórias individuais e finais, uma melhoria das funcionalidades online, mecânicas que tornam o game mais acessível a jogadores casuais e novos elementos que tornam o combate mais estratégico, como a barra intitulada Drive Gage. Depois de alguns betas fechados para testar os sistemas online e faltando pouco mais de um mês para o lançamento do jogo, a Capcom liberou uma demo focada na campanha World Tour e depois de passar algumas horas com ela, devo dizer que estou bastante empolgado.


O modo World Tour


No modo World Tour você cria seu próprio lutador para tentar subir no mundo de Street Fighter e com ele explora Metro City (o jogo promete outros locais do mundo também) para mantê-la segura, conhecer outros lutadores e aprender diferentes estilos de luta com os famosos personagens do jogo. As opções de criação de personagem são bem amplas, ao ponto que eu fiquei quase uma hora explorando as possibilidades de criar um lutador. Uma vez definido seu personagem, você começa na história, sendo um novato na empresa de segurança na qual Luke trabalha e sendo treinado por ele. Nos primeiros minutos você é introduzido nas mecânicas básicas do jogo, tanto nas seções de luta, quanto na exploração do mundo aberto.

É visível que essa campanha visa deixar os jogadores mais casuais familiarizados com o funcionamento de jogos de luta, explicando como funcionam diversas ações, como contra ataques, controle de distância, tipos de bloqueio e outros elementos. Ele também introduz um novo esquema de controles também voltado para jogadores casuais que reduz de quatro para seis o número de botões e permite o uso de golpes especiais de maneira mais simples. É uma maneira de permitir que mesmo iniciantes consigam encaixar alguns combos e soltar especiais, mas como os combos são sempre os mesmos, é algo que um jogador experiente conseguiria antecipar e neutralizar, impedindo que o esquema facilitado de controle seja apelão demais, servindo mais como um incentivo para novatos buscarem aprender mais.

Explorando a cidade de Metro City é possível desafiar qualquer cidadão para uma luta (você é literalmente uma pessoa que sai pelas street procurando fights) e cada luta resulta em ganho de experiência e dinheiro. Subir de nível aumenta a barra de vida e dá pontos de habilidade que podem ser usados para melhorar os atributos. O dinheiro pode ser usado para comprar itens e roupas. As roupas não são meramente cosméticas e aumentam os valores de atributos do lutador, como equipamentos em um RPG. Isso incentiva o jogador a sempre buscar novos equipamentos, mas o fato de não ser possível mudar a aparência desses itens (como a maioria dos RPGs e games similares tem feito) isso significa que o jogador terá de escolher entre as peças que ele gosta pelo visual ou as peças que tem melhores atributos.

Outra coisa que me incomodou no modo World Tour foi a performance. Jogando no PS5 no modo de fidelidade gráfica experimentei constantes quedas na taxa de quadros (em muitos momentos parecia os primeiros dias de Pokémon Scarlet/Violet), que prejudicavam bastante a jogabilidade. Mudei para o modo desempenho e a performance foi mais estável, com quedas menos constantes e que nunca iam para menos de 30fps. Considerando que estamos falando de um console da nova geração, é preocupante que o jogo esteja tão mal otimizado, já que mesmo no modo de fidelidade gráfica deveria ao menos se manter na casa dos 30 quadros por segundo sem engasgar.

Na demo só temos acesso a Luke como mestre, mas olhando os menus é possível ver que é possível equipar golpes especiais de diferentes mestres. Assim, por mais que seu estilo de luta geral esteja vinculado a um personagem específico, o jogador não está restrito nesse modo a apenas repetir todos os seus golpes. Isso impede que o seu personagem seja meramente uma skin alternativa dos lutadores existentes (como na campanha de Soul Calibur VI) e consiga ter mais personalidade própria, misturando golpes especiais de diferentes lutadores.


