Em meio a um cenário com tantas
produções que tem desnecessariamente inchado suas durações cada vez mais, é bom
ver que Hollywood ainda sabe fazer boas comédias de noventa minutos que vão
direto ao ponto e entregam uma diversão despretensiosa sem se arrastar mais do
que necessário. Loucas em Apuros entrega
exatamente isso. Não é um filme que vai reinventar a roda, mas é divertido o
bastante para manter nosso interesse.
A trama é centrada em duas
amigas, Audrey (Ashley Park) e Lolo (Sherry Cola). Amigas desde criança, elas
se mantem próximas apesar de terem seguido caminhos diferentes. Audrey é uma
advogada que está sempre trabalhando e está em vias de virar sócia na empresa
em que trabalha. Lolo ainda tenta fazer sua carreira de artista plástica
decolar e se escora no sucesso de Audrey para se manter. Quando Audrey é
incumbida de fechar um negócio na China, Lolo vai junto na viagem acompanhada
da prima, Olho de Peixe Morto (Sabrina Wu), para tentar ajudar Audrey a
encontrar a mãe biológica dela. O trio ainda é acompanhado por Kat (Stephanie
Hsu, de Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo),
colega de faculdade de Audrey que está na China trabalhando como atriz.
Logicamente os planos do quarteto dão errado e elas se envolvem em muitas
confusões.
Situado em um universo que mescla
fantasia e tecnologia, a animação Nimona
trata de preocupações bastante contemporâneas sem abrir mão do lúdico e do
senso de encantamento, se apoiando principalmente na relação de seus dois
personagens principais. Em um mundo futurista no qual cavaleiros protegem o
reino de monstros, Ballister é o primeiro plebeu a ser considerado como
cavaleiro, a divisão de elite do reino. Na sua cerimônia de nomeação sua espada
inesperadamente dispara um raio na rainha e ele é acusado de assassinato. Sem
saber o que aconteceu Ballister foge para a floresta além das muralhas do reino
e lá conhece a garota Nimona, que se dispõe a ajudá-lo a provar a que é
inocente.
Visualmente a produção se destaca
pelo modo como mistura uma estética medieval com um visual futurista, criando
um universo em que cavaleiros de armadura pilotam motos voadoras e castelos
futuristas coexistem com arranha-céus e letreiros luminosos na paisagem urbana.
Não lembro de nenhuma produção recente que usou uma ambientação assim e isso
ajuda a dar personalidade ao universo que a trama tenta criar.
Não sou lá muito fã do arco da Invasão Secreta nos quadrinhos embora
ela tenha servido para repensar muitos personagens do universo Marvel na época
e trouxe momentos impactantes sobre quais heróis eram skrulls disfarçados.
Sabia que a minissérie Invasão Secreta
provavelmente não teria o mesmo escopo amplo da saga dos quadrinhos, mas ao
menos esperava que trouxesse repercussões que nos fizessem repensar certos
eventos do universo Marvel. Isso, porém, não aconteceu e o resultado é a mais
decepcionante série da Marvel produzida pelo Disney+. Aviso que o texto tem
SPOILERS da série.
Na trama, depois de anos no
espaço tentando encontrar um novo lar para os skrulls, Nick Fury (Samuel L.
Jackson) retorna à Terra para lidar com a ameaça de Gravik (Kingsley Ben-Adir),
um líder skrull que se cansou da política de “boa vizinhança” de Talos (Ben
Mendelsohn) e decidiu iniciar um movimento para tomar o planeta para sua raça.
Gravik infiltrou skrulls nas principais estruturas de poder do planeta e visa
iniciar um conflito entre várias nações. Sem ter em quem confiar, Fury conta
apenas com Talos para tentar deter Gravik.
Considerando a quantidade de
bombas que Gerard Butler vem estrelando nos últimos anos, é compreensível que
eu não estivesse lá muito empolgado para este Alerta Máximo. Confesso, no entanto, que é um thriller eficiente ainda que não tenha muita novidade.
A narrativa acompanha o piloto
Brodie Torrance (Gerard Butler), que está guiando um avião comercial pelo sul
da Ásia. Quando a aeronave é atingida por um raio e danificada, o piloto não
tem escolha senão fazer um pouso forçado em uma pequena ilha próxima. O
problema é que a ilha é controlada por criminosos filipinos e agora ele precisa
dar um jeito de manter todos seguros enquanto o resgate chega. Brodie encontra
ajuda em Gaspare (Mike Colter, o Luke Cage da Marvel), um prisioneiro que
estava sendo transportado no voo e que tem experiência de soldado. Mesmo sem
saber se Gaspare é confiável, Brodie não tem escolha senão confiar nele.
