Primeiro longa metragem da
diretora Jade Halley Bartlett, A Garota
de Miller investiga o limite que separa desejo e desespero. A narrativa
tenta dar conta das complexidades disso, mas fica na superfície de suas várias
ideias apesar do esforço de seu elenco. A trama é centrada na estudante Cairo
Sweet (Jenna Ortega), uma garota precoce e com talento para ser escritora que
anseia por uma conexão real, mas não encontra ninguém que considere estar a sua
altura na pequena cidade em que mora. As coisas mudam quando conhece o
professor Jonathan Miller (Martin Freeman), um escritor frustrado que se
resignou a ser professor de colegial.
Ter alguém que a compreende
desperta o interesse de Cairo, do mesmo modo que Miller se atrai pela
possibilidade de ser o mentor de alguém com talento real para ter sucesso no
universo literário. São personagens movidos por suas carências. Cairo é uma
garota rica cujos pais ausentes tentam compensar a distância afetiva (e física)
dando tudo que ela quer, criando alguém que deseja ser próxima de alguém ao
mesmo tempo em que não é alguém acostumada a ouvir um não. Jonathan é um
escritor medíocre que nunca conseguiu o sucesso que almejava e sente que o
mundo foi injusto consigo. Ele também ressente o sucesso da esposa, Beatrice (Dagmara
Dominczyk de Succession), que o faz sentir diminuído e emasculado, enquanto que Beatrice parece
ressentir a mediocridade do marido, constantemente soltando farpas
passivo-agressivas lembrando-o de sua inferioridade.