Explorando os Fighting Grounds


Além do World Tour, a demo permite acessar alguns modos dentro da aba Fighting Ground, embora apenas Luke e Ryu estejam acessíveis como lutadores. Lá é possível testar as batalhas no modo versus com suas diferentes regras, os desafios de combo e também tutoriais de personagem que visam ensinar ao jogador como melhor utilizar as ferramentas de cada lutador. Mais uma vez é visível o esforço da Capcom em dar ferramentas que o usuário compreenda melhor cada mecânica e personagem, numa clara tentativa de trazer iniciantes e também aprimorar veteranos.

Joguei algumas partidas no versus para explorar as mecânicas de Drive e elas são bem versáteis, permitindo mais mobilidade, facilitando extensões de combos e também dando opções defensivas como as parrys que ficaram famosas em Street Fighter III. Aqui esses movimentos de aparar golpes são mais fáceis de executar, mas em compensação podem ser contra-atacados se o jogador antecipar demais sua ação, dando algum equilíbrio. As habilidades de Drive, porém, não podem ser usadas sem cautela, já que gastar toda a barra de vez coloca o personagem em um estado de burnout que o torna vulnerável a atordoamentos, adicionando um componente de risco e recompensa que valoriza o uso estratégico dos recursos. São mecânicas que certamente darão a jogadores experientes muitas possibilidades e promovem mais versatilidade do que as V-Skills e V-Triggers de Street Fighter V, que soavam desbalanceadas em muitas temporadas, com alguns personagens tendo habilidades extremamente valiosas e outros com ferramentas menos úteis e muito situacionais.

Em geral fiquei bem empolgado com a variedade e conteúdo que a demo de Street Fighter 6 promete. Ultimamente só os games da Netherrealm Studios (como Mortal Kombat e Injustice) tem apresentado opções variadas de modos para jogadores que buscam outras coisas além do cenário competitivo online e essas opções são importantes para trazer um número maior de jogadores. Desenvolvedoras japonesas tem tentado reproduzir esse modelo, mas não tiveram tanto sucesso assim e muitos games de luta vem com poucos modos, a exemplo de Guilty Gear Strive ou The Kingof Fighters XV, e Street Fighter 6 aparenta ser a primeira vez que uma desenvolvedora não ocidental apresenta um conteúdo tão amplo e com valores de produção da NRS. Assim, a impressão deixada pela demo é que Street Fighter 6 tem potencial para ser o melhor game da franquia em muito tempo.

quinta-feira, 20 de abril de 2023

Crítica – O Mandaloriano: 3ª Temporada

 

Análise Crítica – O Mandaloriano: 3ª Temporada

Review – O Mandaloriano: 3ª Temporada
Depois de duas temporadas intensas, a terceira temporada de O Mandaloriano apresenta uma trama que demora mais para se encontrar e parece vaguear em busca de sentido por boa parte da temporada. A questão aqui nem é a trama ser lenta, mas que boa parte da temporada parece não saber o que quer desses personagens ou mesmo quem é o ponto focal da narrativa.

A trama deste terceiro ano começa mais ou menos no ponto em que encontramos Din Djarin (Pedro Pascal) quando ele apareceu na série The Book of Boba Fett. Ele conseguiu uma nova nave e se reuniu com Grogu e agora tenta montar uma expedição para Mandalore para se banhar nas águas sagradas de seu subterrâneo como forma de penitência por ter removido o capacete. Para conseguir tal feito, o mercenário acaba recorrendo à relutante ajuda de Bo-Katan (Katee Sackhoff).

De início a impressão é que a jornada penitente de Din será a trama principal da temporada, mas isso logo é resolvido nos primeiros episódios ao invés de ser alongado por todos os oito episódios. O problema é que uma vez que Din e Bo-Katan retornam ao enclave mandaloriano, a trama não parece saber para onde ir. Nas duas temporadas anteriores havia um claro senso de urgência, de uma crise que precisava ser resolvida e dava uma sensação real de perigo desde o primeiro episódio de cada temporada. Aqui, mesmo em nas tramas isoladas de cada episódio, os eventos carecem de urgência.

quarta-feira, 19 de abril de 2023

Crítica – Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan

 

Análise Crítica – Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan

Review – Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan
Considerando que Hollywood não tem feito nada que preste com antigos heróis de capa, preferindo entregar produções que tentam transformar essas aventuras em blockbusters explosivos ou filmes de super-heróis como os péssimos Os Três Mosqueteiros (2011) ou Robin Hood: A Origem (2018), fico feliz que os franceses tenham pego a obra de Alexandre Dumas para tentar fazer algo mais fiel neste Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan.