Dirigido por Laura McGann, o
documentário De Tirar o Fôlego me
lembrou produções de Werner Herzog nas quais ele reflete sobre a relação entre
o ser humano e a beleza implacável da natureza que pode arruinar aqueles que
tentam dominá-la (como em O Homem Urso).
A produção de McGann não chega no mesmo nível das contemplações existenciais de
Herzog, mas é hábil em tentar transmitir a dimensão sensorial das experiências
extremas que retrata.
A produção apresenta o cotidiano
das competições de mergulho em apneia, ou seja, o mergulho em profundidade sem
uso de equipamento para respirar. A trama foca especificamente nas trajetórias
de Stephen Keenan e Alessia Zecchini. Keenan era um mergulhador competitivo que
resolveu se tornar um mergulhador socorrista depois de um acidente durante uma
competição. Alessia é uma mergulhadora que desde adolescente se mostrou um
prodígio no esporte, sempre buscando ser a melhor. Ao se conhecerem, Keenan e
Alessia desenvolveram uma relação pessoal e profissional em cima do amor de
ambos pelo mergulho, mas a profissão não é livre de perigos e levar o corpo ao
limite cobra seu preço.
Estrelado por Jena Malone, O Covento prometia ser uma mistura de thriller e terror sobrenatural, mas o
resultado final acaba não aproveitando nenhuma das abordagens. A trama é
centrada em Grace (Jena Malone), uma médica que recebe a notícia de que o
irmão, Michael (Steffan Cennydd), que vivia como padre em uma remota abadia na
Escócia, teria matado um colega de batina e cometido suicídio. Grace viaja ao
local e ao examinar o corpo do irmão começa a desconfiar da versão oficial dos
fatos.
Daí é evidente que ela vai
esbarrar em uma grande conspiração do clero local e ações conectadas ao
sobrenatural. O problema é que apesar de todas as ideias a respeito de como a
clausura da religião produz um fanatismo tão virulento que torna difícil
distinguir deus e diabo, o texto nunca vai além do que já foi dito antes sobre
esse tema, então a exploração dessas questões soa superficial e em nada
diferente de outros produtos que já vimos antes.
O filme solo do Bumblebee (2018) mostrou que a franquia
Transformers poderia ficar melhor sem a direção epilética e narrativa inchada
dos filmes conduzidos por Michael Bay. Este Transformers:
O Despertar das Feras segue a cronologia iniciada em Bumblebee, tentando fornecer um novo começo para a trupe de Optimus
Prime depois do pavoroso Transformers: O Último Cavaleiro(2017).
A trama se passa na década de
noventa sendo protagonizada por Noah Diaz (Anthony Ramos), um ex-soldado em
busca de emprego para ajudar o irmão caçula doente e cujas despesas médicas a
mãe não tem como pagar. Noah aceita roubar carros para fazer um dinheiro extra
e é aí que ele acidentalmente conhece o transformer Mirage (Pete Davidson), sendo
jogado no meio da busca dos Autobots liderados por Optimus Prime (Peter Cullen)
pela chave Transwarp, um meio deles retornarem ao planeta Cybertron. O problema
é que a chave também é procurada pelos Terrorcons liderados por Scourge (Peter
Dinklage), que a desejam para entregá-la ao temível Unicron.
O filme se beneficia de uma
duração mais enxuta, que evita que a trama simples se alongue mais do que
necessário e também de um número reduzido de personagens humanos, focando
apenas em Noah e Elena (Dominique Fishback) evitando o excesso de núcleos de
personagem que atrapalhava tanto os filmes dirigidos por Bay. Sim, Noah é um
personagem relativamente básico cujo arco é previsível, mas Anthony Ramos ao
menos traz a ele algum carisma e evita que ele descambe para uma caricatura
irritante e sem graça como outros protagonistas da franquia.
A maior novidade do filme seria a
presença dos Maximals, facção de transformers que usam formas animais ao invés
de veículos. Esperava que não cometessem o mesmo erro de Transformers: Era da Extinção (2014) quando relegaram os Dinobots a
figurantes de luxo, no entanto, o mesmo problema acontece com os Maximals aqui.
