quarta-feira, 31 de maio de 2023

Lixo Extraordinário – Super Mario Bros (1993)

 

Crítica – Super Mario Bros

Resenha Crítica – Super Mario Bros
A Nintendo conseguiu fazer uma boa adaptação de seus games com a animação Super Mario Bros: O Filme, mas essa não foi a primeira tentativa de levar as aventuras do encanador bigodudo para as telonas. A honra pertence a Super Mario Bros, lançado em 1993 e que ao invés de animação era feito com atores. O resultado foi tão atroz que a Nintendo levou décadas sem querer levar suas propriedades ao cinema até que a recente animação finalmente quebrou a resistência da empresa e fez um grande sucesso.

O filme teve uma produção conturbada, sendo dirigido por um casal (Annabel Jenkel e Rocky Morton) em seu primeiro longa-metragem e que não tinham muita noção do material ou controle da situação. O fracasso retumbante do filme, por sinal, fez que os dois não voltassem a dirigir outro filme em Hollywood. Ao longo dos anos os atores Bob Hoskins e John Leguizamo falaram inúmeras vezes da relação ruim que tinham com os diretores e que para suportar o péssimo ambiente de trabalho bebiam bastante e estavam constantemente bêbados no set. Isso inclusive levou Hoskins a se machucar durante a gravação de uma das cenas de ação.

segunda-feira, 29 de maio de 2023

Drops – Kill Boksoon

Análise Crítica – Kill Boksoon

 

Review – Kill Boksoon
Começando com uma intensa cena de ação em seus primeiros minutos, a impressão que a produção coreana Kill Boksoon dá a seus espectadores é de assistiremos uma trama focada na pancadaria entre os membros de seu universo de assassinos. O produto final, porém, tenta equilibrar a ação, os dramas pessoais de sua protagonista e construir seu universo de organizações criminosas, mas nem tudo se sai bem.

Na trama, Gil Bok-soon (Jeon Do-Yeon) é uma renomada assassina do submundo criminoso da Coreia do Sul. Em sua vida privada ela é mãe solo de uma adolescente e luta para conseguir equilibrar sua profissão com a maternidade. É uma ideia divertida, de se concentrar nas ações mundanas dessa assassina extraordinária, observando ela como mais uma mulher tentando manejar carreira e filhos. O filme é mais sobre a relação dela com a filha do que sobre ação explosiva.

sexta-feira, 26 de maio de 2023

Crítica – Império da Luz

 

Análise Crítica – Império da Luz

Review – Império da Luz
Dirigido por Sam Mendes, Império da Luz tenta falar sobre solidão, nostalgia e o poder do cinema, mas nem sempre consegue costurar todas as suas ideias em um conjunto coeso. O cenário na Inglaterra da década de 80 parece evocar experiências pessoais do diretor, embora não seja um filme calcado na relação dele próprio com o cinema como aconteceu em produções como Belfast (2021) ou Os Fabelmans (2022).

A narrativa se passa em uma pequena cidade litorânea da Inglaterra. Hilary (Olivia Colman) é uma mulher solitária de meia idade que parece ter perdido o ânimo, fazendo tudo mecanicamente, inclusive sexo com o dono (Colin Firth) do cinema no qual trabalha, muito por causa da pesada medicação que ela toma depois de um período internada por problemas mentais. As coisas mudam quando ela tem que treinar o novo funcionário, Stephen (Micheal Ward), um jovem negro cheio de energia. Aos poucos eles se aproximam e aprendem mais sobre o outro.