Funcionando como a primeira parte da história (o texto integral de Dumas é bem longo) a trama se passa no século XVII e segue o jovem D’Artagnan (François Civil) que chega a Paris esperando se tornar um mosqueteiro, a tropa de elite do rei. Lá ele conhece os três mosqueteiros Athos (Vincent Cassell), Porthos (Pio Marmai) e Aramis (Romain Duris), entrando acidentalmente em uma conspiração arquitetada pelo Cardeal Richelieu (Eric Ruf) e a misteriosa Milady (Eva Green) para iniciar uma guerra entre a França e a Inglaterra.

terça-feira, 18 de abril de 2023

Crítica – Treta

 

Análise Crítica – Treta

Review – Treta
Há um ditado que diz “a grandeza tem pequenos começos”. Isso é dito muitas vezes para falar sobre como pessoas que realizam grandes feitos tem origens humildes, mas poderíamos aplicar isso também a tragédias ou rivalidades. Como nos mostrou o recente Os Banshees de Inisherin, um grande ódio pode nascer de algo pequeno. A minissérie Treta dialoga com essa ideia mostrando como uma discussão de trânsito banal pode escalonar para um conflito que destrói a vida de duas pessoas.

A trama é focada em Danny (Steve Yeun), um empreiteiro que tenta fazer seu negócio decolar, e Amy (Ali Wong), uma empresária bem sucedida que está às portas de fechar um negócio milionário. Um dia Amy dá uma fechada em Danny no estacionamento de uma loja e Danny a persegue pelo trânsito depois que Amy mostra o dedo do meio para ele. Danny perde o carro de Amy de vista mais decora a placa e resolve ir atrás dela em sua casa. A partir daí a rivalidade dos dois só aumenta, bem como os problemas pessoais de cada um.

segunda-feira, 17 de abril de 2023

Crítica – Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes

 

Análise Crítica – Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes

Review Crítica – Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes
Considerando que as tentativas anteriores de Hollywood em levar as telonas o universo de Dungeons & Dragons rendeu péssimos filmes, inicialmente não tinha nenhuma vontade de conferir este Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes. As coisas começaram a mudar quando saíram os primeiros trailers, que davam a impressão de uma aventura divertida e também o fato de que estava sendo dirigido pela mesma dupla do super engraçado e pouco visto A Noite do Jogo (2018).

A trama é centrada no bardo Edgin (Chris Pine), outrora um espião hoje ele vive ao lado da bárbara Holga (Michelle Rodriguez) como criminosos. Depois de um tempo preso, Edgin descobre que o antigo aliado, Forge (Hugh Grant), se tornou o governante de Nevenunca e guardião da filha do bardo, mentindo para ela sobre os motivos para o qual o pai fora preso. Agora Edgin vai reunir um grupo de aliados para assaltar os cofres de Forge, provar a verdade para a filha e recuperar um artefato que lhe permitirá ressuscitar a esposa morta.

Da mesma forma que acontece na série A Lenda de Vox Machina, o filme capta muito bem a atmosfera caótica de uma mesa de RPG, no qual os personagens nem sempre se comportam como se espera, as coisas dão errado e é preciso improvisar com o que se tem para tentar sobreviver. Isso é evidente na cena em que o paladino Xenk (Regé Jean-Page, de Bridgerton) tenta explicar o complexo funcionamento de uma armadilha apenas para o feiticeiro Simon (Justice Smith) acioná-la por acidente, obrigando o grupo a pensar em alternativas para superar o obstáculo.