Eles tem um pouco mais tempo de tela que os Dinobots, é verdade, porém a
presença deles acaba sendo de pouca consequência para o esquema geral da trama,
já que os principais desdobramentos da narrativa seriam os mesmos sem a
presença deles. A narrativa inclusive é bem vaga em estabelecer o lugar dos
Maximals na mitologia desse universo, com uma fala vaga da Airrazor (Michelle
Yeoh) dizendo que eles são o passado e o futuro do Autobots, algo que
provavelmente só quem assistiu Beast Wars
(como eu) vai entender.
A ação se beneficia por não ter
mais a câmera chacoalhante e montagem epilética dos filmes de Michael Bay.
Momentos como a batalha final contam com planos mais longos em que a câmera
passeia pela arena de combate em que os diferentes personagens lutam e
constroem um senso de coesão a todo o embate. A ação também usa de modo
criativo as habilidades dos personagens, como as ilusões de Mirage ou a
mobilidade de Arcee, embora mesmo durante as batalhas os Maximals acabem
aparecendo pouco. O fato do clímax ser uma batalha contra um exército genérico
enquanto um raio é disparado nos céus faz o filme parecer um blockbuster de dez anos atrás quando
raios para o céu estavam em tudo quanto é filme de grande orçamento.
Transformers: O Despertar das Feras não chega a ser tão bacana
quanto Bumblebee e não aproveita bem
os novos personagens que introduz, mas tem boas cenas de ação e um protagonista
suficientemente carismático para funcionar como uma diversão despretensiosa.
É curioso que Oppenheimer, novo filme do diretor
Christopher Nolan, tenha recebido tanto estardalhaço por estrear na mesma
semana que Barbie por conta aparente
oposição entre os dois filmes. Afinal, um era sobre uma boneca num mundo cor de
rosa e outro era sobre o sujeito responsável pela bomba atômica. Na real, os
dois filmes tem mais similaridade do que parece, já que ambos analisam o complicado
e contraditório legado de duas figuras que estão no imaginário popular há mais
de meio século.
A trama segue a trajetória do
físico J. Robert Oppenheimer (Cillian Murphy), de sua juventude estudando na
Europa, passando por sua participação no Projeto Manhattan que construiu a
bomba atômica e os anos posteriores quando o governo dos EUA atacou sua
reputação por ele se opor à proliferação de armas nucleares.
O filme se estrutura em torno de
personagens depondo em dois processos. Um para cassar a liberação de segurança
de Oppenheimer, como parte do projeto de prejudicar sua reputação, e outra das
audiências no Senado para a confirmação de Lewis Strauss (Robert Downey Jr.)
como ministro, no qual ele é perguntado de sua relação com Oppenheimer. É um
arranjo que lembra A Rede Social (2010),
com o protagonista depondo em diferentes processos, indo e voltando no tempo,
enquanto narra a história.
Confesso que a ideia de um filme
da Barbie não me era lá muito atrativa, mas depois dos primeiros trailers da
produção dirigida por Greta Gerwig confesso que fiquei rendido pela maluquice
que eles traziam. Tendo visto o produto final, posso dizer que é ainda mais
excêntrico do que imaginava, trazendo um olhar simultaneamente irônico e
inspirador para a boneca da Mattel.
A trama é centrada em Barbie
(Margot Robbie), que vive uma vida perfeita na Barbielândia com outras Barbies
e Kens. Um dia Barbie começa a questionar sua própria existência e sua vida
colorida passa a perder a graça. Consultando a Barbie Esquisita (Kate
McKinnon), a protagonista que isso acontece por causa da conexão emocional
entre Barbie e a garota que está brincando com ela, sendo necessário que Barbie
vá ao mundo real ajudar a garota. Na empreitada, a boneca é acompanhada por Ken
(Ryan Gosling), que se surpreende ao descobrir que ao contrário da
Barbielândia, o mundo real é controlado por homens.
Lançado em 2018 Bird Box era um terror pós apocalíptico
típico que se sustentava pela performance de Sandra Bullock e alguns momentos
de tensão. Agora a Netflix tenta expandir o universo desse filme com Bird Box: Barcelona e o resultado é bem
fraquinho.
A trama é protagonizada por Sebastian
(Mario Casas) que vaga por uma Barcelona vazia com a filha tentando sobreviver.
As criaturas continuam vagando por espaços abertos, sendo obrigatório cobrir os
olhos ao sair na rua. No entanto, proteger a visão não é mais o suficiente, já
que os seres podem se fazer ouvir pelas pessoas e emulam as vozes de entes
queridos deles. Sebastian chegou a sobreviver um encontro com esses seres, mas
agora parece estar sob a influência deles.