Olivia Colman é ótima em nos fazer perceber as várias camadas e variações bruscas de humor de Hilary. Com um olhar que evoca fragilidade e solidão, mas também uma quantidade enorme de frustração por uma que ela vem deixando passar diante dela embora ainda guarde uma fração de esperança de encontrar felicidade. Sentimos a dor que ela carrega, inclusive por afastar as pessoas ao seu redor com seu jeito abrasivo, e o desejo de transformar a vida. Colman nos faz embarcar na jornada de Hilary mesmo quando o roteiro não desenvolve bem seus caminhos.

quinta-feira, 25 de maio de 2023

Crítica – Campeões

 

Análise Crítica – Campeões

Review – Campeões
Responsáveis por várias comédias nos anos 90 e início dos anos 2000, os irmãos Farrely vem se dedicando a empreitadas solo na direção. Enquanto Peter conduziu produções problemáticas como Green Book (2018) e Operação Cerveja (2022), Bobby Farrely dirigiu Campeões, remake da produção espanhola Campeones (2018). Trata-se de uma história bem típica de esporte e superação, mas que envolve pelo carisma e afeto de seus personagens.

Na trama Marcus (Woody Harrelson) é um irascível técnico de basquete cujo descontrole impediu o progresso da carreira. Depois de ser preso por dirigir embriagado e colidir com uma viatura de polícia, Marcus é condenado a prestar serviço comunitário treinando um time local de atletas paraolímpicos. Logicamente o jeito esquentado de Marcus entra em atrito com as personalidades dos jogadores com Síndrome de Down, mas aos poucos ele vai entendendo como se relacionar com eles, inclusive com a ajuda da irmã de um dos jogadores, Alex (Kaitlin Olson, a Dee de It’s Always Sunny in Philadelphia).

quarta-feira, 24 de maio de 2023

Drops – Super Mario Bros: O Filme

 

Análise Crítica – Super Mario Bros: O Filme

Review Crítica – Super Mario Bros: O Filme
Depois de uma malfadada tentativa de levar os games do Mario Bros aos cinemas na década de 90 em um live action estrelado por Bob Hoskins e John Leguizamo, a Nintendo faz uma segunda tentativa de levar esse universo aos cinemas em forma de animação. O cenário é logicamente diferente, afinal agora as adaptações de games vem se provado bem sucedidas tanto no cinema e na televisão, vide os sucessos comerciais dos filmes do Sonic ou de séries como Cyberpunk: Mercenários, Castlevania ou Cuphead.

A trama é tão simples quanto nos games, Mario é um encanador do Brooklyn que cai por acidente em outro universo, o Reino dos Cogumelos. Lá ele se alia à princesa Peach para derrotar Bowser e resgatar Luigi, que foi capturado pelo vilão. O estúdio Illumination, responsável por Meu Malvado Favorito, conduz todo o filme com seu estilo de trama ágil, com muita coisa acontecendo, piadas sucessivas, mas superficial no modo como trata seus personagens.

terça-feira, 23 de maio de 2023

Drops – A Mãe

 

Análise Crítica – A Mãe

Review – A Mãe
É curioso que Niki Caro, responsável por filmes mais contemplativos como A Encantadora de Baleias (2002) ou Terra Fria (2005) tenha optado por fazer um filme de ação como esse A Mãe para a Netflix. Tudo bem que ele insere reflexões sobre o feminino e outros temas que lhe são caros, mas o texto não parece casar com as sensibilidades da diretora.

Na trama Lopez é uma agente que se envolve na busca por criminosos perigosos. Quando uma missão dá errado e um deles escapa deixando a agente com uma perfuração na barriga, ameaçando a sua gravidez, os superiores da protagonista acreditam que o melhor que ela pode fazer para deixar a filha segura é colocá-la para adoção. Doze anos depois os criminosos reaparecem em busca de vingança e sequestram a garota Zoe (Lucy Paez). Agora cabe à mãe resgatar a filha e acabar com a ameaça de uma vez por todas.

segunda-feira, 22 de maio de 2023

Crítica – Homens Brancos Não Sabem Enterrar

 

Análise Crítica – Homens Brancos Não Sabem Enterrar

Review – Homens Brancos Não Sabem Enterrar
Lançado em 1992, Homens Brancos Não Sabem Enterrar era uma comédia ágil e divertida que funcionava principalmente por conta da química entre Woody Harrelson e Wesley Snipes. Já a atual versão de Homens Brancos Não Sabem Enterrar, lançada direto em streaming, carece do charme e da comicidade do original, além de tentativas de atualizar debates raciais que não levam a lugar algum.