Outro acerto são as interações entre os personagens, que de fato soam como um grupo de pessoas que não necessariamente gosta um do outro, mas é obrigado a conviver por conta de um objetivo em comum, precisando aprender a ajudar um ao outro e trocando farpas e provocações no processo. O elenco tem uma química divertida entre si e faz todas as piadas soarem naturais diante daquelas situações, algo que pessoas naquela situação poderiam dizer e não apenas um chiste inane para dar a impressão de que algo está acontecendo em cena. Aqui é tudo consistente com as personalidades que a trama estabelece para os heróis e ao fim vemos um crescimento genuíno neles e nas interações.

Chris Pine é perfeito como o tipo de herói blasé e cafajeste que Hollywood tenta há anos forçar Chris Pratt a fazer, mas Pine já provou ser bem mais eficiente desde suas performances como Kirk no reboot de Star Trek. O jeito largado de Edgin rende interações divertidas com o sisudo e galante paladino vivido por Regé Jean-Page (outra escalação precisa de elenco), sendo uma pena que Page acabe aparecendo tão pouco. Justice Smith e Sophia Lillis tem bons momentos como Simon e a druida Doric, mas o foco acaba sendo a amizade entre Edgin e a bárbara Holga, interpretada por Michelle Rodriguez com uma personalidade abrasiva, mas repleta de calor humano.

Hugh Grant rouba todas as cenas em que aparece como o cínico lorde Forge, sendo uma pena que ele seja abandonado no clímax por uma necromante clichê interpretada por Daisy Head. Tudo bem que a atriz é eficiente em criar uma aura de ameaça ao redor da bruxa Sofina, mas ela é o tipo de vilã que já vimos a rodo em tramas de fantasia e o texto não faz nada para lhe dar qualquer nuance. Na verdade, toda a narrativa é a típica caça para achar e/ou destruir itens mágicos que a fantasia nos entrega há séculos, sem muito o que sair desse molde.

O que faz o material ser envolvente é o já citado carisma do elenco e também o modo criativo como as cenas de ação exploram as habilidades dos heróis, vilões e monstros que encontramos ao longo da jornada, sejam as formas animais de Doric, a varinha de portais de Simon ou as ilusões de uma pantera deslocadora. Tudo é conduzido de modo a manter um frescor aos embates e perseguições, mantendo nosso interesse tanto pela inventividade visual quanto por nossa conexão com os personagens.

Assim, mesmo que apresente uma trama típica de fantasia, Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes capta bem a diversão caótica de uma sessão de RPG de mesa, conquistando pelo seu despretensioso senso de aventura, o carisma de seus personagens e a inventividade de algumas cenas de ação.

 

Nota: 7/10


Trailer

sexta-feira, 14 de abril de 2023

Rapsódias Revisitadas – O Grande Lebowski

 

Crítica – O Grande Lebowski

Review – O Grande Lebowski
Você já imaginou como seria se personagens como Philip Marlowe e Sam Spade fossem hippies maconheiros ao invés de detetives argutos? De certa forma O Grande Lebowski, dirigido pelos irmãos Coen, é uma resposta para essa pergunta, colocando um sujeito relaxado e sempre sob efeito de narcóticos em uma trama criminal rocambolesca típica de film noir, misturando suspense e comédia. Lançado em 1998, o filme originalmente teve uma recepção morna da crítica, mas eventualmente ascendeu ao status de cult graças aos personagens excêntricos, em especial o protagonista interpretado Jeff Bridges.

A trama é centrada na figura de Jeff “O Cara” Lebowski (Jeff Bridges), um hippie desempregado que passa seu tempo fumando maconha e jogando boliche. Um dia criminosos invadem o apartamento dele, lhe dão uma surra e urinam em seu tapete enquanto cobram uma dívida até descobrirem que pegaram o Jeff Lebowski errado. O Cara então descobre que a pessoa que os bandidos estavam atrás era um milionário e decide cobrar dele pelo tapete que foi estragado, já que o item “dava coesão a sua sala”. O contato do Cara com “o grande Lebowski” dá início a uma complicada trama de chantagem e sequestro que mais soa como uma bad trip do Dude.