A trama é bem similar ao original. Dois jogadores de basquete amador, Kamal (Sinqua Walls) e Jeremy (Jack Harlow), acostumados a usar o próprio talento para ganhar dinheiro em partidas de rua, se juntam para competirem em um torneio amador cujo prêmio é uma bolada em dinheiro. Eles, no entanto, precisam superar suas diferenças, além das frustrações pessoais em nunca terem conseguido se tornar profissionais.

sexta-feira, 19 de maio de 2023

Crítica – Creed 3

 

Análise Crítica – Creed 3

Review – Creed 3
Eu queria ter gostado mais de Creed 3, mas é tão parecido com Rocky 3 (1982) que fica a impressão de que esses filmes já não tem mais para onde ir a não ser repetir as fórmulas dos anteriores. Assim como Rocky 3 o protagonista enfrenta um vilão bruto e afeito a ofensas públicas, ele perde uma figura muito próxima de si (Mickey em Rocky 3 e a mãe de Adonis aqui), um antigo rival ajuda o protagonista a treinar (sem cena homoerótica na praia dessa vez) e várias outras semelhanças. É tudo tão parecido e maniqueísta que a trama se torna completamente previsível.

Tudo bem que Damian (Jonathan Majors) é menos unidimensional que o vilão vivido por Mr.T em Rocky 3. Aqui Damian tem uma motivação compreensível para agir da maneira que age, sentindo que tem algo a provar para o mundo, recuperar o tempo que perdeu na prisão e um sentimento de abandono em relação a Adonis (Michael B. Jordan) que se tornou um odioso rancor. Apesar de compreendermos isso, Damian é claramente o vilão da história e esse maniqueísmo fica registrado na luta final entre os dois com Adonis de calção e luvas brancas enquanto Damian está todo de preto, uma versão do boxe para o clichê clássico do “chapéu branco” e “chapéu preto” do faroeste.

quinta-feira, 18 de maio de 2023

Crítica – Air: A História Por Trás do Logo

 

Análise Crítica – Air: A História Por Trás do Logo

Review – Air: A História Por Trás do Logo


Hollywood sempre fez filmes com histórias de sucesso e empreendedorismo. Produções que reafirmavam a ideia de meritocracia estadunidense de se você trabalhasse duro, você alcançaria a prosperidade financeira. É curioso, portanto, como de uns tempos para cá a indústria tem feito filmes não sobre pessoas, mas sobre produtos. No início do ano tivemos Tetris e agora este Air: A História Por Trás do Logo. Talvez a indústria tenha percebido o desencanto das pessoas com o estado atual do capitalismo, como muito não acreditam (inclusive por sentirem cotidianamente) que seus esforços profissionais não estão sendo devidamente compensados.

Talvez essas histórias sobre produtos, longe dos mitos de meritocracia seja uma maneira de voltar a encantar o espectador com as maravilhas do capitalismo sem tocar em pontos que o público possa não ter adesão. Isso somado ao fator nostalgia, de um apelo ao passado e tempos em que éramos mais novos e menos cínicos em relação ao mundo, visto que produções como Tetris ou Air se passam nas décadas de oitenta.

quarta-feira, 17 de maio de 2023

Succession e a democracia no contexto do capitalismo


Em seu antepenúltimo episódio intitulado America Decides, a série Succession carrega sua ironia desde o título. O episódio acompanha em tempo real os bastidores da cobertura da eleição presidencial pela ATN, emissora fictícia que pertence aos protagonistas (lembrando que Logan Roy foi inspirado no magnata Rupert Murdoch, dono da emissora conservadora Fox News). Tom (Matthew McFayden) tenta manter tudo sob controle, mas as coisas desmoronam quando um incêndio atinge um centro de contagem de votos em um estado chave. Logo Kendall (Jeremy Strong), Shiv (Sarah Snook) e Roman (Kieran Culkin) invadem a redação para saber como Tom irá guiar o enquadramento midiático da notícia.